quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB) é Contra o Impeachment de Dilma Rousseff

Ao discursar na abertura do II Congresso Estadual Ordinário da União Geral dos Trabalhadores no Estado de Goiás (UGT), ocorrida na manhã desta quarta-feira (25) no auditório do Castro’s Hotel, em Goiânia, o governador Marconi Perillo voltou a manifestar-se preocupado com a crise econômica brasileira, agravada por sérios problemas nas áreas política e ética. A econômica já desnuda um quadro de forte recessão que atinge em cheio os meios produtivos, gerando desemprego e desaceleração da produção. A política está personificada pelos embates entre o Congresso Nacional e o Governo Federal. E a ética mancha a imagem do País por conta dos escândalos envolvendo agentes públicos e órgãos governamentais.
Embora seja este o quadro que vislumbra na atualidade, o governador se diz contrário a medidas extremas contra o Governo Federal. Em bom português Marconi disse claramente ser contra o impedimento da presidente Dilma Rousseff como medida de força para recompor a moralidade na administração pública, a volta do crescimento econômico e o apaziguamento das relações entre o governo e os meios políticos.
“Eu não defendo essa tese do impeachment, do golpe. O meu partido perdeu a eleição. O PT ganhou e cabe a ele ter a competência de costurar uma boa gestão administrativa e política e dar uma resposta a esses problemas todos que estamos enfrentando. Eu, como governador, não torço para o quanto pior, melhor. Eu trabalho para que o Brasil tenha estabilidade, porque a instabilidade federal resulta na instabilidade dos estados e dos municípios”, reafirmou.
Reforçando sua preocupação com a recessão econômica, Marconi lembrou que o Estado já convive com quatro meses de redução de receitas, o que tem agravado a situação das finanças públicas. “O problema não é somente nosso, é brasileiro”, disse ao recordar artigo publicado na edição desta quarta-feira no jornal Valor Econômico informando que mesmo o Estado de São Paulo, que sempre teve uma poupança forte, já vem enfrentando crise, o mesmo que ocorre no Rio de Janeiro, onde o novo secretário da Fazenda do atual governo pediu demissão após um mês no cargo diante do agravamento da crise decorrente de um corte orçamentário de R$ 8 bilhões.
O governador fez ver ainda aos presentes que, depois de muitos anos, muitos estados convivem com o fantasma da falta de recursos até mesmo para saldar os encargos de suas folhas salariais. “Muitos já sinalizaram que vão atrasar o pagamento dos funcionários por absoluta falta de recursos”, anunciou ao denunciar que o Governo Federal não tem realizado o repasse de recursos que são de direito dos estados, citando como exemplo o ressarcimento da isenção fiscal das exportações por conta da Lei Kandir. “Esses recursos são repassados sempre ao final de dezembro. Até agora nenhum estado recebeu e o Governo Federal apenas informa que não tem prazo para o repasse”, observou.
Ele disse ainda que as transferências voluntárias do Governo Federal sofreram uma queda muito grande, agravando a crise nos estados e municípios. “Amanhã – denunciou – as Prefeituras de Goiás vão fechar as portas porque não estão conseguindo cumprir as suas mínimas obrigações.”
Dirigindo-se ao presidente nacional da UGT, Ricardo Patah, o governador reafirmou sua convicção de que o País vive uma hoje uma crise sem precedentes, mas voltou a dizer que teve atuação proativa para impedir que os reflexos penalizassem ainda mais o Estado. Recordou ter promovido um corte superior a R$ 2 bilhões no orçamento deste ano, enxugado o quadro de servidores comissionados à metade, feito a mais profunda reforma administrativa entre todos os Estados e determinado diminuição da máquina pública com economia em todos os gastos de manutenção.
O presidente da UGT – GO, Manoel Bonfim, elogiou o governador Marconi Perillo “pela sensibilidade e coragem política de ter abraçado a causa pela anistia dos ex-servidores da Caixego”. Pediu que o governo do Estado mantenha-se empenhado na busca de uma solução favorável aos trabalhadores do Entorno do DF que utilizam o transporte público. “O problema envolve três esferas de governo, federal, estadual e distrital. Todavia – e isso é preocupante – o desgaste maior pelos problemas do transporte público do Entorno fica para o Governo de Goiás”.
Em seu discurso, o governador recordou que pelo menos 13% dos trabalhadores que têm seus empregos em Brasília, moram em cidades de Goiás, na região do Entorno. Estes, de acordo com estudos realizados pelos governos de Goiás e do Distrito Federal, gastam pelo menos quatro horas do dia para irem e voltarem do trabalho.
Marconi disse ainda que desde seu primeiro mandato como governador tem lutado para resolver o problema da falta de qualidade no transporte público do Entorno do DF. “Felizmente temos hoje em Brasília um governador que tem se mostrado muito sensibilizado com essa questão. Eu já me encontrei com o governador Rodrigo Rollemberg pelo menos cinco vezes, estivemos na ANTT e no Ministério dos Transportes atrás de uma solução rápida e definitiva para o problema”, disse.
Ele deixou claro que a responsabilidade pela gestão do transporte público da região do Entorno é exclusivamente do Governo Federal, através da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT – que tem a competência para regular o transporte interestadual. “O que nós estamos pedindo é que este assunto seja compartilhado conosco, que o governo de Brasília possa desdobrar para o Entorno as políticas que estão dando certo na capital federal”, anunciou para acrescentar que o desejo do governo de Goiás é que haja extensão do BRT que liga o Plano Piloto a Santa Maria até a cidade de Luziânia, no Entorno Sul.
Ricardo Patah reconheceu a deferência do governador com as atividades da UGT, no momento com foco direcionado ao estabelecimento do piso regional para os trabalhadores. “Esse piso regional tem importância emblemática e é fundamental para tornar a distribuição de renda mais justa. Não existe maior indicador de distribuição de renda do que o piso do salário mínimo, as convenções coletivas e agora o piso regional”, analisou.
O governador Marconi Perillo reafirmou sua disposição e determinação para que o piso regional seja criado em Goiás. Disse que o assunto já está em discussão pelos secretários Vilmar Rocha e Thiago Peixoto e garantiu: “Nós vamos implantar o piso regional. Não o anunciamos antes porque era ano eleitoral. Nossa disposição, porém, é poder anunciar o piso antes do dia 1º de maio. Tomara que consigamos”, salientou.

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