O delegado Deusny Aparecido, que coordenou a força-tarefa da Polícia Civil na investigação da série de mortes de mulheres em Goiânia, informou que as provas coletadas revelam que o vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, de 26 anos, é o serial killer que agia na capital. Ele é apontado pela polícia como autor confesso de 39 homicídios. Os detalhes da investigação foram divulgados nesta quinta-feira (16) em uma entrevista coletiva.
"Já sabíamos que ele era o alvo, já tínhamos as provas. Então, foi apenas ouvi-lo. E quando ouvimos, fizemos a oitiva dele, e ele não teve nem como negar", afirmou Deusny. Para a polícia, o vigilante admitiu ser responsável por 15 das 16 mortes cometidas por motociclistas investigadas há dois meses pela força-tarefa da corporação.
Na entrevista desta quinta-feira, a corporação alegou que não há dúvidas de que Tiago é o autor dos crimes e apresentou objetos como roupas, armas, capacete e a motocicleta que, segundo os policiais, foram usados nos homicídios. O material foi apreendido na casa do suspeito. Uma técnica em balística também afirmou que exames comprovaram que os disparos que mataram seis mulheres saíram do revólver calibre 38 encontrado com Tiago.
Prisão
Deusny Aparecido afirma que, para chegar à identificação do homem, foram ouvidas 200 pessoas, além de analisadas 576 placas de veículos suspeitos, 50 mil fotografias de infrações de trânsito e mais de 300 horas de câmeras de segurança passaram por processos de melhoramento de imagens. Além das filmagens das mortes de mulheres, o homem foi gravado quando cometia roubos a estabelecimentos comerciais, como agências lotéricas e padarias.
De acordo com o delegado, antes de ser capturado, a polícia não tinha o nome do suspeito, mas já sabia de todas as suas características físicas. Assim, na sexta-feira (10), foi emitido um mandado de prisão temporária para um “homem branco, com idade aproximada de 25 anos, aproximadamente 1,87 metro de altura, complição física atlética, sem barba ou bigode, com pelos no peito, rosto afilado, cabelos pretos, curtos e lisos e sobrancelhas grossas, que normalmente se veste bem”. O mandado também descreve que o suspeito usava capacete e motocicleta de cor preta com placa adulterada.
“Então, soltamos, em caráter estratégico, todas as nossas equipes, que se postaram em locais que chamamos de ponto base em toda Goiânia para tentar localizar esse elemento, porque nós não tínhamos o local, nem o nome dele. Uma das equipes, após uma grande reunião nossa, nos ligou avisando que na sua vigilância se deparou com esse elemento e estava com o alvo na mão”, relata Deusny.
O vigilante foi preso na Avenida Castelo Branco, na terça-feira (14). Em seguida, ele foi encaminhado à Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH), onde prestou depoimento e, de acordo com o delegado, confessou os crimes. No dia seguinte, Tiago foi transferido para uma cela na Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc) onde deve permanecer até que o inquérito seja concluído.
Na manhã desta quinta-feira (16), ele tentou se matar na cela. O advogado do suspeito confirmou ao G1 que ele cortou os pulsos com o vidro da lâmpada. Ele foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e passa bem.
Investigação
Apesar de no início das investigações ter afirmado ter convicção de não se tratar de um único autor das mortes de mulheres, a Polícia Civil disse agora que há cerca de um mês já tinha elementos suficientes que apontavam o vigilante como o assassino nos crimes investigados pela força-tarefa.
Dentre as provas reunidas, estão imagens de câmeras de segurança que, segundo a polícia, mostram que o homem tentava despistar a polícia usando uma capa vermelha sobre o tanque da moto de cor preta.
Outras provas apresentadas pelos policiais são roupas apreendidas na casa do suspeito que coincidem com as filmagens de câmeras de segurança, além de objetos como uma faca e um martelo usados para cometer os homicídios.
Vítimas
Bárbara, Wanessa, Juliana, Janaina, Taynara e Isadora estão entre as jovens mortas (Foto: Arquivo Pessoal) |
Também nesta quinta-feira, a Polícia Técnico-Científica afirmou que os resultados de exames de balística da arma apreendida com Thiago coincidiram com os disparos efetuados em seis homicídios de mulheres na capital. De acordo com a técnica em balística Tatiane Pires Batista, houve compatibilidade nos casos de Ana Lídia de Souza e Isadora Aparecida Cândida dos Reis, ambas de 15 anos, Juliana Neubia 22, Rosirene Gualberto, 29, Taynara Rodriguez da Cruz, 13, e Thamara da Conceição Silva, 17.
Dentre os crimes confessados pelo vigilante, 14 eram investigados pela força-tarefa. Dois dos crimes investigados pela equipe não foram assumidos pelo homem: a morte de Danielly Garmus da Silva, 23 anos, e a tentativa de homicídio de Daiane Ferreira de Morais, 18.
Entretanto, ele confessou outras duas mortes de mulheres que eram apurados de forma independente e, após a confissão, a polícia os incluiu na força-tarefa. São eles os homicídios de Arlete dos Anjos Carvalho, 16, e de outra mulher identificada apenas como Edimila, mas que a polícia não detalhou o caso.
Outros oito homicídios confessados são de homens moradores de rua. Quinze mortes assumidas pelo homem ainda estão sendo apuradas pela polícia, que não especificou o sexo e outras informações das vítimas. Os crimes foram cometidos a partir de 2012.
Segundo Deusny, durante o depoimento, o homem lembrou com detalhes de todos os crimes. Ele citou, por ordem cronológica, os assassinatos, mas não lembra o nome de todas as vítimas.
Mortes de mulheres
O primeiro crime da série de assassinatos contra mulheres em Goiânia ocorreu em 18 de janeiro deste ano, quando Bárbara Luiza Ribeiro Costa, de 14 anos, foi executada por um motociclista no Setor Lorena Park. A morte mais recente foi a de Ana Lídia Gomes, baleada em um ponto de ônibus no Setor Conjunto Morada Nova, no dia 2 de agosto. Um motociclista passou pelo local e disparou contra a garota, que não resistiu aos ferimentos.
Entre as outras mortes investigadas pela força-tarefa estão a da dona de casa Lílian Sissi Mesquita e Silva, de 28 anos, em 3 de fevereiro, e a de Janaína Nicácio de Souza, de 25 anos, morta no dia 8 de maio. Todas as vítimas de série de assassinatos eram jovens, mas não tinham perfil parecido.
De acordo com a polícia, dentre os demais crimes cometidos pelo homem, estão mortes de moradores de rua e homossexuais. Os outros homicídios de mulheres não assumidos pelo homem, segundo a Polícia Civil, continuarão sendo investigados.
No ano passado, o Ministério Público Estadual ofereceu denúncia contra o vigilante por furtar uma placa de uma motocicleta no estacionamento de um supermercado de Goiânia. Imagens de câmeras de segurança mostram ele cometendo o crime.
Também no ano passado, ele foi preso em flagrante em uma motocicleta com placa roubada, mas foi solto. O caso foi registrado no 5º Distrito Policial.
Segundo a Polícia Civil, o jovem foi identificado em imagens registradas por câmeras de segurança no último domingo (12), próximo à lanchonete em que uma mulher foi agredida por um motociclista. O caso foi incluído na força-tarefa.
Segundo testemunhas, o motociclista de capacete vermelho atirou na jovem, mas a arma falhou. Então, ele deu um chute na boca dela
G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário