terça-feira, 3 de setembro de 2013

Franz Beckenbauer "Só Alemanha e Espanha podem tirar o título do Brasil"

Franz Beckenbauer é um dos ex-jogadores de futebol mais conceituados do planeta. Atualmente com 67 anos, o Kaiser alcançou os maiores triunfos na Copa do Mundo da FIFA. O seu primeiro título mundial aconteceu em 1974, quando ele era o capitão da seleção alemã. Passados 16 anos, voltou a vencer o Mundial, dessa vez como técnico da Alemanha na Itália 1990.
Em 2006, o ex-líbero também fez um bom trabalho como presidente do Comitê Organizador da Copa do Mundo da FIFA disputada no seu país.
Durante a disputa do Torneio Sepp Blatter em Ulrichen, na Suíça, o FIFA.com realizou uma entrevista exclusiva com Beckenbauer, que falou sobre a sua maior conquista como técnico, sobre a Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 e sobre os seus favoritos para o próximo Mundial.
FIFA.com: Em 1990 você venceu a Copa do Mundo da FIFA como técnico da Alemanha. Quais são as suas lembranças daquele Mundial?
Franz Beckenbauer
A Copa do Mundo é, obviamente, o que permanece mais vívido na nossa memória. Na Itália 1990, em um país fantástico com uma grande paixão pelo futebol, conseguimos nos sagrar campeões mundiais. Por sorte, a Argentina derrotou os anfitriões nas semifinais, senão certamente teria sido mais difícil conquistar o título jogando contra os donos da casa na decisão. Acabou sendo mais fácil para nós derrotar a Argentina. Foi uma experiência inesquecível.
No ano que vem, o Mundial será realizado no Brasil. Quais são as suas expectativas para a Copa do Mundo da FIFA 2014?
O Brasil, assim como a Itália, é um país apaixonado por futebol. Espero que seja possível sentir isso durante a Copa do Mundo.
A seleção brasileira mostrou toda a sua qualidade na Copa das Confederações da FIFA e ganhou o título sem grande dificuldade. O que você espera do país anfitrião na próxima Copa do Mundo da FIFA?
Se pensarmos nas estatísticas, o campeão da Copa das Confederações nunca venceu a Copa do Mundo no ano seguinte. Pensando dessa forma, a situação não é nada boa para o Brasil (risos). Mas a Copa do Mundo será justamente em solo brasileiro. O país já mostrou do que é capaz na Copa das Confederações e acredito que também tem chances no Mundial. Com a vantagem de jogar em casa, os brasileiros são os principais favoritos.
Na sua opinião, quais são as chances da seleção alemã do técnico Joachim Löw?
Desde que o Löw assumiu o cargo de técnico da Alemanha em 2006, ele deu continuidade ao que o Klinsmann e ele, então como coordenador técnico, haviam iniciado antes. Ele seguiu o mesmo caminho consistente e isso levou ao sucesso, graças também a muitos novos talentos. Ainda há alguns jogadores do elenco da Copa do Mundo de 2006, e os outros são atletas jovens e com muito potencial, que foram revelados nas escolinhas de futebol. Essas escolinhas são uma fonte de recursos não apenas para os clubes, mas também para a seleção. Neles foi desenvolvido um novo estilo de jogo, que é jovem e cheio de energia. E o Löw também deu a sua contribuição para isso. Se há uma seleção que pode derrotar o Brasil, acredito que é a Alemanha.
Devido aos muitos talentos existentes, poderíamos dizer que a situação está mais fácil para Löw do que esteve para você em 1990?
Quando há tantos recursos disponíveis, como é o caso do Löw atualmente, o trabalho fica mais fácil, isso é óbvio. Ele também tem a sorte de que atualmente temos dois clubes fantásticos. Vimos isso na última temporada, quando Bayern de Munique e Borussia Dortmund fizeram a final da UEFA Champions League. Esses dois clubes, em princípio, serão a base da seleção. Claro que temos outros jogadores, como Özil ou Khedira, mas a base consistirá de jogadores de Bayern e Borussia. Isso é sempre uma vantagem. Tínhamos algo parecido em 1974, quando havia seis jogadores do Bayern e três do Borussia Mönchengladbach no elenco que venceu a Copa do Mundo, e em 1972 também existia algo similar na Eurocopa.
No entanto, também há muitas pessoas que fazem ressalvas devido à grande rivalidade entre Bayern e Borussia. Isso poderia prejudicar a seleção alemã?
Enfrentei a mesma situação como jogador. Claro que existia uma rivalidade com jogadores como Berti Vogts, Günter Netzer, Hacki Wimmer ou Jupp Heynckes, do Borussia Mönchengladbach. Obviamente lutávamos dentro de campo, mas quando nos reuníamos na seleção tentávamos trabalhar como um grupo. E hoje em dia não é diferente.
Na sua visão, quais são as chances das outras seleções da América do Sul, já que elas estarão jogando no seu próprio continente?
É claro que os sul-americanos estarão quase jogando em casa. A Copa do Mundo não acontecerá apenas no Brasil, mas também na América do Sul, e por isso as seleções do continente estarão muito motivadas. Mas na minha opinião atualmente não há nenhuma outra equipe de lá que possa lutar pelo título. A Argentina está jogando como sempre e é dependente do Messi. As outras não conheço bem. Já na Europa, além daAlemanha, eu mencionaria a Espanha. Os espanhóis com certeza vão jogar de modo diferente do que fizeram na Copa das Confederações, porque estavam jogando depois de uma longa temporada e estavam cansados. Sem preparação não dá para jogar. Todos vimos como os jogadores estavam esgotados. No ano que vem a situação será diferente na Copa do Mundo. Alemanha e Espanha são as únicas que podem tirar o título do Brasil.
Na semana passada, Franck Ribéry foi eleito o melhor jogador da Europa. Na sua opinião, ele é o melhor jogador do planeta atualmente?
Franck Ribéry foi o jogador mais bem-sucedido dos três indicados. Ele está entre os melhores e neste ano foi mesmo o melhor. Sem ele, o Bayern não teria conquistado a tríplice coroa, talvez um ou dois títulos, mas não os três. O Ribéry contribuiu muito para isso.
Como presidente honorário do Bayern de Munique, você acredita que, após a conquista da tríplice coroa na última temporada, seja possível repetir a façanha no próximo ano?
Se as outras equipes deixarem, vamos conseguir sim, mas acredito que elas não vão deixar. O Borussia Dortmund se fortaleceu muito e com certeza não vai permitir que o Bayern abra uma vantagem tão grande novamente. O Borussia vai tentar ganhar o título. O clube é forte o suficiente para isso. Mas tudo dependerá do Bayern. Ainda vai levar algumas semanas ou até meses até que Pep Guardiola fique satisfeito porque a equipe ainda não internalizou o estilo de jogo objetivo que o treinador quer. Mas isso é completamente normal. É necessário tempo. De qualquer forma, tenho grandes expectativas para essa temporada e acredito que tudo vai terminar tão bem quanto no ano passado. O título da Bundesliga deverá ser novamente disputado por Bayern e Borussia.

FIFA.COM

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