terça-feira, 3 de agosto de 2010

Problemas dentro e fora de campo prejudicam clubes no Brasileiro.

Numa década em que o futebol goiano viu o Goiás chegar à Libertadores da América e o Atlético se reerguer - em cinco anos, saiu do completo esquecimento na 2ª Divisão do Goiano para a Série A do Brasileirão, sonho realizado no ano passado -, encarar os dois clubes na zona de rebaixamento da Série A do Brasileiro é um soco no estômago para qualquer torcedor. Já o Vila Nova, que quase chegou à elite em 2006 e 2008, também corre o risco de cair para a Série C pela segunda vez em quatro anos - foi rebaixado em 2007. A equipe colorada já figurou na lanterna da Série B em sete rodadas.
Nos três casos, os problemas ocorrem dentro e fora de campo. Pouca receita, dificuldades na hora de contratar, troca constante de treinadores - os três clubes tiveram pelo menos três treinadores nesta temporada -, e até crise de relacionamento entre técnico e elenco são exemplos do que vivem os clubes goianos na temporada 2010.Ainda assim, os clubes conseguem boas atuações nas partidas das duas séries do Brasileiro. Mas não conseguem vencer.
No aspecto administrativo, o único que ainda nada em águas tranquilas é o Atlético. O Goiás vive crise política, com o isolamento do presidente Syd de Oliveira Reis no comando do clube. O Vila Nova amarga a falta de planejamento de seus dirigentes, que batem cabeça para comandar um clube com pouco poderio financeiro. Nas reportagens das páginas 18 e 19, o POPULAR traz detalhes sobre a crise do futebol goiano e propostas de solução, que passam, necessariamente, por boas contratações.
Syd diz que não se sente sozinho e confirma Júnior
Depois de um primeiro semestre de eliminações dentro de campo, troca de treinadores e debandada de aliados da administração atual, o Goiás dá sequência à má fase no início do segundo semestre de 2010. Às vésperas da estreia na Copa Sul-Americana - recebe o Grêmio, quinta-feira -, o alviverde, com 12 pontos, enfrenta queda de dez posições na tabela do Campeonato Brasileiro nos últimos cinco jogos (de 7º para 10º). Na zona de rebaixamento, o clube também tem problemas fora de campo: encara julgamento na Justiça desportiva e necessita de contratações.
O presidente Syd de Oliveira Reis confirmou ontem a contratação do lateral-esquerdo Júnior, veterano de 37 anos, tricampeão brasileiro com o São Paulo (2006, 2007 e 2008) e campeão da Libertadores e do Mundial (2005) com o tricolor. "O Pedrão também tem condições de estrear e o Felipe deve voltar. Nosso ataque está bom", disse o presidente sobre os dois atacantes - Felipe volta de contusão e Pedrão será regularizado.
O último capítulo da crise esmeraldina foi o afastamento, ontem, do goleiro Rodrigo Calaça dos trabalhos com o elenco até sábado - ele volta na segunda-feira (dia 9). A atitude foi tomada por conta de declarações polêmicas que o jogador teria feito, questionando a liberdade de dar entrevistas e orientações de Leão.
O departamento de futebol publicou uma nota no site oficial do clube em que diz que o atleta foi suspenso "por ter dado declarações inverídicas a um site não oficial de notícias do time esmeraldino". As declarações foram publicadas pelo site www.esmeraldino.com. Calaça não conversou com Leão sobre o afastamento.
Syd de Oliveira Reis concorda com a decisão. "Essa medida é apenas para manter a ordem interna do Goiás. Não existe lei do silêncio. Os jogadores não podem é comentar determinados fatos internos e prejudicar a hierarquia. Tinha de haver uma forma de mostrar que ele (Calaça) não pode ter esse comportamento", afirmou.
Sobre o momento político, Syd de Oliveira Reis afirma que "existem em todas as agremiações opiniões e propostas diferentes". O presidente do alviverde perdeu aliados ao longo de sua gestão, alguns dirigentes se afastaram (veja quadro) e, agora, ele se apoia na relação com Gilberto Sebba, administrador do clube, e João Gualberto, assessor de Syd e ex-presidente.
Syd de Oliveira Reis afirma que não se sente sozinho no comando do clube e diz ter uma diretoria completa e atuante. O cargo de diretor de futebol é o único vazio - neste ano, Marcos Figueiredo e Sebastião Macalé já passaram pelo posto -, mas o dirigente confia no trabalho do gerente do departamento, Beto Souza. "Em termos de futebol, o time tem jogado bem. Nos últimos dois jogos, não foi bem. Mas temos bom elenco e podemos sair dessa situação."
Esmeraldinos encaram hoje sessão no STJD
Já suspensos preventivamente, o técnico Emerson Leão e os jogadores Rafael Moura e Romerito serão julgados hoje, no Rio, pelo envolvimento em confusão no dia 21, no Estádio Barradão, após o empate por 2 a 2 com o Vitória - houve briga generalizada entre membros da delegação e a imprensa local.
No Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Leão responderá por atos previstos em seis artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). O mais grave é o de agressão, do artigo 254-A, que prevê suspensão de 4 a 12 partidas. O treinador responde ainda por invasão, constrangimento, incitação à violência,
participação em rixa e conduta antidesportiva.
Rafael Moura foi denunciado com base em cinco artigos - ele é flagrado, por imagens, desferindo um soco em um repórter - e Romerito, em três. Os três irão ao Rio participar da sessão. Segundo a assessoria de imprensa do Goiás, eles foram orientados pelo advogado Carlos Portinho a não dar entrevistas ontem.
Júnior
Segundo o presidente Syd de Oliveira Reis, o lateral-esquerdo Júnior será apresentado hoje ou amanhã. O dirigente comemora o fato de o jogador poder atuar como ala e como meia pela esquerda, posições carentes no alviverde. Júnior não atua há dois meses. No dia 3 de junho, o jogador fez seu último jogo pelo Atlético (MG), contra o Grêmio - entrou no segundo tempo e completou seis partidas pelo clube, que é o limite para ele atuar por outra agremiação na Série A.

Depois disso, Júnior ficou no banco uma vez e não foi relacionado nas cinco rodadas seguintes. O jogador ainda tem contrato com o Galo até 21 de dezembro deste ano - chegou ao clube mineiro no início de 2009 e renovou no final da temporada por mais um ano. Segundo Syd de Oliveira Reis, ele rescindirá com o Atlético (MG).
Foi divulgado no Boletim Informativo Diário (BID) de ontem a rescisão do atacante Pedrão com o Al Shabab, dos Emirados Árabes. O jogador deve ficar totalmente regularizado para a estreia do Goiás na Sul-Americana, quinta-feira, contra o Grêmio, às 19h30, no Estádio Serra Dourada. Os ingressos para a partida serão os mesmos adotados no Brasileirão - 20 reais (arquibancada) e 40 reais (cadeira).(PP)
Novo técnico, vitórias e gols: a solução no Atlético
Sérgio Lessa
Com apenas 8 pontos em 36 disputados no Brasileirão, o sonho de voltar à Série A, realizado em 2009, vem se tornando um pesadelo no Atlético. Para tentar sair da lanterna da competição, e se manter na elite do futebol nacional em 2011, o rubronegro não fica parado: contratou cerca de 20 jogadores neste ano e vai para o seu quarto treinador.
Mas, até agora, os resultados não são sombra dos conquistados pelo time que, no primeiro semestre, foi campeão goiano e 4º colocado na Copa do Brasil, além de ter chegado a ter o segundo ataque mais positivo do Brasil, atrás apenas do Santos.
O técnico René Simões foi apresentado ontem, mas a diretoria atleticana espera uma resposta positiva do elenco. "Todos sabemos que a situação do Atlético na tabela não é fácil. Tivemos de fazer um esforço extra para trazer o René e voltarmos ao nível do Geninho (o único que pediu demissão entre os três primeiros treinadores neste ano). Mas não existe técnico milagreiro. A equipe tem de se acertar dentro de campo", ressalta o presidente do clube, Valdivino de Oliveira. "O alento é ver que o time vem jogando bem, tem qualidade, precisa colocar a bola para dentro. Se não estivesse sequer criando, então seria desesperador."
Segundo o dirigente, o rubronegro está equilibrado financeiramente, mas não poderá fazer extravagâncias. O contrato com o banco BMG, que venceu em junho, foi prorrogado até dezembro. Para Valdivino, a cota dos direitos de transmissão foi negociada dentro de uma margem esperada pelo clube (não revelou valores). Ele ressaltou que haverá um aumento neste segundo semestre. "Projetamos um orçamento de R$ 15 milhões a R$ 16 milhões para este ano. É o que arrecadaremos e o que gastaremos. Fecharemos o ano no 0 a 0", explica.
O diretor de futebol, Adson Batista, faz coro com Valdivino e acredita que a má fase atleticana é um desenrolar da colocação incômoda em que a equipe está desde o início da competição, quando dividia a fase decisiva da Copa do Brasil com os sete primeiros jogos na Série A, logo após decidir o título estadual. "O Atlético é um time ofensivo, que vem fazendo muitos gols nos últimos anos, mesmo sofrendo gols. O fato de não estar marcando como antes também influencia nesta fase", pondera Adson, que vê no equilíbrio tático e emocional a solução para o Dragão.
"O pagamento está em dia, o clube dá toda a tranquilidade fora de campo para os jogadores.
Espero que o grupo assimile a filosofia do René (Simões) e vença os próximos jogos. Vencendo, todos os problemas serão superados", completa.
Louco Simões chega ao Dragão
O Atlético apresentou ontem seu novo técnico, René Simões, de 57 anos, dos quais 31 anos dedicados ao futebol. Após já ter visitado 82 países e treinado mais de 20 equipes pelo mundo, Simões tem a missão de manter o Dragão na Série A. Ele já foi chamado de louco quando aceitou o desafio de levar a inexpressiva Jamaica à Copa de 1998,a seleção brasileira feminina à conquista da vaga à final olímpica em Atenas/2004 e tirar o Fluminense do rebaixamento a dez rodadas do fim do Brasileirão de 2008.
Simões cumpriu todos os desafios, mas ainda é questionado. "Teve gente da minha família me chamando de louco, quando eu aceitei vir para cá (Atlético). Me perguntaram por que pegar um time que está na última colocação. Gosto de desafios. Acho que o time tem uma estrutura, uma mentalidade que quer crescer no cenário brasileiro. Acho isso gratificante", afirmou o técnico, que após uma longa reunião com os jogadores, foi a campo e comandou um treinamento até o anoitecer.
O técnico avaliou o desempenho dos jogadores em um treino recreativo. Ele utilizará a semana sem jogo para preparar a equipe para o confronto contra o Ceará, domingo, às 16 horas, em Fortaleza. "Vencendo o Ceará, dá ânimo para pegar o Botafogo em casa. Se vencermos os dois jogos, vamos embalar", estima Simões, que, além dos auxiliares-técnicos que trouxe (Alfredo Monteiro e Francisco Santos), manteve Reinaldo Gueldini e terá um preparador físico a ser definido pelo clube.

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