sexta-feira, 23 de julho de 2010

Esmeraldinos devem ser denunciados hoje no STJD.

Após a briga generalizada entre jogadores e comissão técnica do Goiás e repórteres de Salvador, o que se seguiu ao empate por 2 a 2 entre o alviverde e o Vitória, pela 10ª rodada do Brasileirão, no Estádio Barradão, quarta-feira, os esmeraldinos não responderão somente na Justiça comum pelo episódio - foram denunciados por lesão corporal leve pelo repórter Roque Santos, da Rádio Metrópole, de Salvador. Pode sair hoje ainda denúncia da procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) contra os envolvidos.
Ontem, o procurador-geral do STJD, Paulo Marcos Schmitt, pediu as imagens do episódio, mas preferiu analisá-las antes de explicar como a denúncia pode ser feita. "Vamos ver a conduta de cada jogador e também do técnico. A princípio, o clube não será penalizado, pois não é um caso de conflito. Vamos analisar, mas trata-se de um caso de agressão ou de conduta antidesportiva", afirmou Schmitt ao site Justiça Desportiva. O árbitro Péricles Bassols relatou o episódio em súmula.
O mais provável é que o técnico Emerson Leão e o atacante Rafael Moura sejam denunciados com base no artigo 258 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que prevê punição para quem "assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva". A pena é de uma a seis partidas ou suspensão por prazo de 15 a 180 dias.
Segundo o ex-presidente do Tribunal de Justiça Desportiva de Goiás (TJD-GO) e juiz eleitoral Alexandre Magno, é difícil que a pena máxima seja aplicada num posterior julgamento. Para ele, o que seria razoável é a suspensão por um ou dois jogos. Além disso, o Goiás poderia ser multado - o valor máximo previsto no CBJD é de R$ 10 mil -, mas Schmitt afirmou que isso não deve ocorrer.
De acordo com Magno, a denúncia por agressão - que é mais pesada e prevê pena de 4 a 12 partidas, de acordo com o artigo 254-A do CBJD - só ocorre quando envolve arbitragem, comissão técnica e jogadores. Mas a Schmitt chega a dizer que pode ser o caso.
Os outros jogadores que responderão na Justiça comum são o meia Romerito e o zagueiro Marcão. Na maior parte das imagens, Romerito aparece tentando conter Leão. Outros membros da comissão técnica que aparecem nas imagens são os preparadores físicos Fernando Leão e Rodrigo Chaves, além do preparador de goleiro Aílton Serafim.
Defesa
O presidente do Goiás, Syd de Oliveira Reis, reiterou em entrevista à reportagem do POPULAR
o conteúdo da nota divulgada pelo clube ontem, perto das 16 horas. O dirigente lamenta o fato e diz que os esmeraldinos revidaram agressões, o que não é justificável. "É uma reação humana normal de quem foi agredido. O que a gente vê é que a nossa equipe está realmente unida. Os atletas foram em defesa do técnico", afirmou.

Sobre a atitude de Leão, Syd de Oliveira Reis disse que não conversou com o treinador e que não há necessidade de fazê-lo. E defendeu o treinador: "Ele estava ainda agitado numa partida que teve grave erro de arbitragem, que não marcou falta em Marcão no lance que originou o gol de empate. Ele não faria nada se não tivesse sido provocado e agredido." O presidente esmeraldino disse não temer punição na Justiça desportiva.
Syd de Oliveira Reis explicou ainda que Romerito se envolveu numa questão de desacato à autoridade. "Um policial colocou o cachorro para cima dele. O Romerito realmente xingou, mas o cachorro. E ele (o policial) interpretou que foi a ele."
O presidente do Goiás diz não acreditar que a imagem do clube seja arranhada. "Vai preservar a imagem de time ordeiro. O episódio está muito distante do futebol. Não foi um caso de repercussão nacional como aquele de Curitiba", afirmou, referindo-se ao quebra-quebra no Couto Pereira, após o rebaixamento do Coritiba para a Série B, no ano passado.
O superintendente do Goiás, Marcelo Segurado,disse que o episódio não pode encobrir erros como os de arbitragem e o fato de haver grande número de pessoas no gramado.
Delegação desembarca em silêncio
Em silêncio e sem ter contato com imprensa e torcida. Foi assim que a delegação do Goiás chegou ontem a Goiânia, por volta de 10h40, no aeroporto Santa Genoveva, após a confusão em Salvador. Ainda na pista, após desembarcarem, os esmeraldinos entraram no ônibus do clube. O letreiro na frente do veículo exibia a frase "paz no futebol".
No aeroporto, 14 torcedores esperavam a delegação. Todos queriam apoiar o time e o técnico Leão. "Tem de ver o que provocou isso (o revide). A imprensa aproveita que o Leão é polêmico", disse o advogado Jerônimo Gomide, de 27 anos.
Depois de deixar o aeroporto pelo portão de serviços, o ônibus do Goiás parou menos de um quilômetro depois. Desceram o assessor da Presidência, João Gualberto, e o médido Marco Antônio Gilabert. O veículo seguiu para a Serrinha. O goleiro Harlei foi o único que apareceu na loja oficial do clube, mas não quis comentar o assunto. Disse que foi sorteado para o doping e deixou o gramado minutos antes do fim da partida.
Leão deixou a Serrinha pelo portão da concentração no carro do preparador físico Rodrigo Chaves. Disse à reportagem que falará só hoje e recebeu o carinho de 7 torcedores dos 14 que estavam no aeroporto.(PP)
Pena por agressão pode ser alternativa
Segundo a imprensa de Salvador, o repórter Roque Santos, que registrou termo circunstanciado de ocorrência denunciando o técnico Leão e três jogadores do Goiás por agressão, disse que, antes do desencadeamento da confusão no Barradão, perguntou ao treinador qual era a reclamação dele sobre a arbitragem. Em seguida, houve briga generalizada no estádio, o que ocorreu após o empate por 2 a 2 entre o alviverde e o Vitória, pela 10ª rodada do Brasileirão.
De acordo com o delegado Pedro Andrade, que colheu os depoimentos após o jogo, a agressão foi considerada leve e por isso não houve prisão. A pena prevista é de até dois anos e poderá ser cumprida com pena alternativa, como prestação de serviços. O repórter também poderá pedir indenização por danos morais. Roque Santos está sendo orientado judicialmente por advogados da Associação dos Cronistas Esportivos da Bahia.
Entrevista
Em nota oficial divulgada ontem, o Goiás afirma que os envolvidos na confusão em Salvador darão entrevista coletiva hoje, após o treino, que está marcado para 8h30. Segundo o presidente Syd de Oliveira Reis, falarão Leão, Rafael Moura, Marcão e Romerito.

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