Última foto do casal: Arquivo pessoal |
“Ele chegou do serviço me perguntou se eu estava bem, eu nem olhei pro meu filho, só respondi que sim. Foi a última coisa que falei com ele”, com lágrimas nos olhos e tremendo Beatriz de Brito Ramos, 84, mãe de Ediarlei Ramos, 43, que faleceu na noite da última quinta feira, após ser arrastado pela enxurrada com sua esposa Luz Marina Vargas Moreno, 35. A família inconsolável, está devastada com a morte repentina do casal que deixou dois filhos, um de quatro meses e outro de sete anos.
O corpo de Ediarlei já foi velado e sepultado em Goiânia, de acordo com a família ele que era tapeceiro, nasceu na Capital, gostava de estar de volta ao Brasil, já esteve fora morando na Espanha, cerca de seis anos, e havia retornado ao País há aproximadamente um ano. A esposa dele era natural da Bolívia, ficou cerca de dez anos sem ver a família, mas havia chegado de viagem há oito dias, Luz Marina foi visitá-los em seu país de origem, depois de tanto tempo sem vê-los. “Meu Natal? A gente já não comemora muito essas coisas, agora, nem sei como vou viver sem ver meu filho. O via todos os dias logo de manhã, antes de ele ir para o trabalho. O que eu faço agora? Eu não sei”, diz Beatriz.
Beatriz conta que seu filho foi comprar leite para o filho de apenas quatro meses que dormia junto com o outro filho de sete anos de Luz Marina. “A esposa disse para eles irem a pé, mas ele insistiu em ir de moto para serem mais rápidos, pois não tinham me avisado que as crianças estavam dormindo sozinhas em casa, e estava tudo aberto, nenhuma porta trancada”, diz. Com desespero a mulher conta que quando o neto chegou até sua casa, por volta das quatro horas da manhã, ela tinha certeza de que seu filho estava morto. “Ele não os deixaria tanto tempo sozinhos à toa, ele era muito responsável e amava demais esses meninos. Eu liguei para minha filha e já começamos a procurar, mas mãe, você sabe, não falha”, conta Beatriz com lágrimas nos olhos.
Segundo informações do Corpo de Bombeiros, as buscas por Luz Marina começaram às 6h30. Estão fazendo uma varredura começando no local do acidente e por toda extensão do Córrego Botafogo até imediações da Avenida Goiás, onde inicia o Córrego Anicuns. Possivelmente, serão realizadas buscas próximo ao Rio Meia Ponte e dentro da área urbana. São, em média, 32 homens trabalhando durante todo o dia, um dos maiores problemas para as equipes de busca, é a chuva, que nos últimos dias tem sido intensas e os obrigam a pararem os trabalhos.
Filhos
Wegna Souza Martins, 45, é prima de Ediarlei, conta que o casal era muito apaixonado, tanto um pelo outro quanto pelos filhos, levavam uma vida tranquila e feliz. “Eles estavam em um aniversário comigo e outros amigos no último sábado, não conhecia bem a esposa dele, mas eram pessoas boas. Tinham uma vida tranquila e feliz, ele era muito alegre de bem com a vida sempre. O filho mais velho da Luz era muito apegado a ele, e não aceita dizerem que não é filho de Ediarlei, os dois se tratavam de pai e filho, e de fato eram mesmo”, ressalta. Segundo a família o Conselho Tutelar já esteve na casa de dona Beatriz, mas por enquanto nada foi decidido quanto à guarda das crianças, até porque o corpo da mãe ainda não foi encontrado.
De acordo com o irmão da vítima, Edinei Ramos, 60, logo depois do desaparecimento do casal eles começaram uma busca nas redondezas dos locais por onde eles poderiam ter passado. “Quando passamos próximo a uma ponte, avistei a moto do meu irmão. Ligamos para a polícia e para o Corpo de Bombeiros, que chegou logo em seguida e encontrou o corpo dele por volta das 10h, na sexta feira”, afirma.
Uma das tias de Ediarlei estava muito emocionada, Idalice de Souza, 66, fala do estado emocional de Beatriz. “Ela está péssima, muitas pessoas da família vieram para vê-la, mas está inconsolável. Além dele, ela tem outros três filhos, duas mulheres e outro homem, que auxiliaram em todo o processo de sepultamento do meu sobrinho”, conta. Para Idalice parte da culpa do acidente é da população, que segundo ela joga lixo na rua e não se conscientizar do mal que isso pode causar quando o período chuvoso chega.
DIÁRIO DA MANHÃ
NAYARA REIS