segunda-feira, 10 de novembro de 2025

A DISPUTA PELO SENADO EM GOIÁS: QUEM FICA DENTRO E QUEM FICA DE FORA NA CHAPA DOS SONHOS DE GRACINHA CAIADO

A sucessão ao Senado em Goiás deixou de ser apenas um arranjo eleitoral para se tornar um jogo de xadrez conduzido com precisão e vaidade pelo Palácio das Esmeraldas. Nos bastidores, a movimentação é clara: a primeira-dama Gracinha Caiado vem articulando uma composição que lhe permita participar da disputa ao Senado com força e hegemonia, colocando aliados no tabuleiro e retirando peças que antes pareciam indispensáveis.


O senador Vanderlan Cardoso, que já foi considerado uma presença consolidada na base governista, vem sendo gradualmente alijado do projeto. O movimento não é explícito, mas está dado: Vanderlan não compõe mais a chapa prioritária do grupo. O discurso interno é pragmático: “Não encaixa no projeto”. Em outras palavras, o protagonismo que Vanderlan busca não interessa ao Palácio.


A CHAPA DOS SONHOS DO PALÁCIO


A articulação desejada por Gracinha Caiado é muito clara:

Daniel Vilela (MDB) — candidato ao governo

Gracinha Caiado (União Brasil) — candidata ao Senado

Alexandre Baldy (PP) — segundo nome ao Senado


Essa é a composição que a primeira-dama deseja e trabalha para consolidar.

A participação de Baldy é estratégica: articulação em Brasília, trânsito partidário, construção financeira e capacidade de comunicação moderada. Ele seria o “senador de influência”, enquanto Gracinha seria o “senador de poder”.


Neste desenho, não há lugar para Vanderlan.

Nem para o Deputado Federal Dr. Zacharias  Calil, médico cirurgião, bem avaliado e com reputação propositiva.


MAS O JOGO NÃO ACABA NO PALÁCIO


Se Calil não cabe na chapa de Gracinha, ele pode caber onde o terreno é mais fértil:

na chapa de Marconi Perillo.


É aqui que entra o ponto central desta análise.


O CÁLCULO DA ELEIÇÃO COM DOIS VOTOS PARA O SENADO


Essa eleição tem uma particularidade determinante: o eleitor vota em dois senadores.

A disputa, portanto, não será vencida apenas pelo “primeiro voto”, o voto de identificação.

Será vencida pelo “segundo voto”, o voto da racionalidade, do equilíbrio ou até da rejeição ao outro.

O eleitor de Gustavo Gayer (PL) dará seu primeiro voto a ele.

Mas dificilmente dará o segundo voto a Gracinha ou Baldy.

Calil entra como opção natural.

O eleitor desiludido com Vanderlan, sem seu candidato na chapa governista,

não votará em Gracinha.

Pode depositar segundo voto em Calil.

O eleitor que apoia Marconi tenderá a fechar a chapa.

Calil tem o primeiro voto nessa situação.


Ou seja:


O candidato que conquistar o maior número de segundos votos pode ser o mais votado da eleição — e pode ser eleito.


E Calil tem uma característica rara nesta disputa:

não possui rejeição transversal.


Ele pode ser:

Segundo voto do eleitor conservador

Segundo voto do eleitor governista descontente

Primeiro voto do eleitor marconista tradicional

Segundo voto do eleitor independente urbano


Isso cria uma avenida política, não uma brecha.


A CONCLUSÃO POLÍTICA


Se confirmada a chapa Gracinha + Baldy, o governo aposta numa eleição de força, palanque e estrutura.

Mas eleições para o Senado não seguem a mesma lógica das eleições majoritárias tradicionais.

Elas seguem a lógica da rejeição ao outro voto.


E neste cenário, Zacharias Calil não aparece como alternativa, mas como equilíbrio.


Se ele entrar na disputa:

Não briga pelo primeiro voto contra os gigantes.

Ele coleta o segundo voto que os gigantes não conseguem ter.


E numa eleição com dois votos,

quem coleta o segundo voto é quem pode ser eleito.


Gracinha pode montar a chapa dos seus sonhos.

Mas a eleição, quem decide, não é o Palácio.

É o eleitor que, diante da urna, reflete, compara e escolhe não quem briga mais, mas quem pesa menos.

Nenhum comentário: