quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Operação Mapa da Mina investiga pagamentos suspeitos de R$ 132 milhões da empresa telefônica para o filho do ex-presidente Lula

Parte dos pagamentos suspeitos de R$ 132 milhões da Oi para empresas do filho do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), investigado na 69º fase da Operação Lava Jato, pode ter sido usado para a compra do sítio de Atibaia.


A OPERAÇÃO, BATIZADA DE MAPA DA MINA, FOI DEFLAGRADA NA MANHÃ DESTA TERÇA-FEIRA (10/12/2019) PELA POLÍCIA FEDERAL (PF), EM CONJUNTO COM O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL (MPF) E A RECEITA FEDERAL.

A força-tarefa da Lava Jato afirma ter encontrado “evidências” de que parte do dinheiro usado pelos empresários Fernando Bittar e Jonas Suassuna para a compra do sítio, pivô da mais pesada condenação imposta ao ex-presidente Lula – 17 anos e um mês de prisão – pode ter como origem supostos recursos repassados pela Oi/Telemar a empresas do grupo Gamecorp/Gol, do empresário Fábio Luís Lula da Silva, Lulinha. São informações do Estadão.

A Mapa da Mina, autorizada pela juíza Gabriela Hardt, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Ela acolheu manifestação do Ministério Público Federal e determinou buscas em 47 endereços de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e do Distrito Federal.

Transferências
A decisão de Gabriela relata que Jonas Suassuna realizou, em outubro de 2010, transferência de R$ 1 milhão pela aquisição do sítio Santa Denise. Segundo a Lava Jato, o saldo do empresário antes do pagamento pelo terreno era resultado de transferências realizadas por empresas do Grupo Gol, a PJA Empreendimentos e a Goal Discos.


COM RELAÇÃO A FERNANDO BITTAR, OS PROCURADORES INDICAM QUE, CONSIDERANDO OS SALDOS INICIAIS E DIÁRIOS DE CONTA-CORRENTE MANTIDA NO BANCO DO BRASIL, O EMPRESÁRIO MOVIMENTOU RECURSOS QUE RECEBEU DA G4 ENTRETENIMENTO, DA GAMECORP, DA EDITORA GOL E DA COSKIN PARA COMPRAR O SÍTIO SANTA BÁRBARA NO VALOR DE R$ 500 MIL.



Por sua vez, segundo os procuradores, a maior parte dos recursos recebidos por tais empresas do grupo Gol são oriundos de contratos fechados com a Oi/Telemar, “sobre os quais recaem fundadas suspeitas de ausência de efetiva prestação de serviço”. Tais acordos são o principal objeto da Mapa da Mina.

Operação Aletheia

A investigação têm como base evidências colhidas durante a 24ª etapa da Lava Jato, a Aletheia, que, em março de 2016, levou coercitivamente o ex-presidente Lula para depor em uma sala no Aeroporto de Congonhas.


SEGUNDO A POLÍCIA FEDERAL, O NOME DA OPERAÇÃO FOI EXTRAÍDO DE UM DOCUMENTO APREENDIDO NA OCASIÃO, QUE “INDICARIA COMO MAPA DA MINA AS FONTES DE RECURSOS ADVINDAS DA MAIOR COMPANHIA DE TELEFONIA INVESTIGADA”.


A Procuradoria afirmou que a Oi contratou o grupo de empresas de Lulinha, Suassuna e dos irmãos Bittar “sem a cotação de preços com outros fornecedores”, com “pagamentos acima dos valores contratados e praticados no mercado” além de “pagamentos por serviços não executados”.

Benefícios
A Lava Jato indicou ainda que paralelamente aos repasses para o grupo Gamecorp/Gol, a Oi/Telemar foi “beneficiada” pelo governo federal com decisões políticas e administrativas no setor de telecomunicações. Segundo a força tarefa, um exemplo seria o decreto assinado pelo ex-presidente Lula em 2008 que permitiu a operação de aquisição da Brasil Telecom pelo grupo Oi/Telemar.

Os investigadores dizem ainda que há evidências de que a Oi/Telemar também foi beneficiada pela nomeação de conselheiro da Anatel.
Entrelaçamento societário

A decisão de Gabriela Hardt expõe “entrelaçamento societário” entre as empresas do grupo Gamecorp/Gol e a Oi/Telemar. Além disso, aponta como teriam se dado os repasses da Oi para o grupo Gamecorp, que, entre 2004 e 2016, totalizaram R$ 132.254.701,98.


SEGUNDO O DOCUMENTO, SÓ A GAMECORP RECEBEU DA OI R$82.801.605,03. A EMPRESA, NO ENTANTO, NÃO POSSUÍA MÃO DE OBRA E ATIVOS NECESSÁRIOS PARA PRODUZIR OS SERVIÇOS VENDIDOS, DIZ A RECEITA, QUE MOBILIZOU 15 AUDITORES PARA PARTICIPAREM DA OPERAÇÃO MAPA DA MINA.

Os dados bancários apontaram que 74% de todos os valores que a Gamecorp recebeu entre abril de 2005 e fevereiro de 2006 foram oriundos do Grupo Oi/Telemar.

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