São três horas e cinquenta e oito segundos de uma descarga emocional em uníssono. “Vingadores: Ultimato” é a apoteose possível depois de “Guerra Infinita”. O prólogo com Clint Barton (Jeremy Renner) está lá para nos lembrar que tudo aquilo é extremamente pessoal e definitivo.
“Vingadores: Ultimato” é um filme bastante consciente de seus objetivos e que se escora fundamentalmente na jornada emocional do público ao longo de dez anos com aqueles personagens. Por isso, os vingadores originais ganham relevo e densidade neste capítulo final.
A maneira como o filme encontra de estender essa homenagem aos filmes originais – como era de se esperar o reino quântico e viagens temporais são a chave para alterar os eventos do filme anterior – é especialmente salutar e oferece aos fãs uma nova perspectiva sobre os filmes que eles amam.
Remodelar todo um universo é parte da premissa de “Ultimato”, mas não apenas isso. Este também é um filme de despedidas e, embora não encerre oficialmente a Fase Três do Universo Cinematográfico Marvel, a honra caberá a “Homem-Aranha: Longe de Casa”, na prática prepara todo o ambiente para o que virá a seguir. Tanto para esses personagens como para o universo em si.
Há cenas realmente muito especiais. Da reaproximação de Steve Rogers (Chris Evans) e Tony Stark (Robert Downey Jr.) a alguns encontros e reencontros de forte apelo emocional, passando pela falência emocional de Thor (Chris Hemsworth) à obstinação de Nebula (Karen Gillan), uma das personagens com melhor curva dramática no filme, tudo é inflamado em “Ultimato”. O tom over , no entanto, não incomoda o público que assiste a cada desdobramento com o coração na mão.
Há os momentos de vibração incontida, Capitão América , Capitã Marvel e Homem de Ferro protagonizam os principais, e aqueles em que a emoção aflora e é difícil segurar as lágrimas. Os irmãos Russo agem mais como coordenadores de uma grande ópera – e as cenas de ação são todas elas eximiamente bem executadas – do que como diretores.
A ideia é mais administrar esse vendaval de emoções, e o humor continua sendo um termômetro poderoso aqui. A despeito da fobia por spoilers, o desenvolvimento dos acontecimentos em “Ultimato” obedece a certa lógica enunciada nos últimos filmes.
“Vingadores: Ultimato” é uma experiência intensa e coroa um legado singular e altivo da Marvel. É um filme reverente a tudo que veio antes e que sabe ser uma ponte com o que virá a seguir. É a Marvel em seu habitat. No auge da forma, mas sem cena pós-créditos.
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