segunda-feira, 15 de abril de 2019

Estudo Comprova Que Produção de Pirarucu no Sistema BAG FISH Apresenta Resultado Espetacular

A recente divulgação dos resultados de uma pesquisa sobre a performance do pirarucu em sistema super intensivo(BAG   FISH) chamou a atenção pelo espetacular desenvolvimento deste peixe. 

No estudo desenvolvido pela empresa peruana Amazon Fish Products SA, os números atestam a viabilidade desse sistema, que não requer grandes investimentos e tampouco uso intensivo de tec- nologia. Os experimentos contaram com o apoio e financiamento do Programa Nacional de Innovación para la Competitividad y Productividad - Innóvate Perú, órgão de fomento do Ministério de la Producción. Os responsáveis pela condução dos trabalhos e pela redação do relatório final foram Jorge Moya Cañas e Luis Henostroza Miranda, respectivamente gerente geral e gerente de produção da empresa.


No Peru, a produção do pirarucu (Arapaima gigas) é normalmente
feita em sistemas tradicionais de baixa densidade utilizando viveiros de terra, geralmente com uma conversão alimentar superior a 1,5 e ganhos de peso insuficientes para tornar o cultivo economicamente viável. O uso de grandes extensões de terra necessárias para essas condições de cultivo demandam grandes investimentos e altos custos operacionais. Por outro lado, o uso de sistemas super intensivos permite produzir a mesma quantidade de peixe em um espaço mais de 50 vezes menor de terra, com uma significativa melhora dos parâmetros produtivos em uma operação de baixíssima complexidade e pouca necessidade de mão de obra.

Experiências anteriores mostraram que o pirarucu se adaptasem problemas a sistemas com alta densidade de peixes, distribuindo--se adequadamente na coluna de água, ocupando uniformemente o volume do tanque.

O principal objetivo do projeto da Amazon Fish foi desenvolver um modelo de engorda intensiva de pirarucus em tanques circulares, e com isso obter os parâmetros de engorda necessários para a sua replicação em uma unidade comercial. Foi necessário estabelecer a carga animal máxima do sistema, a frequência de alimentação mais adequada e o número ótimo de trocas de água por tanque em cada estágio de engorda.

A empresa peruana está localizada em Pucallpa, região de Ucayali, e os experimentos em suas instalações foram iniciados em janeiro de 2016, com término em fevereiro de 2017.

Foi implantado um modelo de engorda de pirarucu em seis tanques circulares de 5 metros de diâmetro e 1,2 metro de coluna d’água, com capacidade de 23,6 mcada. Os seis tanques foram povoados com 750 peixes, engordados por 393 dias. A capacidade de carga projetada inicialmente foi de 91,3 quilos de biomassa por metro cúbico de água. Três etapas de engorda foram previamente estabelecidas, de acordo com o tipo de alimento a ser consumido, bem como os pesos finais a serem obtidos em cada uma delas.Na alimentação dos pira-rucus foram utilizadas rações extrusadas com 50, 45 e 40% de proteína, de acordo com cada uma das três etapas de engorda. O alimento foi fornecido com frequências de três vezes por dia para a Etapa 1 e duas vezes por dia para as Etapas 2 e 3.
Os peixes foram amostrados a cada 15 dias, ocasião em que foram pesados e medidos. Os parâmetros de quali-dade da água avaliados foram a temperatura, O2, CO2, NH4,transparência, sólidos dissolvidos e pH. A água utilizada foi bombeada do subsolo e sua temperatura média ao longo do experimento foi de 25,7 °C.

Resultados acima do esperado


Os resultados da engorda do pirarucu realizada em três etapas podem ser observados na Tabela 1, que mostra os valores encontrados para a carga animal, ganho de peso, conversão alimentar e mortalidade. Esses resustados foram melhores que os projetados no início do estudo, e muito superiores aos obtidos em um sistema tradicional de engorda.
Após 393 dias, dos 750 peixes inicialmente povoados, foram despescados 728 pirarucus pesando em média 12,5 quilos, representando uma carga de 96,6 quilos de biomassa por metro cúbico de água. O ganho médio de peso foi de 30 gramas por dia, com uma conversão final de 1,3 kg de alimento por quilo de ganho de peso. A mortalidade acumulada foi de 2,4%.
O projeto demonstrou a viabilidade técnica daprodução em alta densidade com um custo de produçãode R$ 15,72 (S/. 13,46) por quilo despescado.

Desenhando um plano de negócios


Com base nos resultados do experimento, foi desenvolvido um modelo econômico para engorda de pirarucu, que contempla 10 tanques circulares para cultivo em alta densidade. Os parâmetros iniciais desejados e os valores.


Conclusões

No Peru, o modelo de produção intensi-va de pirarucu em 10 tanques com cargas finaisde 95,5 quilos de biomassa por metro cúbico deágua é rentável, mas possui alta sensibilidade ao preço de venda do produto e ao preço das rações.
Os custos da eletricidade na região fazem dela um custo relevante de produção e também afetam os resultados.


O estudo apontou que se a engorda fosse implantada em uma outra localização geográfica, onde pudesse operar com águas superficiais, os custos diminuiriam significativamente, principalmente se a temperatura da água fosse mais adequada a uma produção mais eficiente.

O modelo de engorda de pirarucu emsistemas de alta densidade é tecnicamente eeconomicamente possível. Produção de 96,6 quilos de biomassa final por metro cúbico de água foi alcançada.
Os resultados mostraram alta sensibilida de ao preço de venda, sendo seu valor mínimode R$ 17,22 (S/. 14,7) por quilo.
As principais limitações encontradas estão relacionadas ao custo da eletricidade e à temperatura da água utilizada de fontes subterrâneas. A temperatura média de 25,7°C obtida durante o experimento não é ideal para a engorda do pirarucu, sendo a adequada para engorda as temperaturas superiores a 28°C.

Fonte: Revista Panorama da Aquicultura

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