Entrevista Exclusiva Com a Delegada Tatiana Bastos Sobre o Caso Paolla Avaly Corrêa

A delegada da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Porto Alegre-RS,  Tatiana Bastos concedeu na tarde desta quinta-feira, entrevista ao Blog do Cleuber Carlos para falar do caso de Paolla Avaly Corrêa. Paolla foi executada dentro da cova,  sua morte foi gravada por celular e divulgada no WhatsApp.

Na semana passada,  a delegada informou ao blog que já havia remetido o inquérito policial para a justiça e que está semana,  acreditava que poderia conceder entrevista coletiva para falar sobre as investigações, e, que aguardava tão somente,  a manifestação do juiz e o parecer do Ministério Público. 

Ao blog a delegada revelou que o inquérito tem 195 páginas e está bem fundamentado com provas robustas, inclusive com confissões. O trabalho de investigação foi rápido, em menos de 10 dias o crime foi esclarecido. Segundo Tatiana,  não existe nenhuma dúvida sobre a autoria e co-autoria do crime.

Acompanhe a entrevista exclusiva com a delegada  Tatiana Bastos 

Blog: Dra alguma novidade sobre o inquérito da Paolla Avaly Corrêa?

Dra. Tatiana Bastos: "Hoje pela manhã estivemos falamos com o Ministério Público, com quem está agora o procedimento.  Eles nos explicaram que devido ao grande número de cautelares que nos representamos, eles vão analisar todas elas para oferecer a denúncia. Somente depois do oferecimento da denúncia é que nós vamos divulgar os nomes dos envolvidos e isto deve demorar mais uma semana. Porque a denúncia é uma peça bem detalhada, bastante minuciosa. O lado bom disto é que as cautelares estarão com respaldo do Ministério Público." 

Blog: O inquérito foi enviado direito para parecer do Ministério Público?

Dra Tatiana: "Não. O inquérito foi remetido para o juiz que por sua vez, enviou com vistas para o Ministério Público dar o seu parecer. Quando o MP recebeu o inquérito, isso ainda na semana passada, o MP entendeu que as provas são robustas o suficiente para já  oferecer a denúncia. Quando se tem o réu preso, o prazo para oferecimento de denúncia é menor e se perder o prazo, o réu  pode vir a ser solto por isso. Todas as cautelares que nós solicitamos, elas serão reunidas e  já estarão juntas com   a denúncia oferecida pelo MP para o juiz."

Blog: Este procedimento do Ministério Público  oferecer a denúncia,  antes de se manifestar sobre as cautelares é normal? 

Dra. Tatiana: "Toda prisão tem vista ao MP. O MP poderia ficar com o inquérito para oferecer a denúncia e responder as cautelares em separado. Poderia fazer isso. Só que se ele fizer isso, o juiz vai estar perdendo toda parte do inquérito,   que para o juiz é importante.  Esse foi um  inquérito muito grande. Agora a pouco e fui olhar, são 195 páginas. Então é um inquérito com muitas provas, com muitas diligências, com muitas oitivas. Eu prefiro aguardar para ter tudo concluso,  para não ficar divulgando informações por partes. O MP tem prazo até o dia 16 deste mês para oferecer a denuncia." 

Blog: Qual é o juiz do caso?

Dra. Tatiana: É o juiz da 2ª vara do juri, não sei exatamente quem é o juiz, porque tem um em substituição. 

Nota do blog - O 1º juiz da 2ª vara do Juri é o Dr. Felipe Keunecke de Oliveira e o 2º Dra Cristiane Busatto Zardo.

Blog: Algum nome pode ser divulgado?

Dra. Tatiana: "Não, a gente não vai divulgar nada, enquanto não tiver a manifestação do MP e do juiz. O que pode divulgar é só aquilo que a gente conversou. Três presos. Todas as autorias identificadas e que nós só vamos falar a respeito com o deferimento das cautelares. Porque se eu te falar qualquer coisa, além de comprometer a investigação,  eu não vou poder te contar a história inteira. Vou te contar um pedaço da história?  Eu quero te contar a história inteira. Deste o momento que ela foi pega e ficou em poder destes elementos, até a execução."

BLOG: Na primeira conversa que tivemos a senhora disse que dos três que estavam presos, a senhora iria pedir a conversão de prisão provisória para prisão preventiva de apenas um, correto? 

Dra. Tatiana: "Sim, porque os outros dois já estão presos preventivamente. Eram dois presos com preventivas e um com temporária. Porque a temporária tem prazo de apenas 5 dias. Primeiro eu pedi a prorrogação da temporária e quando eu tive a prova concreta, inclusive com confissão,  eu solicitei a preventiva. Isso não foi analisado ainda. Então eu tenho dois presos preventivos e um temporário. 

Como está preso temporário eu não posso divulgar, só posso divulgar o nome quando estiver convertida em prisão preventiva."

 BLOG: A Pammi está envolvida na Morte da Paolla?

Nota:   A delegada  Tatiana respondeu a pergunta,  mas solicitou sigilo na divulgação desta resposta e o blog irá respeitar o pedido da delegada.

BLOG: A senhora acredita que os acusados ficaram presos por muito tempo?

Dra. Tatiana: "Eles estão presos e ficarão presos, porque a prova que a gente tem contra eles é muito boa. É bem robusta. A gente está otimista no sentindo de finalizar todo o processo. A gente corre contra o tempo e cada dia é muito importante. Nós temos que nos preocupar em fazer uma boa prova para obter uma condenação, porque do contrário, com bons advogados, eles voltam para a rua rapidinho. Por isso,  eu acho que eles vão ficar presos por bastante tempo. Inclusive estes que estão com preventiva, eles seriam soltos em breve, pelos delitos que estão respondendo. Com essa nova imputação, ficarão muitos anos ainda presos, havendo claro a condenação."

BLOG: Foi um investigação difícil? 

Dra. Tatiana: "Foi, teve muita contra informação. A gente analisou tudo. Todas as linhas de investigações foram checadas. Embora tivesse uma linha de investigação bastante obvia, tinhamos que descartar tecnicamente todas as outras. A gente analisou até os comentários, não só de seu blog, mas de toda a mídia em geral: Facebook, whatsApp. Os bandidos tem acesso a estas redes e utilizam de fakes para plantar contra-informações,  para desvirtual a mídia e  conseguir um clamor para levar a investigação para um outro sentido. Então a gente tem que ter também muito cuidado com esses comentários que aparecem em redes sociais. Quando a gente começa uma investigação, a gente filtra. A gente nunca se atira em apenas uma linha de investigação. Tudo foi levantado de inicio. Tudo a gente levantou. Quem ela visitava no presídio. Quais foram os relacionamentos dela. Todos os relacionamentos dela. Todos! Inclusive a possibilidade de ser um leva e trás de tráfico, ou seja,  uma execução de tráfico. Tudo isso, foi levado em consideração durante a investigação, que embora rápida, foram 10 dias,  mas ela foi muito intensa, isso eu posso lhe dizer. 

Nós tivemos uma grande equipe trabalhado muito neste caso,  foram seis policiais da Delegacia da Mulher, com apoio da Homicídios, com apoio das volantes e nós fomos para a rua praticamente todos os dias." 

BLOG: Como a senhora se sente tendo elucidado este crime em um prazo  de 10 dias? 

Dra. Tatiana: "Na verdade foi bem antes de 10 dias. Com 10 dias a gente concluiu o inquérito, mas a gente chegou a autoria no final de semana seguinte ao inicio da investigação. Eu recebi o inquérito da homicídios na  quinta-feira, dei uma entrevista e falei de forma rápida sobre aquela linha do feminicídio e na  sexta-feira eu viajei a Vacaria, quando você  me ligou,  eu estava em Vacaria.   Fiquei  todo o final de semana fora. Começamos a investigar efetivamente na segunda-feira e na sexta-feira,  estávamos com todos identificados. Portanto,  em menos de 10 dias conseguimos elucidar o caso."