quarta-feira, 1 de novembro de 2017

TV Record é Condenada no Caso Bruno Borges

Quatro anos depois de cometer um dos maiores erros da historia do jornalismo da televisão goiana,  a TV Record foi obrigada a se retratar e pedir desculpas públicas,  por veicular informações falsas no que ficou conhecido como o Caso Bruno Borges. 

Em setembro de 2013, o estudante universitário Bruno Soares Sousa Aguiar, dirigia um Fiesta, de cor preta na Avenida Madri, Setor Faiçalville, em frente ao Sesc,  quando foi fechado por uma caminhonete,  perdeu o controle do veículo e bateu em uma árvore. Bruno Morreu no local. 

O  apresentador do  Balanço Geral, Oloares Ferreira da TV Record Goiânia abriu o programa fazendo sensacionalismo sobre o caso.

Oloares abriu o Balanço Geral com imagens do cinegrafista sendo agredido pela mãe do jovem,  que em estado de choque,  não queria que ela e o filho morto fossem filmados. Em momento de dor e desespero,  a vontade da mãe deveria ser respeitada, embora a agressão não se justifique. Agressão maior saiu da boca do apresentador,  que "inventou"  mentiras sobre o jovem morto no acidente.

Oloares disse: "Eu começo o Balanço Geral especial deste sábado mostrando a reação da família de uma pessoa, de um CRIMINOSO que já estava cumprindo pena em regime semi-aberto que morreu em um acidente de trânsito". Há informação que este rapaz, esse Bruno, estaria sendo perseguido pela polícia militar quando perdeu a direção, bateu na árvore e morreu.



Bruno nunca foi bandido, não estava dirigindo um carro roubado, nem fugindo da polícia e nunca teve passagem pela polícia. Ele além de estudante era músico. Na época a Oloares tentou justificar o erro dizendo que a informação havia sido passada pela polícia. 

A Polícia Civil informou que o jovem não tinha nenhuma passagem pela polícia e portanto não estava cumprindo pena no regime semi-aberto. A PM desmentiu a informação de perseguição.

O erro da PM foi amplificado milhares de vezes pela ênfase que o apresentador deu ao caso. Foi um massacre público a honra do jovem e a dignidade da família.


O Cel Divino Alves que hoje é o Comandante Geral da PM do Estado de Goiás pediu desculpas pelo erro cometido, dizendo que se tratava de homônimo. No entanto realizada na receita federal, não existe nenhuma outra pessoa com o nome de Bruno Soares Sousa Aguiar com passagem pela polícia. Um erro até mal explicado.

O estrago foi grande na imagem e reputação de Bruno e da família.  Uma professora que passou ao local chegou em casa chorando e comentou com o esposo sobre o que vira, o esposo disse: Não acredito que você está chorando por causa de bandido. "Está passando aqui no alerta geral que o cara é bandido. bandido tem que morrer mesmo." 

A familia ingressou na justiça contra a TV Record e Oloares Ferreira. A justiça condenou a TV Record a

pagar R$ 15.000,00 de indenização, mas isentou a Record de fazer o pedido de retratação, já que considerou que Olares havia pedido desculpas no dia seguinte. A mãe de Bruno, Natalia Maria Borges não concordou com a decisão afirmando que  para ela o que menos interessava era o dinheiro, ela estava atrás de justiça, mas para limpar a reputação de seu filho. Em termo de conciliação, a TV Record concordou em fazer a retratação e pedir desculpas públicas pelo erro. O que aconteceu neste sábado, 04/11/2017.

Não foi com o mesmo espaço, não foi com a mesma ênfase e não teve o mesmo impacto do dia do acontecimento. Foi em um sábado espremido em um feriadão e a retratação foi realizada por outro jornalista, Alisson Lima. A família de Bruno não se sentiu justiçada, mas a condenação por caráter educativo serve de conforto. 


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