O jornal Nacional exibiu na noite desta sexta-feira uma reportagem de um movimento que surgiu nas redes sociais que está incentivando milhares de brasileiros a valorizar o esforço do trabalho honesto. Isso vem em um momento em que o país enfrenta inúmeros escândalos de corrupção.
“Sou de São Gabriel da Palha, Espírito Santo. Trabalho de servente de pedreiro”, conta Everson Gregório. “Aqui é a Tainara do Distrito Federal. Eu estou aqui vendendo meus ‘cremosinhos’”, brinca a ambulante Tainara Lima. “Moro em Ibirité, Minas Gerais, e vendo ovos”, diz Gabriel Cordeiro.
Os três não se conhecem, mas estão unidos por um sentimento, resumido em uma frase: “Mão suja, dinheiro limpo”. O espírito dos que ganham dinheiro suado e honestamente circula pelas redes sociais em forma de hashtag.
O Jonathan, frentista no Rio Grande Do Norte, compartilhou. O jardineiro Petrúcio, de Mato Grosso, fez o mesmo. O carioca Ramon é coletor de lixo, com orgulho: “Mão suja, dinheiro limpo!”.
Também está no mesmo barco como o Kristian, o Ronivaldo, o Hyan. Em poucos dias, as mensagens que eles postaram renderam mais de 500 mil curtidas e milhares de comentários com elogios.
Esses são alguns dos brasileiros que, nos últimos anos, sofreram com o desemprego. Cada um encontrou o seu jeito de se virar. A maioria luta com quase 23 milhões de pessoas que trabalham por conta própria no país.
Um professor que estuda inovação social diz que essa onda de orgulho pode ser o sinal de um novo espírito coletivo, que reage aos anos de crise e escândalos de corrupção. “Esse jovem começa a entender que os valores para se construir uma nação, para se construir uma sociedade, são diferentes desses que essas pessoas sempre pregaram e sempre utilizaram até mesmo para se eleger”, afirma o professor da FGV-SP Ademar Bueno.
Pelas ruas fica fácil perceber que todo esse orgulho demonstrado nas redes sociais é um espelho do dia a dia das pessoas. Em alguns casos, as mensagens virtuais e a realidade se conectam com perfeição.
A hashtag parece que foi feita para o mecânico, que vive feliz da vida, com a mãos cheias de óleo e graxa. “Por mais exemplos que a gente vê dos grandes, né, de Brasília, de mala de dinheiro, né. Não é isso que vai me corromper. A gente tem criatividade e a gente não vai desistir do Brasil”, afirma o vendedor Fernando Minutti.
A Bruna não pensou em desistir. Recentemente foi alvo de piadas por vender picolés na rua. “Sinceramente, deu vontade de deixar o carrinho e ir embora para a minha casa”.
Mas ela não deixou. Bruna resolveu desabafar nas redes sociais e ganhou, até agora, 124 mil curtidas e o apoio para trabalhar ainda mais. Além de vender sorvetes, ela também entrega pizza à noite. Paga as contas e ainda sobra dinheiro para viajar. “Agora estou super bem. Com essas coisas que aconteceram, só coisa boa, só elogios. Tudo de bom. Vou trabalhar sempre”, afirma Bruna.
Clique e veja o vídeo da reportagem
Fonte: Jornal Nacional
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