O heterogêneo movimento de ocupação das escolas da rede pública em Goiás está perdendo a força. Nesta segunda-feira, 1º/2, já são 11 escolas desocupadas, fruto do legítimo direito de estudar reivindicado por pais e alunos da rede pública de ensino. Outras tantas estão com processo de reintegração de posse em curso. O grupo que se diz contrário ao processo de gestão compartilhada com as organizações sociais na Educação começou a protestar em dezembro último, ocupando 25 unidades escolares no auge da ação.
A série de ocupações reuniu secundaristas, alunos e professores universitários e até movimentos sindicais e partidários. Não funcionou porque ficou claro que não se trata de um movimento estudantil. Assim que o ano letivo começou, no dia 20 de janeiro, pais e alunos das escolas ocupadas começaram a se articular voluntariamente para tirar os manifestantes que inviabilizaram o início das alunas. Eles chegaram a impedir, por exemplo, a própria equipe gestora de entrar para trabalhar.
Redes sociais
De acordo com a Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce), o bloqueio das 25 escolas prejudicou a rotina de mais de 16 mil estudantes. A página no Facebook “Desocupa Anápolis” expõe na internet a visão que a grande maioria dos alunos da rede estadual pensa sobre a situação. Com quase 6 mil seguidores, a fanpage vem publicando imagens da fachada das escolas anapolinas onde o ano letivo ainda não começou. Na foto do Colégio Estadual Antensina Santana, a legenda diz que está ocupado desde o dia 7 de janeiro. Resultado: 1.179 alunos sem aula.
“Aos ocupantes que dizem estar dando ‘aulas de cidadania’, me parece ser hipocrisia lutar contra um movimento que quer apenas garantir o direito do estudo”, diz a publicação, que completa: “Pedimos encarecidamente que todos os ocupantes repensem a decisão de continuar dentro da unidade de ensino, afinal há outras formas de lutar sem prejudicar todo o corpo escolar”.
Enquanto isso, a página “Secundaristas em Luta – GO” diverge opiniões dos próprios seguidores. Desde que o movimento começou, essa fanpage publica imagens, vídeos e textos sobre as escolas ocupadas. Na última semana, a página no Facebook divulgou várias informações sobre a invasão à sede da Seduce, feita por um grupo mascarado que chegou a ameaçar servidores. No dia seguinte, 27 de janeiro, a mesma fanpage divulgou uma nota dizendo que a ocupação “não foi deliberada e organizada pelo Comitê dos Secundaristas em luta e nem pelo Comitê Contra a Terceirização da Educação”. Tal posicionamento foi chamado de incoerente, covarde, estranho e ridículo nos comentários feitos pelos seguidores. Alguns manifestantes ainda estão acampados na sede da Seduce e recebem mantimentos de frentes sindicais e partidárias.
Sobre as OSs
A implantação das OSs na Educação começará por 23 escolas ligadas à Subsecretaria de Anápolis. Pelo projeto do Governo de Goiás, o processo pedagógico continuará sendo responsabilidade da Seduce e as escolas permanecerão públicas e gratuitas. As OSs entram como parceiras administrativas das escolas. Entre as suas atribuições estão garantir a boa qualidade da estrutura física e a segurança das unidades geridas. Todo o processo de implantação será acompanhado e os resultados comparados com escolas estaduais onde não há atuação de OS.
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