quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Em 1999, Lula Foi Contra Novas Eleições Quando FHC Amargava Crise Econômica


Via Jornal GGN em 18/8/2015

Em janeiro de 1999, quando Fernando Henrique Cardoso (PSDB) enfrentava os ataques da oposição em função da crise econômica que assolava o País à época, Lula, então presidente de honra do PT, contrariou o próprio partido e pregou respeito ao resultado das urnas.
“Lula voltou a sugerir a realização de um grande debate nacional com o objetivo de discutir soluções para a crise. Mas disse que a oposição só aceita conversar com FHC se o governo admitir que pode mudar o rumo de sua política econômica”, publicou aFolha de S.Paulo.
Segundo o jornal, o PT, na figura de Tarso Genro, cobrava a renúncia de FHC e a convocação de novas eleições como saída para a crise. Lula disse ao jornal que era contrário à medida, pois FHC tinha “20 e poucos dias de mandato” e não era correto achar que toda vez que um governante começa com o pé esquerdo ou tem graves dificuldades de gestão, a solução é a troca imediata. “Se eu achar que, porque as coisas vão ruins, o presidente tem de renunciar, daqui a pouco vai ter gente defendendo a renúncia dos governadores do PT”, comentou.
Também atravessando crise econômica – e política – após a reeleição, a presidente Dilma tem sido alvo de ataques do PSDB de Aécio Neves, que tem ajudado a convocar protestos anti-PT, como o do domingo, dia 16/8, para pedir a renúncia da petista e a realização de um novo pleito. A iniciativa do grupo de Aécio não é unanimidade dentro do PSDB. A ala que apoia a candidatura de Geraldo Alckmin, por exemplo, prefere aguardar que a tempestade passe naturalmente e pavimentar uma candidatura pela via democrática até 2018.
O GGN reproduz abaixo a íntegra da matéria da Folha sobre a postura de Lula em 1999.
O presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, classificou de “prematura” e “precipitada” a proposta do ex-prefeito de Porto Alegre Tarso Genro (PT) de convocar novas eleições presidenciais em outubro. Genro defendeu também a renúncia do presidente Fernando Henrique Cardoso.
“Eu não acho que o problema do Brasil será resolvido com a antecipação do processo eleitoral. O problema poderia ter sido resolvido em 4 de outubro. Não foi. A população fez uma opção, certa ou errada, foi uma opção da maioria do povo”, declarou Lula.
“Fernando Henrique tem 20 e poucos dias de mandato. Ele tem tudo para fazer, mas até agora não fez nada. Se eu achar que, porque as coisas estão ruins, o presidente tem de renunciar, daqui a pouco vai ter gente defendendo a renúncia dos governadores do PT. Aí, vai virar moda no Brasil”, arrematou.
Embora tenha criticado muito a postura de FHC diante da crise, o petista afirmou que agora o papel do PT é mobilizar a sociedade para tentar mudar a política econômica do governo.
Lula voltou a sugerir a realização de um grande debate nacional com o objetivo de discutir soluções para a crise. Mas disse que a oposição só aceita conversar com FHC se o governo admitir que pode mudar o rumo de sua política econômica.
O petista anunciou que o PT vai promover, independentemente do governo, reuniões entre líderes da oposição, empresários e sindicalistas. Ele próprio vai, nos próximos dias, agendar encontros com o empresariado.
“Não acredito nessa história de pacto nacional. Para conversar com a oposição, o presidente precisa abrir mão de algumas de suas certezas. Pacto em torno do que o governo defende não é pacto.”
Lula defendeu, indiretamente, a saída do ministro da Fazenda, Pedro Malan. “Eu não escolhi o Malan, não posso tirá-lo. Mas até em jogo de futebol quando o jogador vai mal, o técnico faz a substituição”, disse.
“Não é possível que FHC não perceba que economistas de outros matizes discordam da equipe econômica. Aliás, o próprio José Serra (ministro da Saúde) não concorda com grande parte dessa política. Será que essa equipe econômica está tão certa? Ou será que o governo deixou se envenenar pelo beijo do FMI (Fundo Monetário Internacional) e não consegue escapar de suas orientações?”
Para Lula, em pouco tempo, caso seja mantido o ritmo de saída de dólares do país, o Brasil vai estar em situação de “moratória técnica”. Ele acha que uma inflação de 4% ao ano não faria tão mal ao país. “A gente não deve ficar assustado se o Brasil tiver uma inflação de 4% ao ano. Não é burrice ter 4% de inflação com o PIB crescendo 3%. É burrice ter inflação zero com o PIB decrescendo”.

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