O doleiro Alberto Youssef também prestou depoimento à Justiça – e também fez revelações surpreendentes. Disse que o esquema de desvios de dinheiro na Petrobras começou em 2005, comandado pelo o ex-deputado federal José Janene. O parlamentar, já morto, também foi envolvido no esquema do mensalão.
Aliados pressionaram Lula para garantir nomeação de Costa – A força do grupo político que comandava o esquema não era pequena. Paulo Roberto Conta que os parlamentares da quadrilha trancaram a pauta de votações no Congresso Nacional por 90 dias, até que a Presidência da República nomeasse um diretor da confiança do grupo na Petrobras. “Na época o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou louco, teve que ceder e realmente empossar Paulo Roberto Costa na Diretoria de Abastecimento”, disse Youssef. O doleiro diz que a cobrança de comissão nos contratos acontecia em todas as diretorias da Petrobras. Segundo ele, Paulo Roberto Costa ficava com 30% do dinheiro da propina, o agente político ficava com 60%. Os 10% restantes eram divididos entre o doleiro Youssef e o mensaleiro João Cláudio Genu, que ficou conhecido como o “homem da mala”.
Empresas dividiam pacote de obras – O doleiro revelou como funcionava a divisão de grandes obras da Petrobras. Ele informou que participou diretamente de várias dessas reuniões com as grandes empreiteiras, antes mesmo da licitação. "O conhecimento que tenho é que existia um acerto entre as empresas, não na questão das licitações, mas sim quando saía um pacote de obras na Petrobras. As empresas, elas entre elas, tratavam de se relacionarem e obterem quem ia ser o ganhador daquela obra", disse Youssef.
1% para o PP – A empresa que não topasse pagar 1% para o PP, segundo Youssef, não assinava o contrato. "Ela ganhava a obra. Se não pagasse, tinha ingerência política e do próprio diretor", disse o doleiro.
Doleiro aponta as empresas – O doleiro também confirmou os nomes de todas as empresas e dos diretores com quem negociou. A lista do doleiro inclui as empresas OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Galvão Engenharia, Engevix, Odebrecht, UTC, Jaraguá, Odebrecht e Tomé Engenharia, entre outras.
"Havia muitas pessoas acima de Costa" – Youssef afirmou que havia muitas pessoas no esquema acima de Paulo Roberto Costa na organização criminosa, incluindo “agentes públicos”. Advertido pelo juiz de que não poderia citar nomes de pessoas com foro privilegiado (deputados, senadores, ministros, presidente da República), ele não pode identificar a quem se referia. Na hierarquia da empresa, a diretoria de Abastecimento está subordinada à presidência da estatal, que responde ao ministro das Minas e Energia e, acima deste, o presidente da República.
“Em primeiro lugar quero deixar claro que não sou o mentor nem o chefe desse esquema. Na acusação diz que sou mentor e chefe da organização criminosa. Eu não sou. Eu sou apenas uma engrenagem desse assunto que ocorria na Petrobras. Tinha gente muito mais elevada acima disso, inclusive acima de Paulo Roberto Costa, no caso agentes públicos. Esse assunto ocorria nas obras da Petrobras e eu era um dos operadores”, disse Yousse
Revista Veja
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