terça-feira, 17 de junho de 2014

Um Roteiro Hollywoodiano Para a Vitória Épica dos EUA Sobre Gana


O cinema americano não se cansa de contar histórias de superação. A guerra é um dos temas preferidos de Hollywood. Roteiros em que glória e desgraça se misturam, mas nos quais o protagonista quase sempre termina de forma redentora. E se algum diretor famoso quiser contar um episódio da seleção dos Estados Unidos, poderá fazer um ótimo filme a partir da estreia na Copa do Mundo de 2014. A partida contra Gana na Arena das Dunas teve vários elementos de um épico de guerra. E o herói da vez foi o US Team, que voltou para o seu quartel general com a imprescindível vitória por 2 a 1.

Como tem que ser em um roteiro promissor, havia um pano de fundo intrigante. Os Estados Unidos alimentavam o medo de Gana pelas eliminações nas duas últimas Copas. Era o vilão temível do outro lado, de muita força física e talento para atacar. Aos americanos, restava se defender um pouco mais, o que explica a estratégia de Jürgen Klinsmann, mais cautelosa. E também surpreender.


Pois o filme começou da melhor maneira possível, para prender a atenção de quem estava na poltrona. Logo aos 28 segundos, Clint Dempsey marcou um lindo gol. O quinto gol mais rápido da história das Copas. O golpe que dava a vantagem para os Estados Unidos aguentar a provação que passaria depois. A inteligência e a velocidade de uma das principais estrelas da companhia acabaram sendo decisivas para que Gana fosse vazada. Para que os Estrelas Negras começassem a castigar o US Team.

A partir do gol, os ganeses começaram a ter muito mais volume no ataque. A movimentação da trinca de meias escalada pelo técnico Kwasi Apiah, formada por André Ayew, Jordan Ayew e Christian Atsu, dava trabalho para a marcação americana, assim como Asamoah Gyan, de grande presença no ataque. Para incrementar o roteiro do filme de guerra, alguns dos soldados passaram a sair baleados. Jozy Altidore e Matt Besler se foram ainda na primeira etapa, enquanto Alejandro Bedoya saiu no segundo tempo. O artilheiro, o líder da defesa e o mais ativo no meio-campo. Dempsey baqueou tanto por perder o companheiro quanto por um chute fortíssimo que tomou no nariz. Michael Bradley, o capitão, estava desaparecido.

O segundo tempo passou a esquentar a obra hollywoodiana. Não era um jogo de bom nível técnico. Entretanto, sobrava tensão. Os Estados Unidos não conseguiam passar do meio-campo, enquanto Gana bombardeava a meta de Tim Howard, mas sem precisão. Para melhorar o nível do time, Apiah colocou em campo Kevin-Prince Boateng e Michael Essien, dois dos soldados mais experientes do inimigo. E os carrascos de 2010 resolveram aparecer. Gyan deu ótimo passe de calcanhar para Ayew marcar, a dez minutos do fim. O empate estava consumado, a derrocada parecia próxima.


Mas o que é de um épico sem o final triunfante? Pois dois dos soldados novatos do US Team foram ao resgate da equipe. Aos 41 minutos, Graham Zusi e John Brooks, que haviam saído do banco de reservas para substituir justamente os baleados, garantiram a vitória. O meio-campista bateu o escanteio para que o zagueiro completasse de cabeça. O golpe fatal, o clímax. A reação de Brooks foi emblemática, sem nem mesmo saber como comemorar, caindo com o rosto sobre a grama. Neste momento, aliás, é que a realidade se misturou com a ficção. Brooks é alemão de nascimento, filho de soldados americanos que serviam em Berlim. Apesar disso, nunca teve dúvidas de sua nacionalidade, defendendo os EUA desde as seleções de base. O típico herói americano.

A comemoração ao fim do jogo foi imensa, com jogadores e comissão técnica se abraçando na Arena das Dunas. A partir deste momento, já podem subir os créditos. O filme acabou, com a grande vitória do US Team por 2 a 1. A vitória reforça as chances de classificação dos EUA, especialmente depois da derrota de Portugal contra a Alemanha. E, mesmo com o tropeço, Gana não pode ser totalmente descartada em um grupo tão equilibrado. A partida em Natal contou a história de vencedores e vencidos. Mas promete ser ainda uma trilogia, com mais dois grandes episódios ainda a entrar em cartaz.

Ficha técnica

Estados Unidos 2×1 Gana

Estados Unidos
Tim Howard, Fabian Johnson, Geoff Cameron, Matt Besler (John Brooks, intervalo), DaMarcus Beasley; Alejandro Bedoya (Graham Zusi, 31’/2T), Kyle Beckerman, Jermain Jones; Michael Bradley; Clint Dempsey e Jozy Altidore (Aron Johansson, 23’/1T). Técnico: Jürgen Klinsmann.

Gana
Adam Kwarasey, Daniel Opare, Boye, Jonathan Mensah e Kwadwo Asamoah; Mohamed Rabiu (Michael Essien, 25’/2T), e Sulley Muntari; Christian Atsu (Albert Adomah, 31’/2T), Jordan Ayew (Kevin-Prince Boateng, 14’/2T) e André Ayew; Asamoah Gyan. Técnico: Kwasi Apiah.

Local: Arena das Dunas, em Natal
Árbitro: Jonas Eriksson (SUE)
Gols: Clint Dempsey, 1’/1T; André Ayew, 36’/2T; John Brooks, 41’/2T
Cartões amarelos: Rabiu Mohamed e Sulley Muntari (Gana)
Cartões vermelhos: Nenhum

Fonte: Trivela

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