São quartas de final da UEFA Champions League, apenas grandes equipes classificadas e, portanto, sem ninguém para ser chamado de favorito absoluto. Mas havia pelo menos dois casos em que era difícil não imaginar que, dentro do equilíbrio, alguém levava clara vantagem: o atual campeão Bayern de Munique contra um Manchester United em reformulação e o Barcelona - campeão espanhol, presente na semifinais das últimas seis edições - diante de seu rival local Atlético de Madri.
De um lado, o que se viu foi isso mesmo: o time com mais jogadores talentosos, de tanto tentar, uma hora se mostrou mesmo superior. O Bayern de Munique precisou levar um susto no início do segundo tempo, mas foi o que bastou para tomar controle e marcar 3 a 1.
E o Barcelona, bem, não teve nem tempo de se assustar. Quando se deu conta, estava diante de uma balbúrdia: um Atleti incensado por sua torcida, eletrizado e que dominou os primeiros minutos de uma forma assustadora. Dominou, marcou 1 a 0 e segurou e esse resultado, jogando muita bola, para eliminar Lionel Messi, Neymar, Xavi, Iniesta e companhia e levar o clube às semifinais europeias depois de 40 anos.
Bayern de Munique e Atlético de Madri, único invicto do torneio, se juntam, assim, a Real Madrid e Chelsea na disputa das semis. O sorteio dos confrontos será realizado nesta sexta-feira.
Atlético histórico
A noite histórica do Vicente Calderón começou com um punhado de minutos ainda mais históricos. Foi como aquele famoso início de Brasil x União Soviética, com Pelé e Garrincha, pela Copa do Mundo da FIFA Suécia 1958. Um massacre, um sufoco, um tiroteio – chame-se como quiser. Fato é que, mesmo sem contar com aqueles que provavelmente são seus dois jogadores ofensivos mais importantes – Diego Costa e o turco Arda Turan -, o Atlético marcou logo com cinco minutos, após Koke aproveitar bola na trave de Adrián. Era apenas a primeira de um total de três bolas na trave que o time acertaria nos primeiros 20 minutos de jogo, sendo as outras duas com David Villa.
Do lado do Barça, uma chance com Messi aqui, outra com Neymar – melhor da equipe – ali, mas nunca o domínio com o qual os catalães se habituaram ao longo de todos esses anos de pujança no futebol europeu. Com os brasileiros Filipe Luís e Miranda se destacando defensivamente e, mais que qualquer coisa, um conjunto que parece funcionar feito uma máquina, os colchoneros fizeram de seu estádio uma gigantesca festa. Desde fevereiro de 2010 a equipe não vencia o Barça e, desta vez, o fez brilhando e lutando. E, principalmente, valendo um lugar histórico na semifinal.
Uns dias atrás, ao FIFA.com, Miranda falou sobre como “Diego Simeone responde por, pelo menos, uns 40% do sucesso do Atlético”. Pode-se atribuir tudo isso ao técnico ou não, mas é fato que, nestas quartas de final, é difícil discordar: o todo do Atlético de Madri foi muito maior que a soma de suas partes.
Uma hora o Bayern domina
Ao contrário do que acontecera em Old Trafford – para críticas sem fim dos bávaros -, o Manchester United não foi a Munique pensando deliberadamente em se defender. Não é que tenha tomado iniciativa de atacar, apesar de precisar de um gol, mas fez um primeiro tempo consciente: disposto a subir ao ataque sempre que tivesse oportunidades, na medida em que tirava a bola do Bayern. Com isso, os primeiros 45 minutos foram de equilíbrio, apesar da superioridade que, jogador por jogador, é inegável para o lado dos alemães.
Tudo pareceu se intensificar no início da segunda etapa. Afinal, na medida em que o tempo passava, mais o United precisava tentar algo. Com dez minutos da segunda etapa, os ingleses deram seu primeiro chute certo ao gol de Manuel Neuer: um tiro de longe de Shinji Kagawa. E, logo no segundo chute, a maré do confronto pareceu estar mudando: após cruzamento da direita, a bola cruzou pela marca do pênalti e chegou até o lateral Patrice Evra, no bico da grande área. Ele acertou um sem-pulo inacreditável, no ângulo esquerdo, e marcou seu primeiro gol desde abril de 2007.
Era o gol que poderia ser o da classificação, mas que só o foi de fato por um minutinho. Foi o tempo que demorou para que, no lance seguinte, o croata Mario Mandzukic, de cabeça, empatasse o confronto de novo. Pronto. O Bayern, naquele exato instante, voltava a ser o Bayern campeão de tudo na temporada passada e já campeão alemão nesta.
Os minutos seguintes não tiveram relação com o que fora o duelo até então. A equipe de Pep Guardiola enfim colocou em prática toda a superioridade sobre a qual tanto se falou. Aos 23, Arjen Robben foi à linha de fundo pela direita e cruzou para Thomas Mueller desempatar. Mais oito minutos e o próprio Robben fez um daqueles seus gols clássicos, dos que já fez às dezenas: carregou da direita para o meio da área e, da marca do pênalti, bateu no canto direito de David De Gea. O favoritismo custou, mas apareceu, e o atual campeão segue na briga pelo bi.
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