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A previsão motivou os organizadores da excursão que saiu de Curitiba com destino a Joinville, a cerca de 140 quilômetros de distância, a vetar a presença de mulheres e de menores de idade no grupo que iria assistir ao jogo. O risco se confirmou logo nos primeiros minutos da partida, quando torcedores dos dois times se enfrentaram, deixando vários feridos – quatro deles precisaram ser levados ao hospital.
“Devido ao alto risco de confrontos na estrada, em consequência do grande número de torcedores de clubes rivais que estarão se deslocando para os jogos da última rodada, nessa viagem não serão vendidas passagens para mulheres e menores”, informa uma nota divulgada no site da torcida atleticana, sete dias antes da partida.
Segundo a coronel Claudete Lehnkuhl, do Centro de Comunicação Social da Polícia Militar de Santa Catarina, a corporação não tinha conhecimento da decisão da torcida atleticana. Mesmo assim, destacou 113 policiais para garantir a segurança externa do estádio, ao se dar conta do potencial de risco do evento. O número de policiais militares foi maior que o de seguranças privados que, conforme anunciado, atuavam no interior do estádio, de forma "totalmente falha", segundo a coronel.
“Antes mesmo do começo do jogo, o clima já não estava bom entre as torcidas que se deslocaram para o local. Se os dirigentes dos clubes tivessem percebido que o clima estava assim, poderiam ter solicitado que a PM ingressasse nos estádios”, declarou a coronel à Agência Brasil, explicando que não havia policiais no interior do estádio desde o início do jogo devido a uma recomendação do Ministério Público à Justiça Estadual.
Segundo a oficial, no começo deste mês, o Ministério Público ajuizou uma ação civil pública propondo que o Poder Judiciário proíba a Polícia Militar de atuar na segurança de eventos privados. Para o MP, a presença dos policiais em eventos como partidas de futebol ou grandes shows é ilegal, pois desvia os policiais de suas principais funções, já que, de outra forma, eles estariam nas ruas fazendo a segurança da população em geral.
Além de pedir que o emprego de policiais militares “na execução de atividades típicas de vigilância particular e de zeladoria patrimonial” seja declarado ilegal, o promotor Francisco de Paula Fernandes Neto pede que o comandante-geral da PM, coronel Nazareno Marcineiro, seja “condenado” a não mais autorizar “desvios de finalidade que aviltam a história” da instituição. A cópia da ação civil pública a que a Agência Brasil teve acesso tem data do dia 2 de dezembro. O pedido ainda não foi julgado pela Justiça Estadual catarinense.
Segundo a coronel Claudete Lehnkuhl, até novembro passado e durante muito tempo, a PM cobrava dos organizadores de eventos privados uma “taxa simbólica, irrisória” para reforçar a segurança feita por agentes privados. A prática também ocorre em outras unidades da Federação. Em Santa Catarina, a medida está prevista no Artigo 29 da Lei 7.541/1988.
“Agora, ante o impasse jurídico, estamos aguardando uma decisão do Poder Judiciário. [O impedimento] não é só para partidas de futebol, é para qualquer evento privado, como shows”, disse a oficial, garantindo que a ação rápida dos policiais que estavam fora do estádio foi eficiente e impediu uma tragédia. “A PM teve uma ação rápida e conseguiu controlar a situação tão logo entrou no estádio”.
Edição: Davi Oliveira
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Confira o vídeo da confusão:
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