segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Operação Miquéias: PF Descobre R$ 20 Milhões Investidos em Papéis Podres Pelas Prefeituras de Catalão e Aparecida

Sob Suspeitas: Maguito, Vanderlan e Velomar - Aparecida, Senador Canedo e Catalão
Maguito. Vanderlan e VelomarAs investigações da Operação Miqueias, conduzidas pela Polícia Federal, flagrou “investimentos” em papeis podres no valor de R$ 20 milhões, realizados pelos fundos de pensão dos funcionários municipais de Catalão e Aparecida – em Catalão, na gestão de Velomar Rios, e em Aparecida, na gestão de Maguito Vilela, ambos do PMDB.
Em Catalão, a 10 dias do encerramento do mandato de Velomar Rios, em 20 de dezembro de 2012, o Ipasc, nome do fundo de pensão dos funcionários do município, sacou R$ 11 milhões que estavam em aplicações seguras no Banco do Brasil e na Caixa Federal e “investiu” em fundos podres indicados, segundo a Polícia Federal, pela quadrilha comandada pelo doleiro Fayed Traboulsi.
Em Aparecida, mais ou menos na mesma data, a história se repetiu. O fundo de pensão dos funcionários aparecidenses também retirou R$ 9 milhões que estavam aplicados em bancos de primeira linha e “investiu” nos fundos podres da mesma organização criminosa.
Segundo afirmação textual do inquérito da Polícia Federal, no caso de Aparecida, a “aplicação” irregular foi feita “a mando da quadrilha”. Os dois casos, em termos de valores, são os mais graves apurados pela Polícia Federal até agora.
O inquérito da Polícia Federal, no curso da Operação Miqueias, que desbaratou uma quadrilha que desviava recursos de fundos de pensão municipais, tem mais de mil folhas, mas é só um resumo das investigações realizadas até agora. Existem milhares de outras páginas, contendo grampos telefônicos e revelações até agora inéditas, que estão nos apensos.
Apensos são os anexos onde estão detalhadas as investigações sobre cada membro da quadrilha e cada operação irregular descoberta nas Prefeituras envolvidas. Os apensos relacionados com a atuação da quadrilha nas Prefeituras de Catalão e de Aparecida, por exemplo, contabilizam mais de 300 páginas.
Smauel e Loira na PF
Sobre o deputado estadual e presidente regional do PMDB, Samuel Belchior, definido pela Polícia Federal como “lobista e intermediário entre a organização criminosa e políticos do seu Estado”, são outras 200 páginas. Há detalhes também sobre outros prefeitos e políticos, que, por enquanto, a Polícia Federal decidiu na indiciar no inquérito da Operação Miqueias, mas que são passíveis desse enquadramento, a depender da evolução das investigações e dos depoimentos prestados pelas quase 20 pessoas presas até agora.

Velomar e membro da quadrilhaEste, aí na foto, à direita, é o dr. Cristiano Sá Freire Levefre, indiciado pela Polícia Federal na Operação Miquéeias como um dos membros da quadrilha que desviava recursos de fundos de pensão municipais em todo o Brasil, inclusive em prefeituras goianas.
Ao lado de Cristiano, no centro, está Jamil Torquato, então secretário de Administração municipal, e (à esquerda) Velomar Rios, do PMDB, prefeito de Catalão até dezembro de 2012. Cristiano foi indiciado no inquérito da Operação Miqueias e teve a sua prisão temporária solicitada pela PF (mas o desembargador federal que recebeu o pedido só autorizou a condução coercitiva).
Cristiano trabalhava como consultor da quadrilha. Era ele que visitava as prefeituras, em Goiás, para organizar o esquema de investimentos dos fundos previdenciários municipais em papeis podres, de onde seguiam para os bolsos da quadrilha comandada de Brasília pelo doleiro Fayed Traboulsi.
A Polícia Federal rastreou as andanças de Cristiano Sá Freire Levefre pelas Prefeituras goianas. Ele esteve em Aparecida, por exemplo, cujo fundo de pensão aplicou R$ 9 milhões em papeis micados, que, à época, dezembro de 2012, já haviam sido declarados em processo de perdas pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários. Catalão era a base de operações de Cristiano. Agora pasmem: ele foi nomeado pelo prefeito Velomar Rios, do PMDB, como presidente do Ipasc, nome do fundo de pensão dos servidores do município.
A Polícia Federal descobriu que, em dezembro de 2012, último mês do mandato de Velomar, o Ipasc investiu R$ 11 milhões, que foram retirados de aplicações seguras no Banco do Brasil e na Caixa Federal, e depositados nos fundos Adinvest, Atico Florestal, Atico Imobiliário e Vitória Régia – de onde, provavelmente, nunca mais retornarão. Segundo a Polícia Federal, essas operações foram realizadas exclusivamente para atender aos interesses da quadrilha.
Fonte: Goiás 24 Horas

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