sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Prisão de Maurício Sampaio é Uma Corajosa Vitória da Democracia

Por Rosenwal Ferreira

O jornalista Nilson Gomes, profissional que respeito e um amigo de longa data, utilizou sua capacidade de alinhavar raciocínios para defender pronta liberação do empresário Maurício Sampaio, apontado como principal suspeito de ser o mandante do brutal assassinato do jornalista Valério Luiz. Ao contrário do que apregoam os críticos, ele não escreveu sua tese para agradar o patrão, visto que exerce um cargo de confiança na emissora de rádio que pertence a Maurício Sampaio. Nilson é de uma raça que só atua por convicção pessoal. 


Mesmo considerando que Nilson Gomes orquestrou indagações pertinentes, não concordo com sua tese. A prisão de Maurício foi ajuizada de forma qualificada, num paciente trabalho policial que montou um quebra-cabeça que se encaixa em detalhes que chocam. A coragem em deter um homem tão poderoso, cujos laços de amizade unem figuras carimbadas no meio jurídico e social, foi uma vitória da democracia.


Torna-se muito claro que um crime complexo e encomendado, não comprova participações como um documentário inquestionável. As pilastras de sustentação são de outra natureza. Eu não acredito que pessoas sérias, sejam elas jornalistas, advogados, delegados e etc., sejam capazes de incriminar um cidadão apenas por ele ser rico. Principalmente considerando que os milionários são eficientes em revidar quando possuem razão.


O histórico de Maurício Sampaio pesa contra ele. Colegas jornalistas confirmam que sua intolerância contra profissionais da imprensa é um arrazoado de violências verbais e físicas. Isso prova que ele participou do assassinato? Claro que não! Mas se entrelaça como complicador do enredo em questão.


Na proposição de que ele seja vítima de um absurdo complô, e que o verdadeiro poderoso seja o Manoel de Oliveira, por que Maurício não utilizou os holofotes da mídia para se defender? Garanto que teria um espaço até maior do que os que o acusam. Ainda hoje, mantenho de pé uma proposta que fiz para entrevistá-lo, ao vivo, sem edições. 

Homem culto, articulado e com amplos conhecimentos de todos os detalhes, estou convicto que Maurício Sampaio seria capaz de esclarecer item por item e rechaçar todas as especulações. Na condição de inocente, e de vítima de uma trama tão sórdida, trilharia o caminho para calar a boca dos difamadores.


Convenhamos, se a conspiração se desqualifica nos moldes que Nilson apresenta é bobagem contratar um batalhão de advogados. Convoque-se uma coletiva, responda todas as perguntas e exija acareação com os caluniadores. Não descarto a hipótese da inocência de Maurício Sampaio, que até o momento é apontado como suspeito. Mas sendo principal interessado, em se livrar das acusações que surgiram desde o primeiro dia do crime, não percebi nele a indignação dos injustiçados.


Mais difícil ainda é engolir a teoria de que alguém, de birra, decidiu colocar um poderoso na cadeia e escolheu Maurício. É uma denúncia muito séria que desqualifica juízes, promotores, delegados e dezenas de jornalistas que acompanham a tragédia. Num aspecto concordo plenamente com o digno Nilson Gomes, é inegável o sofrimento das famílias envolvidas.


rosenwal@rrassessoria.com
Twitter: @rosenwalF
facebook/jornalistarosenwal

2 comentários:

Creio na justiça disse...

Boa noite

Parabéns Rosenwal, poucos são os jornalistas que estão com coragem para expor suas opiniões.
Parece que estão com medo de alguma retalhação, inclusive chegando ao ponto do caso Valério,imagino.
Imagino a situação dos funcionários de suas empresas, em especial aos da rádio 730.
Torço para que esta rádio seja vendida e que os ventos democráticos deem pelo menos uma pequena baforada por aquelas bandas.
Está de indignar essa defesa dos advogados, da 730, do diário da manhã, em especial do dito jornalista Nilson Gomes que se não me engano trabalhou com o Demóstenes, em relação ao caso Sampaio. Uma defesa bisonha chegando a ser patética, desmerecendo a polícia, a perícia, a delegada, o judiciário etc etc..como se toda essa estrutura fossem meros meninos de recados que agem ao bel prazer dos poderosos.

Espero que o Rosenwal leia este comentário.

Em tempo.. Vi recentemente um comentário e vou repeti.lo
Lembram que o Paulo Berings naquele caso em que se ele demitiu ao vivo.. pois é ... ele disse, entre o emprego e a dignidade ele fica com a dignidade.. Lembrei.me da cara de tacho do colega de bancada dele o tal de Cleber, que hoje trabalha na 730. Mas independente disso, acho que lá tem muita gente boa, mas tem também os que preferem o emprego..

Obrigado.

Unknown disse...

Olha, eu achei pertinente tudo o que o jornalista Rosenwal escreveu. Mas essas acareações, esses esclarecimento, tudo isso tem lugar para ocorrer. Isso se chama "processo judicial" e o que o jornalista cita nada mais é que o direito ao contraditório. O lugar disso acontecer não é na mídia, não, e na frente de juízes e dentro dos tribunais. Não tenho o menor conhecimento de causa sobre o caso para dizer se o tabelião é ou não culpado, seja lá do que for. Mas uma coisa é certa: pelo que conheço de direito, ou ele teria que ser preso em flagrante ou então teria que estar colocando em risco as investigações (até onde sei, terminaram) ou ainda deveria representar risco para a sociedade. Como não se encaixa em nenhuma das prerrogativas acima, o certo é que responda o processo e aí sim, pague pelo crime que cometeu, ou pelo contrário, permaneça com sua vida intacta pelo crime que não cometeu. O que se faz hoje via imprensa e prisões ditas "cautelares" ou "preventivas" é nada mais que pré-julgamento e condenação sumária. Sumária sim, pois depois de tudo o que já foi veiculado na imprensa e o que já foi feito com as seguidas prisões preventivas, alguém acha possível, caso fique provado que o cidadão é inocente, que a justiça seja feita? Aconteça o que acontecer, o tabelião nunca mais deixará de ser "culpado". Sempre haverá um incauto a bradar aos sete ventos que ele só se livrou porque é rico e poderoso, mesmo que ele jamais tenha tido qualquer envolvimento com o tenebroso caso da morte do cronista esportivo. Não enxergo a tal "vitória da democracia" nisso. Fazer os processos andarem mais rápido é um bom caminho. Prender antes de qualquer processo é arbitrariedade, e faz com que caminhemos exatamente no sentido contrário do que entendo por democracia. A verdade é que depois de tudo o que já foi dito na imprensa e tomado de providências com relação ao caso, impossível que esse cidadão possa ter o que chamamos de "julgamento justo" daqui pra frente. As opiniões já estão formadas e, sem dúvidas, elas refletirão no pensamento dos magistrados. Alguém duvida disso?