domingo, 22 de outubro de 2017

Estudante de Jornalismo Posta Mensagem no Facebook e Comete Suicídio

A depressão fez mais uma vítima. A jovem Dáleti Jeovana, de 20 anos, deixou inúmeros amigos e admiradores de sua postura militante na noite deste sábado, 21, após postar em uma rede social um texto metafórico sobre a vontade de "Ana" de se suicidar. A ocorrência registrada pela Polícia Militar (PM), por volta das 23h30, conta que Dáleti deixou a irmã e uma amiga com quem dividia a casa onde morava na Quadra 105 Norte em Palmas, na sala e foi até os fundos numa varanda para tomar uma ducha. Devido a demora, a irmã foi chamá-la e a encontrou enforcada.



Amigos estão consternados com a partida repentina de Dáleti Jeovana. Eles contam que a jovem relatou sentir dores físicas causadas pelo fardo de problemas diários, surtos e agressividade. "Mesmo em seus desabafos, nunca insinuou que pensava em se matar", disse uma amiga. Ela se recusava a ir ao psicólogo, apesar do incentivo e insistência dos amigos.

A jovem era órfã de mãe e o pai teve outro casamento. Trabalhando e estudando na região central de Palmas a jovem se mudou da região sul da capital, onde morava com o pai, para ficar mais próxima da Universidade Estadual do Tocantins (UFT) onde estudava o curso de jornalismo. Daléti trabalhou no jornal Gazeta do Cerrado e atualmente estagiava no Sesc Tocantins e no Resolve Palmas.

Dáleti era membro do grupo Quizomba e do Crespas. Defendia o empoderamento da mulher, a liberdade de expressão e os direitos humanos.

Veja a mensagem que ela postou no facebook

A essa hora do dia
Ana pensa em suicídio.
Ana planeja como suicidará seu sofrimento.
Ela planeja o suicídio de sua depressão, sua ansiedade.
Ana só quer ter um tempo para si, e não mais se cobrar além do limite.
Ana só quer um tempo para si, tempo de respirar, estudar, trabalhar, sem nenhuma pressão ou obrigação.
Ana só quer que cada palavra que saia da sua boca, não seja interrompida por um gaguejo de ansiedade.
Ana quer matar, quer abandonar, quer se livrar, dos laços, dos enlanços, do passado, do sapato apertado, da missa, da reza, das prisões que a cercam.
Ana quer matar o silêncio, não quer mais fingir que está tudo bem. Mas ela sabe que todos já estão cansados de seus relatos e histórias tristes.
Ana ao meio dia pensa em suicídio, o suicídio do sofrimento, da dor, da desesperança, do desespero.
Ana pensa em suicídio, suicídio, do amargo, dos trapos, da dor.
Suicídio da alma.

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