Governador mostrou-se preocupado com a falta de recursos para a área da Saúde denunciada pelo ex-ministro Arthur Chioro
Secretário de Gestão e Planejamento, Thiago Peixoto disse que as OS’s deram vida nova à gestão da Saúde em Goiás
Secretário da Saúde, Leonardo Vilela afirmou o governo de Goiás busca investir mais em atenção primária à saúde que é melhor maneira aprimorar o atendimento
O governador Marconi Perillo manifestou hoje sua preocupação com a declarada falta de recursos federais para o fechamento do orçamento do Sistema Único de Saúde – SUS – feita pelo ex-ministro da Saúde, que deixou o cargo semana passada, Arthur Chioro, em entrevista ao jornal “O Estado de São Paulo”, dias antes de sua demissão. De acordo com o ex-ministro, para fechar o orçamento deste ano o SUS precisa captar R$ 9,8 bilhões. Para o ano que vem, o déficit sobe para R$ 16,8 bilhões.
Na opinião do governador, esses números comprovam que sobrará aos governos estaduais e municipais uma sobrecarga ainda maior de responsabilidade para dar um mínimo de dignidade no atendimento à saúde da população brasileira. “Eu não conheço o ministro Marcelo Castro que foi recentemente indicado pelo PMDB para o Ministério da Saúde. Espero que ele consiga ter força e liderança política para enfrentar uma situação como essa”, comentou.
A declaração do governador foi feita durante a abertura de mais edição do Agenda Goiás, realizado pela Organização Jayme Câmara com o apoio do governo de Goiás e do Sebrae, na manhã desta terça-feira (6) na cidade de Porangatu, no Norte do Estado, cujo tema principal foi a Saúde.
Ao elogiar o ex-ministro Chioro, “um excelente gestor”, o governador alertou que o novo comandante da pasta precisa ter força para conseguir sensibilizar a equipe econômica: “Por mais que um presidente, um governador ou um prefeito tenham boa vontade, o ministro precisa ter força política para viabilizar mais recursos. Esse é um assunto muito delicado. Não adianta só a gente complementar as ações municipais com recursos estaduais”.
Ele começou o seu discurso dizendo que a saúde tem jeito. “Nós estamos provando isso aqui em Goiás. Ao tomar a decisão de adotar um modelo de Organização Social para fazer a gestão dos hospitais do governo estadual, conseguimos afastar a burocracia, principalmente a Lei 8666”, disse para completar que “ao mesmo tempo conseguimos adotar um novo regime de contratação, através da CLT, e dar a gestão dos nossos hospitais a profissionais com eficiência” e, com isso, complementou, “segundo as pesquisas sobre os nossos hospitais, os índices de satisfação ou de muita satisfação chegaram a mais de 90%”.
Para demonstrar a eficiência e a gestão desburocratizada das OS`s o governador comentou: “Eu sou de um tempo em que se gastava até seis anos para se consertar um tomógrafo ou um elevador de hospital por conta da burocracia, das restrições da Lei 8666. Recentemente um tomógrafo do Hugo I quebrou. Gastou-se apenas duas horas para que ele fosse consertado. Isso significa que centenas de atendimentos não deixaram de ser feitos por conta dessa agilidade”. E salientou que hoje o Estado dispõe de uma Central responsável tão somente pela manutenção dos equipamentos e para diagnósticos.
Marconi registrou em seu discurso que o Estado conta hoje com 17 grandes hospitais. A rede de Hospitais de Urgência de Goiás, adiantou, será completada com outros dez hospitais, dentre eles o da Região Norte, na cidade de Uruaçu, a ser inaugurado e colocado em funcionamento no ano que vem.
Disse ainda que o Estado também irá avançar na rede de Credeqs e nos Ambulatórios Médicos de Especialidades que chegarão a seis no ano que vem. “É claro que isso tudo tem que considerar custeio e manutenção. Somente o Hugol, inaugurado recentemente, consome R$ 15 milhões mensais para sua manutenção. Em um ano, o valor que gastamos na construção e nos equipamentos será consumido com o custeio. Lá são 477 médicos. Em Uruaçu nós vamos ter aproximadamente 200 médicos trabalhando 24 horas por dia.
Falando sobre a Atenção Primária à Saúde (APS), um conjunto de ações que envolvem prevenção, diagnóstico, promoção, tratamento e reabilitação dos pacientes, o governador afirmou que a estimativa atual é a de que, mais de 80% dos problemas dos cidadãos podem ser resolvidos com a Atenção Primária. Falando sobre o programa Mais Saúde para Goiás, Marconi observou ter alinhado o trabalho do Estado e das Prefeituras: “Nosso objetivo é atingir as metas globais da ONU para a dignidade e o fim das desigualdades”.
Ele salientou também que o Estado irá instituir uma nova lógica para a organização da Atenção Primária à Saúde, estreitando os laços entre Estado e prefeituras, oferecendo assistência e cobrando excelência. Espera-se com o “Mais Saúde para Goiás”, explicou, facilitar o acesso aos serviços nos municípios, reduzir o tempo de espera, barrar os encaminhamentos desnecessários e aprimorar os indicadores de saúde. “Até 2018, vamos reestruturar a Atenção Primária dos 246 municípios goianos, vamos qualificar os profissionais, ampliar a oferta de serviços e melhorar o atendimento”, declarou.
Voltando a falar sobre a necessidade de o Governo Federal investir mais recursos na saúde, o governador assegurou ser um defensor da convergência e da parceria entre as esferas de governo – União, estados e municípios. “Sou o primeiro a oferecer suporte quando o assunto é saúde pública, porque tenho consciência do papel do Estado neste debate”.
Marconi demonstrou em números as complementações que o Estado faz para o custeio de leitos de UTI`s no Estado: “A tabela SUS paga, por um leito de UTI, menos de R$ 500,00. O leito de UTI em Goiás custa aproximadamente R$ 1.700,00 ao dono do hospital. Como ele vai disponibilizar um leito de UTI para ter prejuízo de R$ 1.200,00? Estamos complementando R$ 1.100,00 para 400 leitos de UTI em Goiânia, Aparecida e Anápolis para que possamos ter leitos de UTI à disposição das pessoas”.
Destacou também que o Estado tem colaborado com as Santas Casas de Anápolis, Ceres e outras cidades. “Se não fosse a nossa colaboração, elas já teriam fechado as portas”, alertou.
O governador disse que seria importante incluir no debate, sobre o ajuste fiscal do governo federal, a garantia do pagamento da seguridade social: “É importante incluir nesse debate a questão da Saúde, porque é preciso fechar a conta da Saúde. Não dá para fazer saúde sem dinheiro. É preciso colocar inteligência para funcionar, ter bons profissionais, boas equipes, bons hospitais, bons equipamentos e ter, principalmente, dinheiro para colocar tudo em funcionamento. Esse é um debate que precisa ser travado permanentemente”.
Marconi encerrou seu discurso destacando frases do filósofo alemão Arthur Schopenhauer: “Em geral, nove décimos da nossa felicidade baseiam-se exclusivamente na saúde. Com ela, tudo se transforma em fonte de prazer”; também de Mahatma Ghandi: “A verdadeira felicidade é impossível sem a verdadeira saúde”; e de Nelson Mandela: “Democracia com fome, sem educação e sem saúde para a maioria é como uma concha vazia”.
Thiago Peixoto
O secretário de Gestão e Planejamento, cuja pasta é patrocinadora do Agenda Goiás, Thiago Peixoto, disse em seu pronunciamento que a Saúde Pública em Goiás passou a viver um grande momento depois da entrada das OS´s na gestão das unidades. “Eu acho que isso serve como exemplo de como uma boa ideia pode gerar bons resultados na saúde”.
Thiago disse que sua pasta tem discutido ferramentas de gestão que possam ser utilizadas para melhorar ainda mais a saúde em Goiás. “Todo bom médico trabalha a partir de diagnósticos e nós estamos olhando para toda a gestão pública do nosso estado, quebrando ela em micro dados por região, para, a partir daí, contribuir para avançarmos nesses indicadores. O indicador de mortalidade infantil precisa ser olhado com muita atenção. Por coincidência, essa é a região que mais conseguiu avançar na redução de mortalidade infantil do nosso estado”, informou.
Leonardo Vilela
O secretário de Saúde, Leonardo Vilela, foi pelo mesmo caminho. Segundo ele, o Estado de Goiás melhorou muito no atendimento à alta e à média complexidade com a revolução feita nos nossos hospitais públicos estaduais que são uma referência para o Brasil, estão entre os melhores do País. Essa mesma excelência nós precisamos também na atenção primária à saúde”.
Nós do governo – ratificou - temos envidado todos os esforços para isso. Em que pese toda a situação econômica do País, os repasses para as prefeituras durante o ano de 2015 têm sido feitos rigorosamente em dia. E já começamos a pagar os atrasados, aquelas parcelas que ficaram dos anos de 2013 e 2014”.
O secretário alertou: “No momento em que nós tivermos uma atenção primária à Saúde, bem feita, através de uma parceria de estados e municípios, teremos uma saúde pública de qualidade. É isso que buscamos”.
Por fim acusou que hoje, “nós temos um subfinanciamento crônico da Saúde. Cada vez mais o Governo Federal coloca menos dinheiro na área da Saúde. A Saúde está cada vez mais sob a responsabilidade dos municípios e dos estados”.