Um confronto entre os dois últimos campões da Copa do Mundo. Tradição e cinco títulos mundiais em campo. Independente do passado, a campanha na Euro 2012 foi o que trouxe as duas seleções até aqui. Como elas chegaram na Polônia? E como chegam na Ucrânia para a final?
A Espanha, como não poderia deixar de ser, chegou à Eurocopa como grande favorita. Os títulos da Eurocopa de 2008 e da Copa do Mundo de 2010 credenciaram o time para isso, juntamente com um time formado, em maioria, por jogadores de Barcelona e Real Madrid, os maiores times do mundo. Cabe lembrar que, antes de 2008, a Espanha só tinha um título na sua história, a longínqua Eurocopa de 1964.
Do time que sempre morre na praia, a Fúria virou um time vencedor e demonstrou isso até aqui na Euro. Não jogou o seu melhor futebol, não encantou, pareceu que por vezes poderia ser eliminada, mas venceu e avançou. São três vitórias, dois empates e uma decisão de pênaltis que leva a Fúria a tentar algo inédito: conquistar um título de Euro duas vezes seguidas.
Do outro lado está a Itália, que chegou a Euro como uma grande incógnita. Parcialmente renovada, a Azzurra tinha a missão de apagar o vexame de 2010, quando foi eliminada na primeira fase da Copa do Mundo da África, defendendo o título conquistado em 2006. Do time que não se esperava muito, mas que se sabia que poderia se surpreender, a Itália escolheu a segunda opção. Com atuações convincentes, mas sem muitas vitórias (são três empates e só duas vitórias) a Itália chegou lá de novo e faz a final contra a poderosa Espanha. Uma coisa o time de Balotelli provou: não se pode duvidar dos tetracampeões mundiais.
Uma final que foi estreia
Quis o sorteio que a Espanha enfrentasse, em sua primeira partida na Euro, a Itália, maior força do grupo depois dela mesma. E quis o destino e a competência das duas equipes que elas se reencontrassem na final.
Na primeira rodada, foi o confronto entre o s dois últimos campeões do mundo. O jogo foi bom, movimentado, mas a Espanha sentiu a falta de um atacante, já que Del Bosque optou por começar com Fernando Torres no banco. O time italiano saiu na frente com Di Natale, mas, quatro minutos depois, aos 19 do Segundo Tempo, Fábregas fez o gol que selou o empate espanhol na estreia da Seleção que defendia o título.
Torres até entrou no Segundo Tempo, mas a Espanha só não saiu derrotada por conta da má atuação de Balotelli, atacante italiano. Um empate que deu o tom inicial aos dois finalistas e animou. A Espanha se sentia capaz de vencer os próximos dois adversários e a Itália sentiu que poderia fazer frente à grande favorita do torneio.
O caminho até aqui - Espanha
Sobra competência, falta encantar
O segundo jogo foi o único que a Espanha encantou. Claro, foi contra a pior equipe do campeonato, a Irlanda, única a não pontuar. Tal fato, no entanto, não desmerece a Espanha, já que Itália e Croácia não tiveram as mesmas facilidades com os irlandeses. Um quatro a zero com show. A entrada de Torres na equipe foi positiva: o camisa 9 fez um bom jogo e marcou gois gols. Um de David Silva e outro de um raivoso Fábregas fecharam o placar e eliminaram o time de Trapatoni da Euro. Para os espanhóis, classificação não garantida, mas encaminhada.
QUEM FEZ A DIFERENÇA?
GOLEIRO | CASILLAS
Sempre seguro, o goleiro garantiu a classificação na 1ª fase e pegou pênalti decisivo contra Portugal. Pode ser o primeiro capitão a erguer a taça da Euro duas vezes seguidas. MEIA | XABI ALONSO
O herói das Quartas de Final. Dois gols no 100º jogo dele pela seleção. Carimbou a vaga para as semis e teve atuações seguras nos outros jogos.
MEIA | INIESTA
Seguro e regular, o meia do Barça repete as atuações da Copa do Mundo, ao contrário do companheiro Xavi e poder ser decisivo amanhã, como foi na final da Copa.
O bom futebol não voltou no jogo contra a Croácia. Pragmática, a Espanha tave bastante dificuldades com o surpreendente rival e correu risco de eliminação. No Segundo Tempo, a Itália vencia a Irlanda e uma vitória croata eliminava os espanhóis.
Casillas fez milagre em cabeçada de Mandzukic e, com o time adversário pressionando, o gol da vitória, marcado por Jesús Navas, aos 43 da segunda etapa, veio em contra ataque e selou a ida dos espanhóis as Quartas. O adversário, definido no dia seguinte, seria a França, histórico algoze dos espanhóis.
Final da Euro de 1984, Quartas de Final da Copa do Mundo de 1998 e Oitavas da Copa de 2006. Em todas oportunidades, a França eliminou a Espanha das competições. Se o futebol bonito não voltou a aparecer, a Espanha se impôs e venceu o jogo por 2 a 0, dois gols de Xabi Alonso, muito mais pela péssima atuação francesa do que por algum mérito próprio.
Mostrando, no entanto, cara de vencedora dos últimos anos, a Fúria chega as semifinais pela segunda vez consecutiva pela primeira vez na história.
A chegada à final viria de forma sofrida. O confronto do melhor time da Europa contra o melhor jogador da Europa. Se o jogo não foi bom, o embate entre espanhóis e portugueses, clássico ibérico, foi nervoso.
Um zero a zero sem grandes chances, onde a Espanha jogou na prorrogação tudo o que não fez no tempo regulamentar. Nos pênaltis, Xabi Alonso perdeu, mas Casillas defendeu um e Bruno Alves colocou outro no travessão. Fábregas fez e impediu Cristiano Ronaldo de cobrar o quinto pênalti. Como na Copa, a Espanha eliminou Portugal. Resta saber se, o ultimamente “como sempre” vai continuar e a Espanha vai conseguir o bi do torneio amanhã.
O caminho até aqui - Itália
Surpreendendo e sofrendo
O segundo jogo da Itália mostrou que o time realmente estava melhor do que o esperado. O porém, no entanto, além da segunda má atuação de Balotelli, foi que a Croácia, adversária de vez, também se mostrou muito melhor do que o esperado. O resultado? Outro empate, de novo por 1 a 1, com gol de Pirlo, descontado por Mandzukic no segundo tempo.
Se a Itália apresentava um bom futebol até aí, a vitória ainda não tinha vindo. Os dois pontos nos dois primeiros jogos colocaram a Itália em uma situação ruim para a rodada final: se Croácia e Espanha, cada uma com quatro pontos, empatassem em 2 a 2, se classificariam automaticamente para as Quartas e deixariam os italianos de fora.
QUEM FEZ A DIFERENÇA?
ZAGUEIRO OU MEIA? | DE ROSSI
Começou na zaga muito bem, foi para o meio e caiu de qualidade no meio da competição, mas fez bela partida na Semi. Defensivamente, é um dos melhores da Euro. MEIA | PIRLO
Para uns, o experiente meia da Juve é, até aqui, o craque da competição. Boas atuações, gols e uma cavadinha desconcertante. Fundamental para Prandelli.
ATACANTE | BALOTELLI
O "pereba" da Euro nas quatro primeiras partidas fez dois gols e decidiu o jogo nas Semifinal. Tem estrela e é a personagem da Eurocopa até aqui.
Espanhóis e croatas não fizeram jogo de compadres e a Itália, mesmo jogando mal, venceu a Irlanda por dois a zero e garantiu a classificação. Cassano abriu o placar e Balotelli, que havia começado o jogo no banco, fez o seu primeiro gol na competição. Classificação selada e a Inglaterra pelo caminho.
O confronto com os ingleses foi o que mais mostrou a nova Seleção Italiana. Pressionando os 90 minutos de jogo, a Itália mereceu vencer os ingleses, que só se defenderam, ainda no tempo regulamentar.
O primeiro 0 a 0 da Euro aconteceu neste jogo, mas ficou a impressão que, se passasse da decisão por pênaltis, a Itália poderia ser protagonista na Euro. Quando Montolivo perdeu a primeira cobrança temeu se a eliminação. Pirlo, de cavadinha, fez um gol que botou pressão nos ingleses, que erraram as duas próximas cobranças, o suficiente para garantir a Itália na semifinal pela primeira vez desde 1988.
Contra Espanha, Croácia e Inglaterra , a Seleção Italiana jogou bem, mas não venceu. Contra Irlanda, o time jogou mal, e venceu. A semifinal contra a Alemanha foi a primeira vez que os italianos jogaram bem e conseguiram êxito.
Dois a um sobre a poderosa Alemanha, o melhor time do campeonato até então. A classificação para a final veio de forma gloriosa, com a redenção de Balotelli, autor dos dois gols da vitória. Veio também com sofrimento. O gol de pênalti de Ozil aos 46 do Segundo Tempo ainda deu emoção aos acréscimos. Fregueses, os alemães caíram de novo na semifinal.
Os italianos já passaram por um grande time, para conquistar a Euro, basta repetir a dose. A diferença é que a Alemanha vem sempre caindo em momentos decisivos e a Espanha, por outro lado, não sabe o que é perder um jogo oficial desde a estreia na Copa do Mundo de 2010.
Os números dos finalistas na Euro 2012
3 VITÓRIAS
2
8 GOLS
6
1 GOLS SOFRIDOS
3
1 DECISÃO POR PÊNALTI
1
Fábregas, Xabi Alonso e Torres (2 gols) ARTILHEIRO
Balotelli (3 gols)
2 (1964 e 2008) TÍTULOS DE EURO
1 (1968)
1 (2010) TÍTULOS DE COPA
4 (1934, 1938, 1982 e 2006)