Silva: "Vamos para passar por cima deles"
Uma final da Copa Libertadores é, por si só, especial para qualquer jogador. No entanto, a desta quarta-feira, dia 4 de julho, entre Corinthians e Boca Juniors, será ainda mais para Santiago Silva. Isto porque o atacante uruguaio, que teve uma fugaz passagem pelo Timão há dez anos, retornará ao Pacaembu com a camisa auriazul para buscar o maior sonho de sua carreira: dar a volta por cima do 1 a 1 registrado na partida de ida e conquistar o título continental com o clube que admira desde a infância.
"Quando era pequeno, tinha um pôster do Boca em meu quarto. Aquele time, as cores, os jogadores me fascinavam. É impressionante estar aqui, agora", admitiu o jogador em entrevista ao FIFA.com. Aos 31 anos e depois de passar pelo futebol do Uruguai, da Alemanha, de Portugal e da Itália, ele se encontra diante do jogo mais aguardado de sua carreira. Uma final que, há apenas um ano, lhe foi negada de forma acidental e quase cruel.
"O que realmente está atravessado em minha garganta não é o fato de ter jogado pouco pelo Corinthians, mas sim o pênalti que não consegui converter pelo Vélez na semifinal do ano passado", revelou. Em junho de 2011, o goleador levou um inesperado escorregão no momento de cobrar uma penalidade máxima no fim do segundo tempo do jogo de volta com o Peñarol, mandando a bola por cima do travessão. No fim, a equipe argentina foi eliminada. "Foi algo incrível, que não costuma acontecer. Mas, enfim... Aconteceu comigo."
Velho conhecidoEm 2002, o Corinthians de Carlos Alberto Parreira tinha um elenco com craques como Dida, Deivid, Ricardinho, Gi e Vampeta. Era uma equipe de muito sucesso no Brasil, acumulando vários títulos naquele período. Nesse cenário, um jovem Santiago Silva, de apenas 22 anos, curtia os louros das conquistas corintianas no banco de reservas.
"Era impossível ter tempo de jogo e mostrar meu futebol sendo tão jovem em um time que rendia em um nível tão alto", reconheceu o jogador. Ainda assim, Silva disse guardar "boas lembranças" de sua breve estadia no clube paulista. Hoje, amadurecido e respeitado, este admirador de Gabriel Batistuta está mais do que autorizado para descrever o ambiente que seus companheiros encontrarão na quarta-feira.
"As pessoas (fora do Brasilnão têm a menor ideia do fenômeno que o Corinthians é no país. É igual ao Boca: tem a maior torcida de todas, uma que é muito fanática, está por todas as partes e é sempre a maioria", explicou. "Podemos esperar um clima terrível para jogar, apesar de termos jogadores muito experientes para aguentar isso sem problemas. Eles estarão muito ansiosos por ganhar sua primeira Libertadores e talvez isso possa jogar contra em algum momento."
Confiança absolutaDuas vezes o maior goleador do Campeonato Argentino – com as camisas do Banfield e do Vélez Sarsfield –, Silva chegou ao Boca vindo da Fiorentina, diretamente para encarar o desafio da Libertadores. E, apesar de ter marcado três gols decisivos nas últimas três edições do torneio, não se contenta com o que mostrou até hoje. "Estou feliz por chegar a uma final pela primeira vez, mas ainda não posso dizer que esteja satisfeito. Gostaria de ter marcado muitos mais gols. Tomara que eles cheguem no Brasil. Quem sabe depois do jogo eu finalmente possa afirmar que estou feliz da vida."
O retrospecto de seu time como visitante dá motivos para que o uruguaio sonhe. O Boca assegurou sua classificação nas oitavas, nas quartas e nas semifinais jogando fora de casa, contra Unión Española, Fluminense e Universidad de Chile, respectivamente. Isso sem contar que o clube conquistou no Brasil seus títulos continentais de 2000, 2003 e 2007. Claro que os adversários daquelas ocasiões não se assemelham muito à atual equipe do técnico Tite e Silva é o primeiro a reconhecer isso.
"Este Corinthians é um time muito parecido ao nosso, mais tático do que normalmente são os conjuntos brasileiros. Não tem um jogador que desequilibra, como o Neymar, no Santos, ou o Deco, no Fluminense, mas joga mais atrás e aposta nos contra-ataques. Em casa, eles terão que se arriscar um pouco mais e isso pode nos facilitar para ficar no mano a mano com a defesa", analisou o uruguaio, que, fiel a seu estilo, aposta tudo na vitória em sua última mensagem à torcida do clube da Bombonera. "O Boca ganhou o respeito de todo mundo conquistando títulos. Assim, iremos ao Brasilpara buscar a taça, para passar por cima deles. Se me vejo campeão? Sem a menor dúvida. Estou muito otimista."
Fonte: Site da FIFA