Falar de malandro do mal remete a um do bem. Moreira
da Silva, em composição sua e de Ribeiro Cunha, canta em “Na subida do morro”
como o ex-juiz deseja que o ministro Gilmar Mendes acredite:
Pra cachorro”.
Moro está com as quatro patas no abismo e a nação é que fica abismada
com suas estratégias para escapar do fim do poço, onde o espera Deltan
Dallagnol, o ex-procurador da República e ex-deputado que a Vaza Jato provou
ser execrável. “Malandro é malandro e mané é mané”, escreveu o filósofo
Neguinho da Beija-Flor para o sucesso na voz de Bezerra da Silva. E aí não é mané
no sentido de Garrincha, mas na falta de sentido de Deltan, que atirou-se no
destino de Moro e levou junto seus pupilos.
Gilmar Mendes e seus colegas do Supremo Tribunal Federal devem manter
distância higiênica dessa dupla. Após eventual audiência por dever de ofício,
conferir se a carteira continua no bolso da toga ⎯ se a turma
desses malucos produziu um que foi armado a sessão do STF, não custa nada
evitar crimes presenciais.
Lamber sapato de autoridade não regenera o infrator, apenas reaviva na memória
que a língua é a mesma produtora de mentiras sobre a vítima que agora o algoz
planeja seduzir como se integrasse um bando de pirralhos do Ministério Público
Federal do Paraná. Supõe-se que, diante do ministro, a mula-sem-cabeça (quer
dizer, sem cérebro, pois sobre a garganta ainda repousa a caixa craniana) surja
com vocabulário diferente do revelado no áudio da Vaza Jato.
Nem imagino as palavras do detrator tentando convencer aquele a quem
agrediu de que malandro malvado se ressocializa. Então, me valho de um pensador
moderno, Nelson Sargento, no “Idioma esquisito”. Diante de Gilmar, Moro foi: “Estrambonático, palipopético/ Cibalenítico, estapafúrdico/ Protopológico, antropofágico/ Presolopépipo, atroverático// Batunitétrico,
pratofinândolo/ Calotolético, carambolâmbolu/ Posolométrico,
pratofilônica/ Protopolágico,
canecalônico”.
O ex-juiz apela para o beija-mão por sentir na nuca da carreira o beijo da indesejada das
gentes. Consegue a proeza de unir PT e PL na construção do cadafalso. A ele,
arrastou Deltan e ficou da plateia torcendo para a corda não se partir. Os dois
pareciam viver o casamento perfeito até entrar em cena o “salve-me quem puder”
ou “voto pouco, meu mandato primeiro”. Entra em cena mais um gênio da música,
Jackson do Pandeiro, em “A mulher que virou homem”:
O conselho do pai do músico teria servido para Deltan
como as suas demonstrações de servilismo não estão sendo úteis para Moro no
triste papel de bajulador. Dias atrás, Moro incentivava o linchamento moral do ministro Gilmar, que foi quase
agredido fisicamente por ser contrário às loucuras inconstitucionais da Lava
Jato. Não era xingamento espontâneo de eventual patuleia contrariada. Havia
maestros orquestrando, Moro e Dallagnol. Desafinados, almejam se manter no
jogo. Aos 18 minutos do 2º tempo da prorrogação, expelem conversa de bêbado
para delegado com a compostura de delegado bêbado, pois se veem na marca do
pênalti.
Ainda danifica o ouvido a voz de pato rouco dando ordens a procuradores
da República para que estraçalhassem a honradez e a liberdade de cidadãos,
arrebentassem as maiores empregadoras do Brasil, prendessem ao arrepio das
leis. O mesmo ruído, num idioma semelhante ao Português, só que pornográfico e
analfabeto, ejetava comentários horríveis a destemidos que não se curvavam ao
mando do então juiz. Transcrever essas frases é prejudicial à saúde pública,
então, retornemos à subida do morro definindo a situação do que está descendo a
ladeira e cantemos com Kid Morangueira e Gilmar Mendes após sua audiência com
Moro:
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