As confusões e ações suspeitas cometidas por dirigentes da Companhia de Desenvolvimento do Estado de Goiás (Codego) parecem não ter fim.
Em abril, foi revelada uma negociação envolvendo a venda de um terreno no Daia, em Anápolis, por R$ 25 mil, quando o mesmo valia R$ 5 milhões, e que envolveu até mesmo supressão de documentos e uma série de irregularidades. O negócio foi cancelado e custou a queda do presidente Marcos Cabral e outros diretores da companhia.
Surge agora a informação de que a direção da Codego constrangeu e pressionou empresários que tem negócios com a Companhia, ou que dela dependem para aprovação de algum ato ou liberação de pagamentos, a doarem grandes quantidades de cestas básicas, alegando que tinham uma meta a bater na arrecadação de cestas para uma campanha organizada pela área social do Governo Estadual.
Um servidor da Codego, segundo ele próprio afirma: “espantado com tamanhos desmandos”, apresentou ao Gmais Brasil provas de denúncia feita por um empresário junto à Corregedoria da companhia, mas que não teria sido levada adiante, por ordem do então presidente Marcos Cabral, pois as evidências comprometeriam a ele e grande parte dos diretores.
Segundo o servidor, a denúncia foi protocolada de forma manual na auditoria da companhia. De forma manual, o protocolo pode ser suprimido e a investigação não prossegue, explica o servidor.
Na denúncia feita junto à Codego, o empresário juntou cópias impressas e um pen drive contendo cópias das conversas, por meio de um aplicativo de mensagens, com Marcos Cabral e outros diretores. Um grupo de funcionários conseguiu copiar parte do conteúdo da denúncia antes que fossem apagados. Este conteúdo foi, então, encaminhado ao Gmais Brasil pelo servidor.
Pressão e pedido de vantagens
Parte das conversas revelam a pressão feita pelos diretores Isismar Silva Gomes e Edumont Parreira Júnior, para que um empresário doasse 150 cestas básicas para uma campanha social que o Governo estava organizando, e foi estabelecia uma cota para a Codego arrecadar.
Numa das conversas, Isismar Gomes, então diretor técnico da companhia, fala com um empresário e solicita a doação de 150 cestas básicas. O empresário responde que só vai doar 10 cestas. O conteúdo da conversa sugere, não só a pressão para a colaboração do empresário, mas também que pagamentos por parte da Codego seriam liberados ou agilizados mediante a colaboração do empresário.
Na conversa, Isismar Gomes pede ainda que o empresário lhe dê algo que ele chama de “a minha parte”. Por sua vez, o empresário diz que pode “passar estes 10 mil, mais vai abater no total”.
Veja o diálogo.
Diretor Isismar: Boa noite meu caro, podemos contar com sua colaboração amanhã em cestas básicas?
Empresário: Boa noite, claro vou pedir para meu funcionário levar amanhã aí.
Diretor Isismar: Já organizamos uma compra cooperada com uma cesta de melhor qualidade e com valor mais acessível. Peço para pegarem com você a importância ou, se preferir, pode ir diretamente no mercado e passar o cartão?
Empresário: Blz, mas eu prefiro passar e comprar onde já compro para doar em outros locais.
Diretor Isismar: Eu consegui a R$ 49,50 no atacado.
Empresário: Ok, me passa o local certinho, vou pedir a minha esposa para passar o cartão lá. Irei ajudar com 10 cestas.
Diretor Isismar: Moço tira o escorpião do bolso...kkkkk. Sério, agora preciso de 150 cestas suas! Dividimos cotas para nossos parceiros. Tenho uma meta com o chefão.
Empresário: Impossível “fiote”, tô sem receber e isto ultrapassa tudo que já foi planejado.
Diretor Isismar: Mas sério mesmo, o chefão tá no meu pé. Preciso de no mínimo 100 cestas suas e daí você pode ficar tranquilo que vou cuidar pessoalmente para você receber amanhã!
Empresário: Cara não posso e não vou doar mais que 10 cestas! Acho louvável a intenção, mas não tenho condições pra isto. Se servir, conte comigo
Empresário: Não mesmo. Se eu receber amanhã posso até te passar estes 10 mil, mais vai abater no total... Já tá insustentável tanto pedido, e minha parte na prática nunca é lembrada.
Diretor Isismar: Moço tranquiliza sua cabeça, amanhã cedo tá na sua conta.
Diretor Isismar: Mas aí o meu você garante que me leva até na hora do almoço. Vamos funcionar só até o meio dia amanhã.
Empresário: Combinado
Diretor Isismar: Vou te aguardar então, pois vou viajar e vou precisar.
Em outra conversa, dessa vez com o secretário executivo de gestão integrada e chefe do Departamento Jurídico da Codego, Edumont Parreira Júnior, o mesmo empresário questiona o pedido de doação das 150 cestas, feita por Isismar. Edumont diz ao empresário que o presidente da companhia “tem uma meta a bater que foi imposta pela primeira dama”. Edumont acrescenta dizendo: “E governo, você sabe como é, o que a primeira dama pede é lei”.
Na mesma conversa, o empresário diz a Edumont que só repassará o que foi pedido por Isismar se “for organizado o combinado inicial”, ao que Edumont responde: “Amanhã estará resolvido... Dá uma ajuda para ele, que você não irá perder com isto”
Veja a conversa:
Empresário: Doutor, boa noite! Desculpe pela hora.
Edumont Parreira: Boa noite, imagina. Pois não!
Empresário: Dr. Mazinho entrou em contato me pedindo a doação de 150 cestas. Mas não tenho condições de estar ajudando nesta quantia. Quando disse isto ele não gostou muito.
Edumont Parreira: Estou ciente. O nosso presidente tem uma meta a bater que foi imposta pela primeira dama E governo, você sabe como é, o que a primeira dama pede é lei
Empresário: Concordo perfeitamente E acredito que seja um motivo extremamente nobre. Porém não posso neste momento.
Edumont Parreira: Se não pode, não pode. Temos que fazer o que damos conta
Empresário: Obrigado pela compreensão
Empresário: Está ciente dos pedidos do Mazinho hoje?
Edumont Parreira: Sim, os 10 pontos a serem alterados. Ele precisa urgente desta alteração
Empresário: Consigo apenas se for organizado o combinado inicial meu. Ele disse que amanhã cedo resolve. Resolvendo eu faço sem problemas
Edumont Parreira: Amanhã estará resolvido. E ele teve mesmo que repassar o dele. Dá uma ajuda para ele, que você não irá perder com isto.
Empresário: Ok, Dr. mas já estou no vermelho. E preciso que vocês vejam meu lado também. Só estou desembolsando e até agora nada.
As informações e documentos foram entregues ao Gmais Brasil por um funcionário da Codego que não quis se identificar e disse representar um grupo de empregados da companhia que se dizem estarrecidos com os desmandos e irregularidades que julgam estar acontecendo.
O OUTRO LADO
O Gmais Brasil entrou em contato por telefone com a direção da Codego e foi orientada a encaminhar qualquer solicitação à Assessoria de Comunicação da companhia, através do email comunicacao@codego.com.br, o que foi feito no dia 17/06.
A Assessoria de Comunicação da Codego enviou mensagem à redação do Gmais Brasil informando que não se manifestaria.
Fonte: Gmais Brasil
Um comentário:
Esse Marcos Cabral heim!!
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