De quinta-feira (19) para esta sexta-feira (20), o Ministério da Saúde registrou 283 novos casos de Covid-19 em todo o Brasil. No total do governo, são 904 casos confirmados, mas as Secretarias estaduais de Saúde contabilizam 970 até perto das 20h.
O número de mortes confirmadas pelo Ministério da Saúde subiu para 11. Mais uma vez, o governo não divulgou o número de casos suspeitos.
Para centralizar as decisões sobre infraestrutura, o governo declarou no início da noite desta sexta a transmissão sustentada do novo coronavírus em todo o país, quando não se sabe a origem da contaminação.
O ministro Luiz Henrique Mandetta prevê subida rápida no número de casos entre abril e junho.
Na videoconferência com empresários, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, voltou a falar na curva de aumento de casos que o Brasil deve enfrentar.
“O vírus faz uma curva de 90 graus quando sobe. Nós ainda não estamos nela. São Paulo está fazendo o início do seu redemoinho. A gente imagina que ela vai pegar velocidade e subir nas próximas semanas, dez dias. A gente deve entrar em abril e iniciar a subida rápida. Essa subida rápida vai durar o mês de abril, o mês de maio e o mês de junho, quando ela vai começar a ter uma tendência de desaceleração de subida. No mês de julho, deve começar o platô. Em agosto, esse platô vai começar a mostrar tendência de queda e aí a queda, em setembro, é uma queda profunda, tal qual foi a queda de março da china. Esse é o cenário que o mundo ocidental está trabalhando”.
O ministro afirmou que o sistema de saúde brasileiro, público e privado, pode chegar a uma situação de colapso no fim de abril.
“Nós temos alguns pontos fortes, nós temos um sistema de saúde presente, nós conseguimos amenizar o atendimento, nós temos um tempo para ganhar. Nós temos aí 30 dias para que a gente resista razoavelmente bem, com muitos casos, dependendo da dinâmica da sociedade, mas, claramente, em final de abril nosso sistema entra em colapso”.
Esse cenário traçado pelo ministro leva em conta o fato de que, a partir de agora, vai ser cada vez mais difícil identificar e controlar a cadeia de transmissão do coronavírus no país. Além disso, segundo o ministro, as medidas de distanciamento social e isolamento domiciliar só fazem efeito na atenuação da curva de números depois de quase um mês.
Pouco depois, em entrevista coletiva ao lado do presidente da República, o ministro da Saúde foi questionado sobre o colapso do sistema de saúde e se há transmissão sustentada no Brasil.
E explicou que só aconteceria um colapso caso o Brasil não tomasse as medidas.
“Eu estava explicando o que é colapso. Nós temos muitas forças. Se nós não fizéssemos nada, se nós não aumentássemos a nossa capacidade instalada, nós ficássemos parados, olhando, nós teríamos um megaproblema, porque esse sistema do jeito que vem, sem fazer nada, a gente colhe um colapso. Nosso sistema ainda aguentaria, mesmo com a capacidade instalada normal, por volta de 30 dias”.
Sem citar nomes, ministro criticou decisões tomadas por governadores que, segundo ele, atrapalham o combate à doença. Mandetta afirmou que as medidas que envolvem restrição a locomoção e transporte devem partir do governo federal.
“É muito possível que a gente tenha que reconhecer num momento precoce, estamos numa sustentação nacional, dizer que somos todo o Brasil, para que os comandos das linhas de transporte passem para o presidente, para o ministro Tarcísio, da Infraestrutura, para a gente garantir os corredores. Porque essa história de fecha aeroporto, fecha aqui, o estado A fecha para o B, isso não pode ser descentralizado, senão, vai virar bagunça. Isso vai ter que ter um comando central”.
No começo da noite o governo publicou uma portaria declarando o estado de transmissão comunitária do novo coronavírus em todo o país. A portaria foi necessária, segundo o ministro, para facilitar a adoção de medidas mais padronizadas pelo governo federal e governos estaduais.
“Está na hora de os brasileiros entenderem o seguinte: nós, brasileiros, estamos todos dentro do mesmo barco. A fronteira interestadual é uma mera convenção que nós fizemos. Nós vamos ter que nos atender mutuamente. Se, para isso, para que isso seja explicitado eu tenha que dizer que temos transmissão sustentada no Brasil, eu vou dizer, para que eles entendam que não é regional. A regionalidade, para nós, é um mero desenho administrativo para que a gente possa conduzir esse país dentro de uma lógica de unidade nacional e não dentro de uma lógica fragmentada, que pode interromper cadeias de abastecimento que nos são muito preciosas”.
Mandetta afirmou que o fim de semana vai ser um termômetro importante.
“Este sábado e este domingo vai ser um grande teste de maturidade da população, um grande teste de entendimento das mensagens. O final de semana cheio de praia, como a gente viu outro dia, e vamos ver esse final de semana... Eu acho que as pessoas estão gradativamente entendendo e as pessoas estão colaborando. Vamos ver se essa colaboração se cristaliza bem. E vamos com muita calma, muita calma”.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária autorizou que supermercados vendam o álcool líquido 70% por seis meses. É o mais indicado para higienizar ambientes e objetos. A venda em supermercados estava proibida desde 2002. Mas é preciso tomar cuidado com esse tipo de álcool: ele é muito inflamável e pode provocar um acidente.
“Tenham todo cuidado de não expor esses produtos às crianças porque pode voltar a ter ocorrências de crianças queimadas, adultos também que vão acender churrasqueiras e o álcool explode em alta temperatura”, disse Webert Gonçalves de Santana, coordenador de Produtos da Anvisa.
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