segunda-feira, 8 de julho de 2019

As Revelações do Pavão Misterioso


O personagem público que se apresenta como Pavão Misterioso trouxe nesse domingo uma série de prints de conversas de WhatsApp e Telegram atribuídas, segundo o personagem, a Glenn Greenwald, Davi Miranda, Jean Wyllys e Marcelo Freixo. Não temos como afirmar de antemão se o conteúdo publicado corresponde de fato a conversas reais mantidas entre as partes envolvidas. Também não temos como informar sobre os meios utilizados para a obtenção desses prints de supostas conversas.
Desse modo, entendemos que a palavra final sobre o veracidade ou não dos conteúdos publicados pelo personagem Pavão Misterioso somente poderá ser dada após eventual perícia e investigação da Polícia Federal. Feito esse disclaimer, o que se segue é um apanhado seguido de análises e conclusões nossas com base na suposição temporária da veracidade desses conteúdos.
01) Fica patente nos primeiros prints que Jean Wyllys queixa-se da falta de cumprimento de um suposto acordo que teria sido feito antes de ele renunciar a seu mandato. Um acordo que envolveria uma ajuda financeira, ajuda esta que estaria agora prejudicada em função da ação criminosa empreendida por Glenn Greenwald e seus associados contra a Operação Lava Jato e contra o ministro Sérgio Moro.




02) O suposto responsável pelo cumprimento do acordo com Jean Wyllys seria Glenn Greenwald, que se recusa a falar com o ex-deputado psolista, indicando tensões e quebra de confiança entre os membros do grupo que está empreendendo a ação criminosa.
03) Em uma das mensagens, afirma-se que uma jornalista da grande imprensa, de codinome Amanda, tem ajudado e muito a operação criminosa levado a cabo pelo grupo. Cumpre lembrar que quando saiu a primeira matéria no The Intercept com o vazamento das supostas conversas entre o então juiz Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato, a jornalista Mônica Bérgamo foi a primeira na grande imprensa a dar respaldo e guarida ao conteúdo divulgado.
04) Jean Wyllys se irrita com o envolvimento de Leandro Demori e Marcelo Freixo no questão envolvendo o compromisso que o grupo parece ter com o ex-deputado psolista. Ele diz textualmente que “o meu combinado é com GG”, em referência a Glenn Greenwald. Aqui, o reforçam-se as suspeitas de que Jean Wyllys teria vendido seu mandato.
05) Em outra suposta conversa entre Jean Wyllys e Davi Miranda, este último confessa a apreensão e temor de Glenn Greenwald por conta das operações envolvendo bitcoins, o temor de ser investigado, e faz a revelação mais enfática: um agente da Polícia Federal estaria supostamente passando informações ao grupo, tendo informado inclusive que Glenn Greenwald esteve em vias sofrer busca e apreensão.
06) Em outra mensagem fica visível o desespero de Jean Wyllys por conta de sua demanda financeira, e rechaça o envolvimento de Paulo Pimenta no caso, a quem ele chama de rato. Na mesma mensagem, Leandro Demori afirma que Glenn Greenwald estaria com problemas de liquidez, o que explicaria em parte seu estresse com a revelação há algumas semanas de uma suposta operação de esvaziamento de determinadas contas em bitcoins.
07) Em outra conversa entre Leandro Demori e Jean Wyllys, o primeiro lembra da necessidade de não deixar “pontas soltas’, leia-se: rastros de alguma operação que possa ser rastreada e identificada. Jean Wyllys insiste de novo em não envolver Marcelo Freixo, a quem chama de “aluado”. Sobre Paulo Pimenta, afirma ter “comido” dinheiro de uma certa Mônica. Glenn Greenwald indica saber que suas movimentações financeiras podem estar sendo monitoradas pelo COAF.
08) Em várias mensagens fica evidente que há duas pontas frágeis em toda a operação: o desespero de Jean Wyllys, que vive no exterior e depende de ajuda financeira vinda do Brasil, ajuda essa que não vem se concretizando. Outra fragilidade visível é de Davi Miranda, que comporta-se como garoto de recados e cumpridor de ordens de Glenn Greenwald, mas sem poder algum de decidir o rumo das ações, a despeito de ser um deputado federal.
09) Em um dos prints mais relevantes, Leandro Demori revela que Glenn está ciente que pode ir para a cadeia. Em outra mensagem, os interlocutores expressam a convicção de que Lula será solto em agosto o que, supostamente, iria facilitar a situação para o grupo.
10) Em uma conversa de um dos integrantes do grupo com Marcelo Freixo, fica claro que o grupo estaria “preparando um áudio” para atribuir uma suposta fala a Deltan Dallagnol e a uma certa juíza, e indicam acreditar que essa seria uma bala de prata que o grupo lançaria contra a Operação Lava Jato e contra o Ministro Sérgio Moro. O áudio forjado para imputar criminalmente Deltan Dallagnol estaria sendo fabricado por um certo Careca, pelo espião russo Edward Snowden (amigo pessoal de Gleen) e por Pierre, dono do site e-Bay.
11) Uma suposta conversa entre Demori e Davi mirando faz menção a Pavel Durov, dono do Telegram, que admite a vulnerabilidade do aplicativo. Pavel Durov e seu sócio vivem em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e converteu-se ao islã. Em outra conversa, é feita menção depreciativa a outro russo, que pode ou não ser o hacker citado nas primeiras mensagens publicadas pelo personagem Pavão Misterioso.
12) Existe também uma menção a uma suposta ação da Interpol. A menção é vaga e imprecisa, e pode refletir apenas o temor do frágil e assustado Davi Miranda, pois não se sabe ainda se o caso desses vazamentos está sendo de fato investigado pela Interpol.
Conclusão:
Existem outros pontos nos prints revelados que também chamam a atenção, mas reunimos aqui os itens que julgamos mais relevantes. Por exemplo, em uma das conversas com Demori, Davi Miranda admite que mentiu ao dizer que teria sido “torturado” na Inglaterra, e que fez isso apenas para fins de marketing político.

Em outro print, Demori suspeita que o personagem Pavão Misterioso é “de dentro”, ou seja, é da Polícia Federal. Em mais de um print Jean Wyllys dá a entender de seu temor de descobrirem as circunstâncias em que ele renunciou a seu mandato, reforçando assim a suspeita de que ele vendeu o mandato e que o pagante seria o próprio Glenn Greenwald.
Como dissemos no início, não podemos afirmar que o conteúdo divulgado nesse domingo pelo personagem Pavão Misterioso é verdadeiro. Quem vai decidir isso é a Polícia Federal. Mas temos razões para acreditar que o conteúdo corresponde às ações levadas adiante pelo grupo que vem empreendendo uma ação criminosa contra a Lava Jato e contra o Ministro Sérgio Moro.
Entendemos que cabe às autoridades judiciais brasileiras proceder com uma investigação rigorosa de todos os envolvidos nesse caso, que reúne todas as características de um caso de espionagem internacional com a participação de agentes públicos e privados nacionais e estrangeiros em solo brasileiro.
Um pouco antes de concluirmos esse texto, a conta do Pavão Misterioso no Twitter havia sido cancelada, de modo que restam apenas os prints feitos por inúmeros internautas e que estão circulando na rede. #PavãoMisterioso

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