Medalha de prata na maratona dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o etíope Feyisa Lilesa cruzou a linha de chegada fazendo um gesto que nem todos entenderam. Os braços acima da cabeça fazendo o formato de xis significava o apoio a protestos contra o governo.
Após a conquista, Lilesa fez duras críticas ao governo da Etiópia, que, segundo ele, assassinou dissidentes de etnia diferente. O atleta de 26 anos faz parte da etnia Oromo, que compõe um terço do país mas se considera alijada do poder, segundo informações do UOL.
"Eu apoio os protestos no meu país, estou a favor do meu povo e por isso fiz o sinal”, disse ele. "A Etiópia tem muitas nacionalidades e povos. O povo Oroma é o maior, tem mais de 50 milhões de pessoas. Esse povo não tem nenhum poder. O governo etíope os tirou de sua terra e eles estão sendo mortos pelo governo. Agora estão protestando por seus direitos, por paz, por democracia. Se as pessoas Oroma falam sobre democracia, são mortas pelo governo. Mais de mil pessoas foram assassinas em nove meses."
As críticas do atleta não foram destinadas só ao seu país, mas a outras nações também. "Estados Unidos, Inglaterra, França, todos os países da Europa apoiam esse governo. Eles recebem esse apoio e podem comprar metralhadores e matar o povo. Porque esses países não ajudam nosso povo?", questionou.
Depois da fala, o etíope foi muito cumprimentado e repetiu o gesto de protesto, mas falou que teme pela sua segurança, da mulher e dos filhos, podendo não voltar ao país.
"Se eu voltar eu sei que eles vão me matar. Se não me matarem vão me prender, ou me segurar do aeroporto. Vou conversar com minha família e amigos para decidir o que fazer. Talvez eu vá para outro país”, completou.
A dura manifestação chama a atenção principalmente porque o Comitê Olímpico Internacional veta discursos políticos dos atletas durante as Olimpíadas. Em conversa com o UOL Esporte depois, Lilesa disse que pretende repetir o gesto na cerimônia de entrega de medalhas, marcada para a noite de domingo. A previsão é que as medalhes sejam entregues por Thomas Bach, presidente do COI.
A Etiópia enfrenta uma série de protestos contra o governo desde dezembro de 2015 que se intensificaram no último mês. No mais violento deles, no fim de semana dos dias 6 e 7, mais de cem pessoas morreram ao se manifestaram em várias cidades para mostrar seu descontentamento pelas contínuas detenções e o que consideram abusos contra opositores, ativistas e políticos que apoiam a causa independentista Oromo.
Em entrevista após a conquista, Lilesa fez uma dura manifestação contra o governo etíope, acusado por ele de assassinar dissidentes de etnia diferente. O fundista de 26 anos faz parte da etnia Oromo, que compõe um terço do país mas se considera alijada do poder.
"Eu apoio os protestos no meu país, estou a favor do meu povo e por isso fiz o sinal”, disse ele. "A Etiópia tem muitas nacionalidades e povos. O povo Oroma é o maior, tem mais de 50 milhões de pessoas. Esse povo não tem nenhum poder. O governo etíope os tirou de sua terra e eles estão sendo mortos pelo governo. Agora estão protestando por seus direitos, por paz, por democracia. Se as pessoas Oroma falam sobre democracia, são mortas pelo governo. Mais de mil pessoas foram assassinas em nove meses."
"Estados Unidos, Inglaterra, França, todos os países da Europa apoiam esse governo. Eles recebem esse apoio e podem comprar metralhadores e matar o povo. Porque esses países não ajudam nosso povo?", questionou o fundista diante da imprensa internacional.
Depois de seu discurso, o etíope foi bastante cumprimentado e posou para fotos fazendo novamente o sinal com os braços. Agora, ele teme pela própria segurança e diz que não voltará mais para seu país, onde vivem sua mulher e seus dois filhos.
"Se eu voltar eu sei que eles vão me matar. Se não me matarem vão me prender, ou me segurar do aeroporto. Vou conversar com minha família e amigos para decidir o que fazer. Talvez eu vá para outro país”, completou.
A dura manifestação chama a atenção principalmente porque o Comitê Olímpico Internacional veta discursos políticos dos atletas durante as Olimpíadas.
O atleta está disposto a repetir o gesto durante a entrega de medalhas e não teme perder a premiação por se manifestar politicamente durante os Jogos. "Eu não posso fazer nada, é minha opinião. Meu país tem muitos problemas."
A previsão é que as medalhes sejam entregues por Thomas Bach, presidente do COI.
A Etiópia enfrenta uma série de protestos contra o governo desde dezembro de 2015 que se tornaram mais intensos nos últimos dias. Mais de cem pessoas morreram durante os dias 6 e 7 ao se manifestaram em várias cidades para mostrar seu descontentamento pelas contínuas detenções.
Observadores dizem que a situação na Etiópia nunca foi tão instável nos últimos 25 anos.
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