(Reuters) - O senador Valdir Raupp (PMDB-RO) propôs a realização de eleições presidenciais este ano como saída legítima para a crise política vivida pelo país, reforçando em discurso no plenário do Senado, na segunda-feira, posição já levantada por outros parlamentares.
"O Brasil enfrenta uma de suas maiores crises políticas da história recente e, ao mesmo tempo, uma grave recessão econômica. O povo está revoltado e surpreso com a paralisia do governo. Considero meu dever lançar essa sugestão", disse Raupp, cujo partido rompeu com o governo da presidente Dilma Rousseff no mês passado.
A proposta do senador prevê convocação da eleição presidencial por meio de uma proposta de emenda à Constituição (PEC), e a votação aconteceria junto com as eleições municipais já marcadas para outubro. A apresentação de uma PEC por parlamentares requer o apoio de ao menos 27 senadores ou 171 deputados federais.
Raupp disse que sua proposta ainda não é formal, mas que pode ser apresentada por um grupo de parlamentares após mais negociações. "Eu sei que falta expediente jurídico para permitir uma antecipação da eleição, mas se a presidente da República, o vice-presidente, o Congresso Nacional e o Judiciário se entenderem, isso pode ser aprovado aqui em 30 dias", afirmou o senador.
Segundo Raupp, a conclusão do processo de impeachment de Dilma atualmente em tramitação no Congresso não encerrará o acirramento político no país, independentemente do resultado. Caso Dilma seja afastada, assumirá o cargo o vice-presidente Michel Temer, que preside o PMDB.
Perguntado por repórteres na segunda-feira sobre a sugestão do senador de convocar novas eleições, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), descartou a sugestão.
“Que eleição se faria agora? Só casuisticamente, a quem interessa? A intenção do senador é boa, mas isso é uma utopia: não se pode enganar a população com ideias que não vão ter nenhum resultado prático”, disse Cunha, segundo a Agência Câmara Notícias.
A ideia de realizar novas eleições já foi levantada até pelo governo. O chefe de gabinete da presidente Dilma Rousseff, ministro Jaques Wagner, disse em entrevista a jornalistas no mês passado que a antecipação de eleições seria um caminho "mais legítimo" para se sair de uma crise de popularidade.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)
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