quarta-feira, 15 de abril de 2015

Tesoureiro do PT João Vaccari Neto é Preso em SP


SÃO PAULO e CURITIBA - O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi preso nesta quarta-feira na 12ª fase da Operação Lava-Jato. Vaccari foi preso em sua casa em São Paulo por volta das 6h e está a caminho, de carro, à superintendência da PF em Curitiba, com previsão de chegada entre 11h e meio-dia. A mulher de Vaccari, Giselda Rousie de Lima, foi ouvida na própria residência do casal, num mandado de condução coercitiva (quando a pessoa obrigatoriamente depõe). A cunhada do tesoureiro Marice Correa de Lima teve um mandado de prisão temporária emitido contra ela, mas ainda não foi localizada, informou a PF numa coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira em Curitiba. 

Além dos mandatos de prisão temporária, preventiva e condução coercitiva, um mandado de busca e apreensão foi cumprido nas residências de Vaccari e de Marice, as duas em São Paulo. Em março, a Justiça Federal havia aceitado denúncia do Ministério Público Federal e Vaccari se tornou réu sob a acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.


Irregularidades cometidas pelo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, na época em que foi presidente da Cooperativa do Bancários de São Paulo (Bancoop), de 2004 a 2010, foram apontadas pelo Ministério Público Federal (MPF) como uma das razões que levaram o juiz Sérgio Moro a decretar a prisão preventiva do dirigente petista. A Força Tarefa da Operação Lava-Jato também suspeita que a gráfica Atitude, de São Paulo, usada para produzir materiais para a primeira campanha da presidente Dilma Rousseff foi usada pelo tesoureiro do PT para lavar dinheiro desviado da Petrobras. Contribuíram ainda para a prisão movimentações suspeitas feitas pela família do tesoureiro. 

A PF e o Ministério Público do Paraná apresentaram nesta quarta-feira novos indícios que sustentam a prisão do tesoureiro do PT, como depósitos bancários suspeitos feitos em nome de Nayara de Lima Vaccari, de 27 anos, a filha do casal . De acordo com relatório da Receita Federal encaminhado à Força-Tarefa da Lava-Jato, foi detectado um significativo aumento patrimonial entre 2009 e 2014 de Nayara, que é médica. Neste mesmo período, a filha de Vaccari não declarou nenhum rendimento à exceção de uma bolsa resistente em medicina por dois anos. De acordo com a RF, o patrimônio da médica cresceu de R$ 240 mil para mais de R$ 1 milhão no final de 2013.

A casa de Vaccari, no bairro de Moema, na Zona Sul de São Paulo, permaneceu fechada desde a prisão do ex-tesoureiro do PT. A família recebeu a visita apenas de Nayara, por volta das 8h. Os vizinhos falam que o casal é bastante discreto e se mudou para a casa há cerca de quatro anos. O ex-tesoureiro não teria apresentado resistência à prisão. 

Marice, a cunhada de Vaccari, ainda não foi localizada mas, segundo os investigadores, já sabe do mandado de prisão temporária. Sob Maurice, novas suspeitas apresentadas nesta quarta-feira: a compra de um apartamento de R$ 200 mil em São Paulo, que foi revendido à construtora OAS por R$ 480 mil. Mais tarde, segundo o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, o mesmo imóvel foi vendido novamente pela OAS por menos de R$ 400 mil o que, segundo ele, “é uma operação suspeita (...) típica de lavagem de dinheiro”.

— A posição de João Vaccari é muito semelhante à de Alberto Youssef (doleiro) porque ele é um operador de um partido político num esquema da Petrobras — declarou dos Santos Lima. 

O PT ainda não se manifestou sobre a prisão de Vaccari.

Barusco e Youssef já apontaram esquema

O ex-gerente de Serviços da estatal Pedro Barusco, que também é investigado pela Justiça, afirmou em delação premiada que Vaccari recebeu cerca de R$ 200 milhões em nome do PT no esquema investigado pela Lava-Jato. As apurações da PF apontam que as propinas eram pagas por empreiteiras que firmavam contratos com a petroleira.

Segundo depoimento do doleiro Alberto Youssef, R$ 400 mil desviados pelo esquema de corrupção na Petrobras foram depositados na conta de Giselda, em 2008. Uma planilha apreendida pela Polícia Federal, no ano passado, indicou que Marice Correa de Lima também recebeu dinheiro de Youssef: cerca de R$ 244 mil, que viriam de propina da construtora OAS. 

Na última sexta-feira, em depoimento à CPI da Petrobras, o ex-tesoureiro do PT deu respostas evasivas e repetidas para defender a legalidade das doações eleitorais recebidas pelo partido e negou ter tratado sobre finanças do PT com o doleiro Alberto Youssef e ex-gerente da estatal Pedro Barusco. Os dois são delatores da Operação Lava-Jato e o acusam de ter recebido recursos decorrente de propinas pagas por empreiteiras contratadas pela Petrobras. 


No depoimento, Vaccari, no entanto, admitiu ter se encontrado com operadores do esquema de corrupção descoberto na estatal, mas evitou explicar os contatos. Na chegada de Vaccari à sala para depor na CPI, um homem abriu uma caixa e soltou ratos dentro do plenário. O homem foi detido pela Polícia Legislativa e os animais, capturados. 

Delatores da Lava Jato afirmaram que Vaccari era encarregado de recolher propina cobrada pela diretoria de Serviços da Petrobras. O diretor na época era Renato Duque, que tinha o ex-gerente Pedro Barusco como subordinado.

Barusco, que decidiu colaborar com as investigações, disse que parte da propina ficava com ele e outra parte ia para o PT. Em depoimento à CPI da Petrobras, o ex-gerente disse que ele e Duque se reuniam com Vaccari em hotéis para tratar da propina. 

A Operação Lava -Jato foi deflagrada pela PF em março e 2014 e investiga um esquema bilionário de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. A última fase da operação foi deflagrada na última sexta-feira e prendeu sete pessoas. Entre elas três ex-deputados federais: André Vargas, Luiz Argôlo (SDD-BA) e Pedro Corrêa (PP-PE).

O Globo


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