“Alfa” publicou reportagem sobre o ex-jogador Raí Souza Vieira de Oliveira, assinada por Carolina Tarrío, com título ambíguo, “A arte de ser outro”. A ambivalência não significa que não tem sentido, pois a revista está sugerindo que, ao deixar os times de futebol, Raí se tornou empreendedor social, dirigente da Fundação Gol de Letras, que “atende cerca de 1200 crianças e jovens de 7 a 24 anos, em São Paulo e no Rio de Janeiro”.
Fica-se com a impressão, porém, que a publicação da Editora Abril fez a matéria com outro objetivo — mexer no vespeiro da suposta relação homossexual entre Raí e Zeca Camargo, apresentador do programa “Fantástico”, da TV Globo. Maldosamente, uma jornalista publicou texto, que não parecia ter “apuração” alguma, com insinuações sobre a vida do ex-atleta e do jornalista. Raí a processou.
Embora reticente, Raí decidiu esclarecer a confusão: “Foi algo tão absurdo... Me irritou que divulgassem uma mentira. Não conheço o Zeca Camargo. E sou heterossexual, mas isso não me torna melhor do que ninguém”. Ao desmentir a história, possivelmente uma “armação”, ou pura leviandade, típica dos jornais sensacionalistas da Inglaterra, o ex-jogador afirma que não quer reforçar preconceitos contra os homossexuais.
Jornalista tem horror a processo, mas, onipotente, diz que não tem. No caso, a jornalista falhou duplamente. Primeiro, por ter espalhado uma “notícia” falsa — que possivelmente produziu dezenas de outras “notícias” falsas. Segundo, por ter praticamente “incriminado” Raí — como se a homossexualidade fosse crime ou motivo para discriminação. Trata-se, portanto, de assunto para os tribunais de Justiça.
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