terça-feira, 6 de dezembro de 2011

E agora, "Senhor"?


E AGORA, “SENHOR”?

Lêda Selma


E agora, VERDÃO?
O campeonato acabou,
a luz apagou,
a torcida sumiu,
a esperança esfriou,
e agora, VERDÃO?
E agora, Você?
Você que tem nome,
que zomba dos outros,
você que faz gestos,
que vinga, persegue,
e agora, “Senhor”?!

Está sem discurso,
está sem caminho,
já não pode gritar,
tripudiar já não pode,
o engodo pifou,
a Série A não veio,
o sonho não veio,
o riso não veio,
não veio a coragem,
tudo secou,
a dignidade mofou,
tempo esgotado,
entende, “Senhor”?

E agora, “Senhor”?
Sua rude palavra,
seus instantes de fúria,
sua tirania e arrogância,
sua megalomania,
sua sanha por louros,
seu trono de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, sua gana,
pois é, convenhamos,
a verdade matou.
“Senhor”, e agora?

Com a chave na mão
quis trancar a porta,
mas o esmeraldino
fez nascer o grito,
no secar do sonho
do alviverde aflito,
que sofreu demais
lá na Segundona.
E agora, “Senhor”?!

Se você parasse,
se você deixasse
o VERDÃO em paz,
se você cansasse
dessa obsessão
que sufoca e atrasa
o pobre Goiás,
mas você não cansa,
quer seguir seu tino,
você é duro, “Senhor”!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem o discurso tolo
para se escorar,
sem a mentira nua
para se safar,
só vassalos tontos
ficam ao seu lado
com o AMÉM na língua
para o louvar.
E o VERDÃO da Serra,
relegado às traças,
por sua obra e graça,
que vá se danar!
E agora, “Senhor”?

Que fuja a galope,
“Senhor” dos punhais,
este tempo triste,
marcado por nódoas,
e não se constranja
de o fazer também,
para que o VERDÃO
possa se salvar.
É agora, “Senhor”!


Cada um, Drummond, tem o seu “José”.

Copilado do blog da Poeta Lêda Selma

Baiana de Urandi, LÊDA SELMA (de Alencar) é membro da Academia Goiana de Letras (Cadeira 14), Associação Nacional de Escritores, União Brasileira de Compositores e União Brasileira de Escritores/GO. É graduada em Letras Vernáculas e pós-graduada em Linguística.



Poetisa, contista, cronista, assina, aos domingos, crônicas no Diário da Manhã. Integra várias antologias nacionais e internacionais. É verbete em diversos trabalhos críticos goianos, e, também, em obras de alcance nacional: Dicionário de Mulheres, de Hilda Agnes Hübner Flores, Porto Alegre/RS; Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras, de Nelly Novaes Coelho, São Paulo/SP e Enciclopédia de Literatura Brasileira, Afrânio Coutinho/J. Galante de Sousa, São Paulo/SP. Participou, com noites de autógrafos, em várias bienais internacionais do livro. Atualmente, é vice-presidenta da Academia Goiana de Letras. Por duas vezes, foi Diretora Cultural do Goiás Esporte Clube. Publicou 15 livros (7 de poemas e 8 em prosa).

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