quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Toloi não sai do Goiás e Hailé diz que administração é aloprada.


Foram quase quatro horas de reunião, duas cartas circulando entre conselheiros, ânimos exaltados, discussões acaloradas, críticas à atual administração e uma definição: o zagueiro Rafael Toloi, de 19 anos, não será negociado para o exterior e ficará no Goiás. Após reunião extraordinária realizada na Serrinha, ontem à noite, o presidente do Conselho Deliberativo Hailé Pinheiro não poupou o presidente Syd de Oliveira Reis. "O doutor Syd está administrando de maneira muito aloprada", disparou.
Sobre a proposta do Palermo, da Itália, por Toloi - seria de 3 milhões de euros (2,6 milhões de euros no momento da venda e mais duas parcelas de 200 mil euros) por 50% dos direitos federativos do zagueiro -, Hailé disse que "nem houve". "Um papelinho chegou aí. Se quiser fazer proposta pelo Toloi, que procure o Goiás diretamente", afirmou.
"O Toloi não será vendido. Como você vai vender seu melhor jogador na zona de rebaixamento, ou melhor, na vice-lanterna do rebaixamento?", disse.
Syd de Oliveira deixou a reunião rapidamente e nem chegou a dar longa entrevista. Visivelmente chateado com a impossibilidade de negociar Toloi, ele deixou a Serrinha logo após o fim das discussões. O presidente que ajudou a eleger em dezembro de 2008 e do qual está afastado tem agora de mudar o comportamento, segundo Hailé.
Sobre o relatório da reforma administrativa apresentado por Syd de Oliveira quinta-feira, Hailé disse: "Não tem reforma nenhuma. Tem umas demissõezinhas aí." Logo depois, se mostrou insatisfeito com a saída de Luvanor, ex-jogador do clube demitido do cargo de coordenador das categorias de base, e o remanejamento de função de Marcelo Segurado.
Hailé disse estar aberto a conversas. "Se ele (Syd) quiser conversar comigo, estou pronto para tentar achar uma solução", garantiu.
Ele se mostrou insatisfeito com a exposição de assuntos do clube. "A saída é o doutor Syd entender que tem de mudar a maneira de agir. Isso (críticas às ações ocorridas nos dois últimos anos) só traz retrocesso", comentou o presidente do Conselho Deliberativo e um dos principais dirigentes da história do Goiás.
Lembrando que a chapa que lançou em 2009 se chamava União Esmeraldina, Hailé comentou seu afastamento nos jogos do Goiás. "Não estou satisfeito. Se eu estivesse, você me via nos treinos, no vestiário, no estádio (sic)", comentou o dirigente. "Ele mudou o comportamento. Se ele precisar da minha colaboração, estou pronto para ajudá-lo, mas tem de mudar o tipo de comportamento."
Com o Goiás na zona de rebaixamento (19º colocado, com 13 pontos), Hailé resumiu a situação do clube: "Estamos desesperados."
Sobre a acusação contida na carta enviada aos conselheiros de que o Goiás foi usado para "lavagem de dinheiro" no contrato com a Luppi ."Foi inoportuna (a declaração). E se for mentira? Vem a Luppi e mete uma ação de danos morais e o Goiás vai pagar. Assim não se administra. Ou o doutor Syd muda esse tipo de administração ou o Goiás está fadado ao fracasso."
Dirigente fala em DP sobre ex-presidente
Antes da reunião extraordinária na Serrinha, Hailé Pinheiro prestou depoimento no 8º Distrito Policial, como testemunha, dentro da investigação de irregularidades na segunda gestão de Raimundo Queiroz (2005/2006), que teria deixado um rombo de R$ 20 milhões nos cofres do Goiás. Foram 2h30 de esclarecimentos e o dirigente foi acompanhado do advogado e vice-presidente do Goiás, Alexandre Iunes. Após deixar a sala do delegado Manoel Borges, Hailé disse poucas palavras. "Uma investigação nunca é boa. Sempre é desgastante", disse Hailé.
Presidente do Conselho Deliberativo na época e atualmente, o dirigente comprovou com
documentos, segundo Manoel Borges, que deu sequência à apuração das supostas irregularidades quando o órgão foi notificado da diferença entre o balanço das contas e o valor apontado por uma auditoria independente. "O depoimento esclareceu pontos controversos.
O Hailé deixou claro que, quando chegou ao seu conhecimento, determinou que essas irregularidades fossem levadas à assembleia geral exxtraordinária", comentou o delegado.
Manoel Borges explicou que, em assembleia, foi dada a oportunidade de ampla defesa a Raimundo Queiroz e que esta não convenceu os conselheiros, que decidiram rechaçar as contas apresentadas pelo ex-presidente. Isso tudo de acordo com o depoimento de Hailé. "As irregularidades têm reflexo no mundo penal. Ao final, vamos individualizar a conduta de cada uma das pessoas envolvidas.".
Luppi
Na sequência da investigação, os próximos a depor são Silvio de Oliveira, diretor financeiro na gestão de Raimundo Queiroz, e o próprio ex-presidente alviverde, hoje diretor de futebol do Santa Cruz.

Outro passo é incluir o contrato firmado entre o Goiás e a empresa Luppi, em 2006 - a empresa pagaria uma quantia no momento e investiria mensalmente nas categorias de base do clube para ter 50% dos direitos federativos de jogadores revelados e vendidos até 2011. "Também será pedida a quebra dos sigilos bancário e telefônico dos envolvidos."
TROCA DE FARPAS
Veja trechos das cartas que circularam na reunião
A CARTA DE SYD
"Várias pessoas que estiveram conosco durante a eleição nos abandonaram..."
"Este contrato (com a Luppi) teve anuência do Conselho
Deliberativo da época..."
"A Luppi era uma empresa de fachada, que não prestava contas à Receita Federal, além de haver vários indícios de que o Goiás estava sendo usado para ‘lavar dinheiro’ oriundo de adulteração de combustíveis..."
"Fui contra a contratação do atleta Fernandão, inclusive sendo trazido para a apresentação de helicóptero, o que gerou desunião no elenco, desequilíbrio financeiro e repetindo o mesmo erro cometido na contratação do Petkovic..."
"Fui impedido de negociar o atleta Vitor com o Santos em janeiro de 2009, com proposta inicial de R$ 2 milhões que chegou a até R$ 6 milhões..."
A CARTA DE HAILÉ
"... a atual administração partiu para um plano de caça às bruxas e sucessivas polêmicas administrativas..."
"Esqueceram a história do Goiás, seus fundadores e suas realizações, em tempos difíceis de uma capital em construção..."
"Estes últimos (remanejados), mesmo sem prejuízo dos salários, passaram a ter suas atividades indefinidas, gerando incompatibilidade funcional, resultado de uma política de perseguição e puro revanchismo..."

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