Cachoeira Alta vive um daqueles momentos em que a soma dos fatos fala mais alto do que qualquer discurso oficial. Em um município com pouco mais de 13 mil habitantes, a sucessão de escândalos, investigações e contratações obscuras cria um pano de fundo que explica — e muito — por que os contratos de consultoria da Prefeitura precisam ser examinados com lupa.
As consultorias milionárias e de objeto nebuloso não surgem isoladas; elas se encaixam em um ambiente político que já deu sinais claros de que algo não anda bem.
E esses sinais vêm de todos os lados.
Quando o Legislativo Caiu: Compra de Votos e Prisão do Presidente da Câmara
Recentemente, o município foi abalado por uma denúncia grave envolvendo vereadores. Segundo investigação policial, havia indícios de compra de votos dentro da própria Câmara Municipal, um esquema que comprometeria a independência do Legislativo e corromperia o processo democrático local.
A situação atingiu níveis tão graves que o presidente da Câmara foi preso, expondo uma ferida que a cidade ainda tenta cicatrizar.
Um município pequeno não absorve escândalos desse porte de forma silenciosa.
E quando o Legislativo perde credibilidade nesse grau, todas as ações subsequentes do poder público passam a ser vistas com desconfiança — inclusive os contratos de consultoria.
O Caso da Saúde: CPI, MP, Mortes e um Arquivamento que Levanta Perguntas
Outro episódio que marcou profundamente Cachoeira Alta envolveu a Secretária de Saúde do município. As denúncias foram tão sérias que resultaram:
- na abertura de uma CPI,
- em investigação direta do Ministério Público,
- e em um ambiente de tensão que envolveu, inclusive, mortes relacionadas ao contexto das denúncias.
Apesar da gravidade, o caso acabou arquivado — não por ausência de fatos, mas porque a investigação apresentou falhas processuais.
Um arquivamento por vício formal não equivale a inocência.
Significa apenas que o município perdeu a oportunidade de esclarecer o que precisava ser esclarecido.
E o resultado disso é um rastro de dúvidas.
Dúvidas que permanecem vivas e que moldam o clima político atual.
Nesse Cenário, Entram os Contratos de Consultoria
É nesse ambiente — de instabilidade política, investigações, prisões, CPI mal conduzida e processos arquivados por erros — que começam a surgir os contratos de consultoria que agora chamam atenção.
Contratos caros.
Objetos vagos.
Empresas repetitivas.
Aditivos silenciosos.
Relatórios inexistentes.
E tudo isso em uma cidade onde o básico ainda falha.
O padrão é conhecido em Goiás: quando uma gestão tem dificuldade de sustentar suas próprias decisões, surge uma consultoria para dar parecer, outra para blindar juridicamente, outra para estruturar justificativas.
É o governo terceirizando a própria consciência — e usando dinheiro público para isso.
Em Cachoeira Alta, o risco é que as consultorias não sejam apenas contratos administrativos, mas sim engrenagens de um sistema que opera nas sombras, justificando decisões, sustentando narrativas e criando camadas de proteção onde deveria existir transparência.
Uma Cidade Pequena Demais para Tantas Interrogações
Quando uma cidade vive:
- escândalo de compra de votos na Câmara,
- prisão de presidente de Poder,
- CPI da Saúde com denúncias gravíssimas,
- investigação do Ministério Público,
- mortes relacionadas ao contexto da denúncia,
- e arquivamento por falhas que impediram a verdade de aparecer,
então não dá para tratar contratos de consultoria como se fossem apenas contratos.
Eles podem — e provavelmente são — peças de uma engrenagem muito maior.
A pergunta que fica é simples, direta e incômoda:
Quanto dessa estrutura de consultorias serve ao interesse público, e quanto serve à manutenção de poder dentro de Cachoeira Alta?
O Blog do Cleuber Carlos continuará investigando.
Cachoeira Alta já viveu escândalos demais para permitir que esse também passe despercebido.


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