terça-feira, 25 de novembro de 2025

AparecidaPrev exposta: R$ 40 Milhões Aplicados no Banco Master

Instituto de previdência aplicou recursos em um banco que já apresentava sinais de risco. Caso expõe negligência, favorecimentos e a velha política de empurrar os servidores para o precipício financeiro.

Por Cleuber Carlos

Quando a Prefeitura de Aparecida de Goiânia confirmou que o AparecidaPrev tem R$ 40 milhões presos no Banco Master, liquidado pelo Banco Central após a prisão do presidente Daniel Vorcaro, não se tratava apenas de “mais um investimento ruim”.

Foi a materialização de uma decisão temerária, tomada em junho de 2024, pela gestão anterior — e sem qualquer justificativa técnica capaz de sustentar tal aposta.


A narrativa oficial tenta suavizar o impacto dizendo que “o AparecidaPrev tem patrimônio de R$ 1 bilhão”.

Mas quem conhece previdência pública sabe muito bem:

perder R$ 40 milhões não é normal.

Não é aceitável.

E principalmente: não é acaso.

🔥 A decisão: 10 anos de bloqueio, nenhum controle e um banco já monitorado

O investimento foi realizado em letras financeiras, com prazo de 10 anos, ou seja: o dinheiro foi trancado até 2034 — sem liquidez, sem margem de resgate, sem proteção imediata.


E mais grave:


Em 2024, o Banco Master já era acompanhado de perto pelo mercado.

Relatórios internos e avaliações de risco já identificavam:


  • alavancagem excessiva,
  • exposição agressiva ao crédito privado,
  • operações atípicas,
  • dependência de captação de risco alto,
  • volume crescente de investigações.

Mesmo assim, a gestão optou por colocar recursos previdenciários, que deveriam ser de segurança máxima, exatamente ali.


É a aplicação mais sensível que um gestor público pode fazer — e exatamente por isso, deveria ser cercada de rigor absoluto.

Não foi.

🧩 O elemento-chave: quem levou o AparecidaPrev ao Master?

Segundo a própria Prefeitura, o banco foi apresentado ao instituto pelo então secretário da Fazenda, Einstein Paniago, que não apenas ocupava cadeira estratégica no governo, como:

  • atuou no Conselho de Investimentos,
  • teve influência direta sobre as aplicações,
  • e chegou a presidir o AparecidaPrev.

Ou seja:

ele era a ponte, a mão, o avalista e o viabilizador do negócio.

A aplicação não caiu ali por acaso. Ela foi conduzida.

E agora, com o banco liquidado, a prefeitura precisa “habilitar-se como credora”.

Um eufemismo para a realidade:

➡️ o dinheiro público está preso,

➡️ não há garantia de recuperação integral,

➡️ e o passivo caiu no colo da administração atual — e dos servidores.

🧨 O estrago político: a conta que recai sobre aposentados e pensionistas

A prefeitura garante que “nenhum aposentado será prejudicado”.

Tecnicamente, isso pode até ser mantido — por enquanto — graças ao patrimônio geral do fundo.

Mas não nos enganemos:

Cada real perdido terá de ser reposto.

E quem repõe?

➡️ o município;

➡️ os contribuintes;

➡️ e, a longo prazo, os próprios servidores.


R$ 40 milhões equivalem a anos de arrecadação previdenciária.

Equivalem a menos saúde financeira, menos resiliência, menos futuro.

Se o Master pagará tudo?

Ninguém garante.

Liquidação extrajudicial não é sinônimo de ressarcimento integral — é sinônimo de fila.

E fila longa.

📌 O ponto central: isso não é um acidente — é política

O caso expõe um padrão que Goiás conhece bem:


fundos previdenciários como moeda de barganha,

aplicações arriscadas servindo a interesses desconhecidos,

e conselheiros transformados em despachantes financeiros.


O Banco Master não foi apresentado porque era a melhor opção técnica.

Foi apresentado porque alguém precisava que ele fosse apresentado.


E o nome dessa pessoa está documentado:

Einstein Paniago.

⚠️ O alerta: o caso AparecidaPrev é parte de um problema nacional

O g1 apontou que 18 fundos em estados e municípios diferentes tinham aplicações no Master, somando R$ 1,86 bilhão.

Isso não é coincidência.

É rede,

é assessoria interessada,

é indicador de lobby coordenado.

E quando vários fundos diferentes compram o mesmo papel de alto risco…

é porque alguém empurrou isso para dentro do sistema.

Aparecida caiu.

Outros caíram.

E todos têm o mesmo fio condutor: decisões tomadas por pessoas que deveriam proteger o dinheiro público — e falharam.

OPINIÃO – O Blog do Cleuber Carlos

A narrativa oficial tenta passar tranquilidade, mas um fato é incontornável:

Um gestor sério não coloca R$ 40 milhões da aposentadoria dos servidores em um banco que já dava sinais de instabilidade.

Não existe defesa técnica.

Não existe justificativa racional.

Não existe “foi apenas um erro”.

Foi uma decisão política,

mal explicada,

mal assessorada,

e extremamente danosa.

Agora, resta acompanhar:Se haverá responsabilização.

  • Se Einstein Paniago será investigado.
  • Se o Ministério Público chamará o caso para si.
  • E, principalmente, se os servidores terão seus direitos preservados quando a conta desse erro finalmente chegar.

Porque ela vai chegar.

E quando chegar, não será o ex-secretário quem vai pagar.

Será o servidor.

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