O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) deflagrou na manhã desta quinta-feira (5) uma operação contra um instituto suspeito de produzir e divulgar mais de 300 pesquisas eleitorais fraudulentas em 80% das cidades goianas. O órgão apura se a empresa recebia de políticos para manipular dados favoráveis a eles nos levantamentos contratados.
O instituto investigado é o IPOP - Cidades & Negócios. Quatro mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Goiânia e Aparecida de Goiânia, na sede da empresa e nas casas do dono do Ipop, Márcio Rogério Pereira Gomes, e da funcionária Karen Cristina Alves Pessoa.
O G1 contatou Márcio por mensagem e e-mail e Karen, por e-mail, às 9h30 desta quinta-feira, e aguarda retorno sobre as denúncias.
Já os advogados da empresa disseram, em nota, que "até o momento não existe qualquer tipo de mandado de prisão, apenas de busca e apreensão dos documentos para apurar se há fraude ou não na divulgação das pesquisas". Informaram ainda que estão "apresentando toda a documentação para esclarecer que não há fraude".
De acordo com as investigações, o instituto realizou, desde fevereiro deste ano, 349 pesquisas em 191 das 246 cidades de Goiás. O MP afirma que o intuito era favorecer alguns candidatos a prefeito em detrimento ao seus concorrentes.
"A operação identificou a produção de pesquisas fraudulentas e divulgação delas com o objetivo de destacar alguns candidatos apenas na frente dos seus adversários políticos", explica o promotor de Justiça Douglas Chegury.
MP deflagra operação para investigar instituto suspeito de produzir e divulgar pesquisas eleitorais fraudulentas em Goiás — Foto: Fábio Castro/TV Anhanguera
Instituto custeava as pesquisas
O promotor destaca ainda que todas as pesquisas eleitorais realizadas eram registradas junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), como manda a legislação. Porém, o fato de o instituto informar que custeava todas as despesas chamou atenção dos investigadores. Os valores giram em torno de R$ 700 mil.
"Eles faziam o cadastro no TSE, só que as informações prestadas na pesquisa não são verídicas. E o candidato, na verdade, não contratava a empresa. Pelo menos na declaração que a empresa fazia no TSE, ela informava que não havia custo por parte dos candidatos", detalha.
"É como se o candidato não tivesse pago, mas, na verdade, o que o MP conseguiu apurar é que houve pagamento por parte desses candidatos que figuraram aí na frente nas pesquisas, muitos deles, com uma porcentagem totalmente desproporcional", complementou.
Fraudes em outras eleições
O MP constatou que Márcio já havia praticados as mesmas atividades ilícitas durante a campanha eleitoral de 2016, mas em cidades de São Paulo e com uma outra empresa. Lá, de acordo com o promotor, ele também foi denunciado e chegou a ser condenado pela produção das pesquisas fraudulentas.
Diante do cenário, ele teria migrado para seguir com os levantamentos em Goiás, criando uma nova empresa.
Chegury afirmou que, em um dos casos, Márcio ofereceu seus serviços a um candidato, que recusou e depois o denunciou.
"Em um episódio, ele ofereceu seus serviços por R$ 6 mil, que seria a pesquisa e a divulgação dela em uma revista. O candidato recusou. Ele então baixou o valor para R$ 3 mil. Mesmo assim, o político não quis e depois denunciou o caso", revela.
O MP segue apurando o caso e mira políticos que teriam contratado as pesquisas. Os investigados podem responder pelo crime eleitoral fraudulenta, cuja pena de prisão é de seis meses a um ano de prisão, em caso de condenação.
MP deflagra operação para investigar instituto suspeito de produzir e divulgar pesquisas eleitorais fraudulentas — Foto: MP/Divulgação
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