quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Boeing 777-200ER Voo 370 da Malaysia Airlines o Avião Que Desapareceu Com 239 Pessoas e Nunca Foi Encontrado


“Boa noite. Malaysia três sete zero.” Aparentemente, aquela era apenas uma rotineira mensagem de despedida. As palavras foram pronunciadas por um tripulante não identificado do voo 370 da Malaysia Airlines, após breve conversa com um controlador de tráfego. Era 1h19, segundo o fuso horário local. Por volta da meia-noite, o Boeing 777-200ER havia decolado de Kuala Lumpur, capital da Malásia, em direção a Pequim, com 12 tripulantes e 227 passageiros. Dois minutos após aquela derradeira conversa, o avião desapareceu no painel da torre de comando. Era o primeiro passo no mais enigmático desaparecimento da história da aviação.

No momento do sumiço, um dos tripulantes desligou o transponder – dispositivo que envia aos radares as informações precisas sobre a localização e a identificação da aeronave. Instalados em terra firme, os radares têm alcance restrito no oceano. Sem o transponder, as torres tiveram de procurar o avião como uma agulha no palheiro. Contudo, como todos os aviões comerciais, o voo da Malaysia contava com outro sistema de localização, o Automatic Dependent Surveillance (ADS) – aparelho que envia sinais a satélites em órbita na Terra.

Esse equipamento, que não pode ser desligado, continuou dando indícios esporádicos sobre o voo do Boeing durante as sete horas seguintes. Após desligar o transponder, a aeronave deu meia volta, sobrevoando a Malásia e a Tailândia, e em seguida dobrou para o Sul, pelo Oceano Índico. E então, a 2.500 quilômetros da costa da Austrália, sumiu de vez. Nem os satélites foram capazes de localizá-lo.

Façanha sinistra

O sumiço do voo 370 despertou inúmeras teorias, nenhuma delas confirmada. No livro Goodnight Malaysia: The Truth Behind The Loss Of Flight 370 (“Boa noite, Malaysia: a verdade por trás do sumiço do voo 370”), o jornalista Geoff Taylor e o piloto Ewan Wilson põem o desaparecimento na conta do piloto, Zaharie Ahmed Shah. Após entrevistar familiares de Shah, os autores concluíram que o piloto malaio sofria de algum tipo de transtorno de humor. Teria decidido cometer suicídio, levando junto tripulação e passageiros – como o piloto alemão responsável pelo desastre da Germanwings. Mas por que um suicida voaria seis horas, após desativar o transponder, em vez de simplesmente lançar-se no mar?

A resposta dos autores é surpreendente. Shah, que se orgulhava em ter um domínio perfeito das técnicas de pilotagem, teria decidido abandonar a vida com uma façanha: fazer um avião desaparecer em pleno espaço. “Seria uma espécie de supremo triunfo póstumo”, escrevem os autores.

Segundo eles, o comandante teria trancado o copiloto fora da cabine, para em seguida despressurizar a nave. Sem ter a menor ideia do que estava acontecendo, os passageiros e os demais tripulantes teriam morrido de asfixia enquanto o avião seguia voando de forma estável. Com o oxigênio guardado na cabine de pilotagem, Shah teria conduzido o Boeing até o meio do oceano, pousando sobre as águas. Logo em seguida, o avião teria afundado intacto.

“A teoria é perfeitamente possível”, diz Thiago Brenner, professor da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da PUCRS. “Na cabine do piloto, há um mecanismo que permite despressurizar ou repressurizar o avião a qualquer momento. As reservas de oxigênio dos passageiros acabam em 28 minutos. Mas o piloto conta com uma garrafa de oxigênio que pode durar quatro horas. Depois, com todos os passageiros e tripulantes mortos, o comandante do voo poderia repressurizar a nave para seguir pilotando”. As buscas continuam. Mas o mistério continua impenetrável. Nem sequer um pedaço de fuselagem foi encontrado.


Oceano de teorias

Na parte do Oceano Índico onde o voo 370 desapareceu, há cerca de 36 ilhas desabitadas. Segundo algumas teorias, a aeronave poderia ter pousado, sigilosamente, em uma delas. Mas nenhum indício disso foi encontrado na região. Outra possibilidade é que o avião tenha sido levado por sequestradores a algum país asiático, como Paquistão ou Cazaquistão – embora os radares desses países não tenham detectado nada. “Muitos equipamentos envelhecem e podem deixar passar informações”, diz a especialista Sylvia Wrigley, autora de Why Planes Crash (“Por que aviões se acidentam”, ainda sem versão em português). Outra hipótese é que o avião tenha voado até acabar o combustível, no norte da Austrália.

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