segunda-feira, 20 de março de 2017

Ministro da Agricultura Blairo Maggi Diz Que Polícia Federal Errou e Exagerou na Operação Carne Fraca

Blairo diz que houve “exagero” em operação da PF: “Faltou calma” 
"Faltou respaldo técnico para que pudessem dar certas declarações", disse o ministro 

O ministro da Agricultura Blairo Maggi criticou a forma com que a Polícia Federal (PF) conduziu e divulgou Operação Carne Fraca, deflagrada na última semana e que apurou um esquema de pagamento de propina por parte de frigoríficos a fiscais sanitários.
A operação resultou na decretação de 38 mandados de prisão para servidores e executivos de frigoríficos, entre eles JBS e BRF, os dois maiores do Brasil.
Uma das principais críticas do ministro foi direcionada a interpretação de um áudio divulgado pela PF em que dois funcionários da BRF – dona das marcas Sadia e Perdigão - supostamente falariam sobre misturar papelão com embutidos.

Houve sim exagero na forma da comunicação, faltou respaldo técnico para que pudessem dar essas declarações

Veja transcrição do áudio:

Funcionário 1: O problema é colocar papelão lá dentro do CMS (matéria-prima para a produção de embutidos) também, né? Tem mais ainda. Só que não dá pra mim tirar. É, vou ver se consigo colocar em papelão. Agora, se eu não conseguir em papelão, dai vou ter que condenar. 
Funcionário 2: Aí tu pesa tudo que nós vamos dá perda. Não vamos pagar rendimentos isso.
Para Maggi, ficou claro que os funcionários estão falando que o papelão seria para embalar os produtos e disse que faltaram “conhecimentos técnicos” à investigação.

“A questão do papelão na carne, por exemplo, é uma coisa que não deveria nem ter sido anunciada. O que está na gravação é que o funcionário reclama que acabou as bandejas de plástico. E ele pediu autorização para colocar numa caixa de papelão ou numa bandeja de papelão. Ele mesmo diz que, se não conseguir depois aceitar esse produto, fazer com que ele seja viável, ele irá jogar fora", disse Maggi.

“Então, é isso que temos reclamado da forma como foi conduzido o processo. Houve sim exagero na forma da comunicação. Faltou respaldo técnico para que pudessem dar essas declarações”, argumentou o ministro, em entrevista concedida à Rádio Capital FM, na manhã desta segunda-feira (20).



Blairo afirmou que já conversou com o diretor-geral da PF a respeito da condução da Operação.



O ministro teria indagado, inclusive, o porquê de os envolvidos na operação não terem mantido um diálogo com representantes do Ministério da Agricultura.



“Questionamos o diretor-geral da Policia Federal, porque não chamou técnicos do Mapa para falar sobre o assunto. A declaração dele é de que eles estavam investigando pessoas do Mapa. Portanto, não poderiam alardear”, disse.



“Aceitamos as desculpas e daqui para frente precisamos trabalhar em conjunto. Acho que um pouco de calma nessas horas, nessas investigações fazem muito bem porque o risco de um prejuízo ao Brasil é de bilhões de dólares, numa coisa, num procedimento desse, que não teve a paciência de consultar o Ministério da Agricultura”, afirmou.



Operação Carne Fraca 



Deflagrada na sexta-feira pela Polícia Federal , a Carne Fraca investiga fraudes em carnes produzidas por 21 frigoríficos, vendidas no Brasil e no exterior. 



Segundo a PF, fiscais do Ministério recebiam propina para liberar licenças sem realizar a fiscalização adequada nos frigoríficos. 



A investigação indica que eram utilizadas substâncias químicas para maquiar a carne vencida, e que água era injetada nos produtos para aumentar o peso.

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