terça-feira, 28 de abril de 2015

Hidrolândia: Jovem é Libertado e Polícia Prende os Seqüestradores

Após 32 dias sequestrado, o filho do dono da Fazenda Jaboticabal, localizada em Hidrolândia, Paulo Antônio Batista, de 22 anos, foi libertado pela polícia no início da tarde desta segunda-feira (27/04) e os seqüestradores presos.

Paulo Antônio foi levado por quatro homens armados que invadiram a Fazenda Jaboticabal no início da manhã do último dia 26 de março. Após renderem a família que tomava café, os bandidos pegaram o jovem como o refém e levaram uma camionete da família, veículo que foi localizado abandonado dois dias depois em Nova Fátima.

Paulo Antônio Batista foi localizado por agentes do Grupo Anti Sequestro (GAS) da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) por volta das 14 horas em uma casa localizada em Goianira, na região metropolitana de Goiânia, que era usada como o cativeiro. 

De acordo com a polícia, quatro sequestradores foram presos durante a tarde desta segunda-feira, mas o líder da quadrilha, também já identificado, conseguiu fugir. A polícia faz buscas para localizar o suspeito.

Acompanhei de perto o trabalho de agentes da DEIC na investigação para a resolução deste sequestro. Os agentes trabalharam muito para que a história tivesse um final feliz.



Após o sequestro, os seqüestradores fizeram silencio de 10 dias. Esse é um prazo que geralmente os seqüestradores ficam sem fazer contato para deixar os parentes em desespero e prontos para pagar o resgate. Após 10 dias, veio o primeiro pedido de resgate de 2 milhões de reais. As negociações seguiram e neste momento a polícia já estava monitorando e identificando os seqüestradores.

A cerca de 15 dias, em um domingo, enquanto eu saia para uma pescaria com alguns amigos policiais, passamos na DEIC e lá estavam trabalhando no caso alguns agentes, longe das famílias, almoçando na marmitex e monitorando os seqüestradores  aguardando a prova de vida solicitada pela família. O valor do pedido de resgate já tinha caído para R$ 700 mil reais. Esse foi o momento mais tenso da negociação, pois embora todos os integrantes da quadrilha estivessem sido identificados e monitorados, a polícia não tinha ainda localizado o cativeiro,  por isso não poderia colocar a vida do jovem sequestrado em risco. A demora dos seqüestradores em fornecer a prova de vida, levantou a suspeita de que o jovem sequestrado nem pudesse mais estar vivo. A família chegou a pagar R$ 216 mil reais de resgate no dia 23 deste mês. No entanto, a quadrilha pediu mais R$ 800 mil para liberar a vítima.

A prática é conhecida entre os policiais como repique, que é quando a quadrilha de sequestradores negocia um resgate, ele é pago, mas há um novo pedido em seguida. Entre os policiais, o erro do caso foi pagar sem ter garantia de que a vítima estava viva. A única prova foi uma carta com uma digital de Paulo Antônio, o que não poderia comprovar que ele continuava vivo. No entanto, o pagamento se deu porque o aniversário de Paulo se aproximava e a família preferiu arriscar.

Os polícias conseguiram fazer fotos dos seqüestradores ligando para a família, identificaram todos os integrantes da quadrilha. Os policiais tiveram a calma e paciência necessária para somente efetuar as prisões quando o jovem sequestrado estava em segurança.

A vítima foi encontrada sozinha no cativeiro, sem que ninguém o vigiasse. Até então os policiais acreditam que apenas uma pessoa ficava vigiando o rapaz.

Os investigadores da polícia estavam na região há pelo menos dez dias e, quando descobriram o local, chamaram Paulo por três vezes até que ele respondeu, acreditando serem mesmo policiais.

Os agentes tiveram de quebrar as correntes nas quais o jovem estava preso pelos pés a um bloco retangular de concreto, parecido com uma tampa de bueiro. As correntes ficavam envolvidas por roupas. Paulo estava bastante desnutrido, magro e sem forças, já que se alimentava apenas de frutas, leite com achocolatado industrializado, bolachas e iogurtes. Ele pediu aos policiais que o levassem logo para casa, junto à sua família. 

Parte dos R$ 216 mil pagos como resgate foram encontrados em uma fazenda no município de Taquaral de Goiás, a 130 quilômetros de Nova Fátima, onde ocorreu o sequestro, e a 65 quilômetros de Goianira, onde era o cativeiro. As equipes policiais chegaram à fazenda por volta das 10h30 de ontem e prenderam quatro pessoas no local, sendo dois homens e duas mulheres.

A quadrilha que realizou o sequestro do jovem Paulo Antônio Batista tinha integrantes em pelo menos três cidades do interior goiano. Enquanto o cativeiro era em Goianira, os líderes da quadrilha ficavam em Taquaral e o restante estava em Trindade, na região metropolitana de Goiânia. Em Trindade ficavam os intermediários que serviam como mensageiros para o pedido de resgate.

O líder da quadrilha, identificado como Thiago, usava um telefone celular para entrar em contato com um primeiro mensageiro. Este tinha a missão de dar um recado a outro e este a ainda outra pessoa. Só esta última era quem mantinha contato com os familiares e realizava o pedido de resgate. O método era completado com a retirada da bateria dos aparelhos assim que a ligação era finalizada, o que dificultava o rastreamento das ligações.
Entre os presos estão os pais de um homem identificado apenas como Thiago, que seria o líder da quadrilha. Thiago conseguiu fugir do cerco policial e, até a noite de ontem, estava foragido.

Policiais encontraram armas e a quantia de dinheiro em notas de R$ 50, além de 500 gramas de maconha. Ainda não havia informações sobre o restante do resgate. Um helicóptero da polícia patrulhou a região durante a tarde na tentativa de encontrar o rapaz, que já teria tido passagem na polícia por roubo. A identidade dele também não estaria confirmada, já que entre os comparsas há quem o identifique como Fábio.



Até a noite de ontem, nove pessoas já tinham sido presas pela Polícia Civil e ainda se esperava a chegada de grupos que estavam em Trindade, junto com o delegado Kléber Toledo. O delegado Thiago Damasceno chegou à Goiânia, vindo de Taquaral, por volta das 17h30 e realizou a oitiva dos presos. A ação foi bastante comemorada por policiais e agentes de outras delegacias também parabenizavam quem participou do feito, especialmente pelo tempo e dificuldade demandada pelo caso.

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