Alerta! Rio Araguaia Pode Secar

Morte das águas

Nascentes estão desaparecendo devido ao desmatamento da mata ciliar e à ocupação das fontes

Foto: Reprodução/Edilson Pelikano/DM

A realidade segundo o Delegado, é de centenas e até mesmo milhares de nascentes do rio secando, o que pode ocasionar o fim do Rio Araguaia, num prazo de 40 anos. O Delegado afirmou que buscará soluções para poder evitar esse fim ao Rio Araguaia.

A Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema) apresentou ontem à imprensa um levantamento sobre as condições da Bacia do Rio Araguaia, com previsões sombrias para os mananciais. O trabalho foi feito por meio de análises de imagens de satélite e visitação da equipe da Dema à região. No local, foi identificada uma série de desrespeitos à legislação que protege mananciais. Imagens aéreas mostram pivôs em meio à mata, desmatamento da mata ciliar e ocupação de nascentes.

Fotografias de várias partes da Bacia do Rio Araguaia foram estudadas e mostram que, com o desmatamento, inclusive em Áreas de Preservação Permanente (APP’s), muitas fontes já desapareceram ou estão desaparecendo. Por meio dos registros, é possível ver até bois em locais que antes abrigavam nascentes. A compactação do solo, promovida por causa do peso dos animais, impedem o afloramento da água. O delegado titular da especializada, Luziano Severino de Carvalho, acredita que em função dos problemas encontrados o rio possa se tornar intermitente em 40 anos.

Foto: Edilson Pelikano

As mudanças promovidas pelo homem também têm como consequência o esvaziamento dos reservatórios naturais, formação natural que armazena água, mesmo no período de estiagem.

Outra irregularidade verificada na região foi a instalação de um pivô central – mecanismo de irrigação de lavoura – no meio da mata. No entanto, o que mais chamou a atenção dos policiais foi um desvio de aproximadamente 15 Km de extensão do Rio Vermelho, situado a aproximadamente 10 Km de Britânia, município que fica há 258 Km de Goiânia, na região noroeste do Estado. A cidade, que é dona de um dos cartões postais de Goiás, o Lago dos Tigres, pode ficar sem a beleza natural, caso ações de correção não sejam tomadas em tempo hábil.

O delegado informou ao Diário da Manhã que o prefeito da cidade já disponibilizou maquinário para trabalhos de recondução do leito d’água. Outra providência tomada até o momento foi um pedido para que o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO) faça um projeto para correção do curso do rio.

Punições

O foco dos trabalhos, a partir de agora, será na recuperação das nascentes, com o isolamento dos espaços por meio de cercas. O objetivo é impedir que o gado agrave a situação. Após a visitação de muitas propriedades, alguns produtores rurais já estão tomando este tipo de providência.

Embora a maior preocupação seja com a situação atual e o futuro das nascentes, a punição de crimes ambientais, como a instalação do pivô central em meio à mata, não está descartada. “Nós não queremos aqui criminalizar ninguém, ou seja, a maioria não será, mas precisa da adoção de medidas simples, mas urgentes. Eu vejo, por exemplo, que é preciso isolar, cercar todos aqueles reservatórios naturais de água, os baciões”, sinaliza.

Mesmo que seja punido, o autor do crime de construir em área não edificável, previsto no art. 64 da lei 9.605 de 1998, responderá por uma pena leve se comparada ao dano ambiental: detenção de seis meses a um ano e pagamento de multa.

Um dos desafios é identificar os autores dos crimes ambientais. Muitas propriedades trocaram de proprietário e como o período de degradação é extenso, esse será mais um dificultador para os agentes da Dema. Por causa do tempo, a possibilidade de punição para várias infrações já prescreveu.

DIÁRIO DA MANHÃ

DEIVID SOUZA