segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Fran Recebe Carta Aberta de Apoio de Marcella Franco do Portal R7

Querida Fran de Goiânia, tamo junto.

Já tem quase uma semana que um vídeo em que você aparece caiu na internet, mas foi só hoje que um grande amigo comentou sobre o assunto, e finalmente fiquei a par de tudo. Que confusão, não?

Aposto um braço meu que você nem imaginava que aquela noite bacana, com aquele carinha legal, pudesse acabar de um jeito tão escroto e injusto. Aliás, apesar de não te conhecer pessoalmente, sei de coisas muito importantes a seu respeito.

Sei, por exemplo, que você gostava bastante daquele sujeito, e que só por isso permitiu que ele te filmasse em um momento íntimo e privado. Que você confiava nele e acreditava quando ele dizia que aquilo era só para vocês. Que você, assim como eu e outras tantas mulheres que não têm medo de falar a verdade, também faz sexo – e gosta. Que você, assim como eu e aquelas mesmas outras tantas mulheres, às vezes não sabe lidar com o julgamento e as críticas dos que não toleram quem se expõe e é feliz assim. E, acima de tudo, que você, embora tenha uma filha e saiba o que fazer com um homem na cama, tem apenas 19 anos, e ainda enxerga o mundo sob o véu da ingenuidade.

Isso não é um problema, Fran, pelo contrário. É o que dá a cor e a beleza que sua vida tem.

A questão, na verdade, é que muitas vezes cruzam nosso caminho pessoas que pensam diferente. Não tem certo e errado, tem a diversidade, e é justamente aí que o ser humano se embanana, tropeça e pode escorregar – e o tombo, Fran, quase sempre dói à beça.

É experiência própria.

Já me chamaram de puta porque convido homens para sair ao invés de esperar que eles me chamem, já tiveram pena de mim porque dou a cara a tapa, já me perguntaram o que eu fiz para que aquele sujeito tentasse me comer à força. Hoje mesmo, quando preparava essa foto aí de cima pra você, tinha gente cochichando e rindo pelas minhas costas, tipo o que faziam quando a gente estava na 5ª série B.

Haters gonna hate, Fran, conhece essa frase? Não tem como ser unanimidade. Os machistas – e nisso se incluem homens e mulheres – vão defender até a morte o pulha que publicou o vídeo, e te chamar de vaca. Os prudentes, que nunca amaram loucamente nem leram Nelson Rodrigues na vida, vão te chamar de burra por ter se permitido filmar enquanto agradava, entregue e submissa, o homem que escolheu para adorar. As recalcadas, por fim, vão se horrorizar e dizer “nós nunca faríamos isso”.

Mentira, que elas fariam, sim. A única diferença, querida, é que o vídeo delas não seria tão bonito, natural e vivo como o seu. Força, Fran, que isso tudo já já passa e você volta a ser feliz.

Beijo,



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