Trechos do inquérito da Polícia Federal sobre a Operação Miqueias a que O POPULAR teve acesso mostram uma relação do deputado estadual Samuel Belchior (PMDB) com a lobista Luciane Hoepers – presa quinta-feira junto com vários outros integrantes da quadrilha – mais próxima do que ele admite. No dia em que estourou a operação, o deputado foi ouvido pela PF e admitiu ter tido apenas um contado com Luciane, durante almoço em Brasília.
Conforme o relatório, Samuel, que é tratado pela Polícia Federal como lobista no esquema, conversou pelo menos sete vezes com Luciane por telefone entre abril e maio deste ano.
O inquérito a que O POPULAR teve acesso mostra que em uma das conversas, no dia 17 de abril, Samuel diz que está trabalhando para ajudá-la e acrescenta que não vai lhe dar o “peixe, mas que está abrindo as portas para ela”. Eles também combinam de viajar juntos para Rio Branco, no Acre, onde o deputado informa que tem um “sócio rico e influente, não só no município, mas em todo o Estado”.
Em outra escuta telefônica, no dia 14 de maio, o deputado chama a lobista de “minha chefa” e Luciane informa que está organizando viagens à Várzea Grande e a outras três cidades no Mato Grosso e o convida para ir junto. Dois dias depois eles têm novo contato telefônico, quando Samuel passa o telefone para uma pessoa denominada de Jamil, que afirma ter recebido um e-mail da “pastinha” – mulheres jovens e bonitas usadas pelo grupo para atrair políticos e gestores – e combinam um encontro. A reportagem apurou trata-se Jamil Sebba, médico e sobrinho do prefeito de Catalão, Jardel Sebba (PSDB). Ele não atendeu as ligações e não retornou até o fechamento para dar sua versão.
Ao POPULAR, Samuel sustentou  a primeira versão dada por ele, de que conhece Luciane há cerca de cinco meses, mas que nunca intermediou contato entre ela e prefeitos. “Eu nunca agendei entrevista nenhuma para essa mulher. Não faria isso nem por necessidade, nem por nada. Estão cometendo uma injustiça enorme comigo e com a minha família”, declarou o deputado.
PREFEITO
O inquérito também revela um contato em que Luciane conta a Samuel que esteve com Daniel (Vilela, deputado estadual pelo PMDB) durante 40 minutos e que este se comprometeu a apresentá-la para o pai, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela (PMDB). Segundo ela, Daniel teria informado, porém, que é “Leandro quem cuida das coisas lá e que ela deveria levar os fundos e apresentar a ele o negócio”. A conversa de referia a Leandro Vilela, deputado federal (PMDB).

Em nota, a assessoria de imprensa de Daniel Vilela disse que ele nunca apresentou nenhum prefeito a qualquer representante do grupo alvo de investigação da PF e ressaltou que ele não é investigado. Nas degravações da PF, porém, existem trechos de conversas que apontam que o deputado pode ter se encontrado mais de uma vez com Luciane. O peemedebista admite apenas participação no almoço em Brasília, juntamente com Samuel e Leandro Vilela.
Também em nota, a assessoria de Leandro afirmou que ele nunca tratou de qualquer assunto com Luciane Hoepers, mas admite o almoço em Brasília, onde teriam conversado sobre questões relacionadas ao partido. “A citação de seu nome é mera conjectura”, conclui a nota.
Samuel Belchior e Luciane Hoepers: Caso ou Negócios?

Em um diálogo em que chama a operadora repetidas vezes de “Lu”, Samuel Belchior dá conselhos a ela para que se previna contra pessoas que apenas querem explorar a boa aparência da moça.


“Um poder grande que cê tem é a (…) físico. Então, a pessoa se aproxima primeiramente de você primeiro pelo quê? Primeiramente pela beleza sua, pessoa sua e tal, depois pelas outras coisas. Uma coisa leva à outra. Então, vá com cuidado”, orienta o deputado, que também é presidente estadual do PMDB.

Em outro trecho, Samuel alude novamente à beleza de Luciane Hoepers: “De uma pessoa como você sempre há comentários (risos)”, registra a transcrição da Polícia Federal.




Quadrilha usava modelos para atrair prefeitos e gestores

Luciane, de musa de time de futebol a isca política

Luciane Lauzimar Hoepers tinha o perfil ideal para seduzir os homens do poder. Com 1,75 metro de altura, olhos verdes e 33 anos de idade era figurinha carimbada em revistas masculinas, sites de ensaios sensuais e programas de TV. Em 2012, foi musa do Avaí, time de Santa Catarina, em um concurso de beleza relacionado a futebol. Segundo a Polícia Federal, o grupo que desviou R$ 50 milhões pelo Brasil usava mulheres bonitas como Luciane para se aproximar de prefeitos e dos gestores dos fundos de pensão.



Fonte: Jornal "O Popular"