Mas o roteiro começou muito antes de a bola rolar. Porque não basta ser filha, tem de participar. Zelosa, esperou o imponente ônibus da Arena invadir o estádio só para dar um abraço e um beijo em Renato. Era a sua dose de "boa sorte".
- Bom jogo, pai - desejou, simples, direta e, acima de tudo, sincera.
No camarote, mas com o espírito da geral
Além dela, dois irmãos e um sobrinho, vindos de Bento Gonçalves, apoiaram "in loco" o parente ilustre. Mas, convenhamos, a estrela é Carol. Embora o desejo de assistir ao jogo do espaço da geral - setor mais popular da Arena -, Carol atendeu os anseios do pai e optou por uma acomodação mais confortável, nos camarotes, ao lado do empresário de Renato, Gerson Oldenburg.
Mesmo longe da fatia mais agitada do estádio, Carol improvisou. Além da camiseta que trajava, uma sugestiva camisa 7, alusiva ao número imortalizado pelo pai quando campeão de mundo em 1983, ela levava outro manto tricolor nas mãos. A cada lance de perigo ou iminência de gol, ensaiava se levantar da estofada cadeira azul para balançar a camiseta, embalada pelas canções de apoio da geral.
Se Carol gosta da geral, a Arena inteira ficou de joelhos para a filha do ídolo máximo. Tanto que, do meio do anel inferior, surgem três placas: "Carol Portaluppi, casa comigo... e comigo também". Pobre Carol, não pode agradar a todos. Ao menos esses três pretendentes parecem cumprir os dois requisitos básicos, anunciados por ele em meio ao frenesi do treino de sexta:
- Hoje estou solteira, encalhada (risos). Mas meu futuro marido tem que ser gaúcho. E gremista, claro, se não nem entra lá em casa.
Por falar em casa, a Arena é o seu segundo lar. Identificação imediata. E não só isso. Virou pé-quente também. Bem diferente da final do Gauchão de 2011, quando acompanhou a decisão dos pênaltis contra o Inter ao lado do pai, à beira do gramado. Não teve sorte. Desta vez, sorriu. Sem antes sofrer muito com a pressão do então líder do campeonato até o último minuto dos intermináveis acréscimos de Paulo César Oliveira.
- Quase morri - disse ela, sorrindo como os outros 30 mil gremistas satisfeitos com os três pontos.
- Minha filha está aí e mostrou que é pé-quente. Falei para ela que, se perdêssemos, ela não voltava mais - brincou Renato.
Ciumento, Renato proíbe contato com grupo
Depois de acompanhar treino, recepcionar o pai na chegada ao estádio e torcer como nunca, Carol não poderia ficar fora do ato final, a entrevista coletiva. Sentou com Renato na bancada, em frente a dezenas de jornalistas na sala de conferência da Arena. Mas ficou distante, na ponta da mesa, deixando o treinador centralizado, como a indicar que, ao menos ali, a estrela era o pai.
Pai coruja, sim. Mas também pai ciumento, que não deixa a filha entrar em contato com os jogadores, por exemplo. Ela mesmo revelou aos microfones:
- Ele é ciumento. Estou aqui no cantinho, não posso nem falar com ninguém, nem parabenizar, mas fica aqui os meus parabéns para toda a equipe.
Protetor, Renato deixou a coletiva de 20 minutos pegando a filha pela mão. O Furacão Carol ruma ao Rio de Janeiro, onde mora, mas isso não quer dizer o fim:
- A torcida estava linda. Foi muito legal. Ficamos muito tensos, houve sofrimento, mas valeu a vitória. Espero voltar.
Fonte: Globoesporte.com