quinta-feira, 27 de junho de 2013

Sem Respeito Pela História de Goiânia Prefeito Paulo Garcia Manda Demolir Prédio Histórico da Capital

O casarão, que não é tombado como patrimônio histórico, deve ser demolido nesta quinta-feira (27)
Crédito: Google


Por Elvis Marques

Goiânia caminha para os 80 anos com algumas memórias, de alvenaria, destruídas. De acordo com a arquiteta e coordenadora técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de Goiás, Beatriz Otto de Santana, há pouquíssimas construções históricas das décadas de 30 e 40 na região central de Goiânia.


A afirmação da coordenadora técnica chega juntamente com a notícia da demolição de uma casa na Rua 20, promovida pela Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Semob). A casa histórica abrigou por décadas a família Sabino. Segundo a Prefeitura de Goiânia, essa é uma ação para levar mais seguranças aos moradores da região.


Conforme informações do órgão, a demolição, marcada para esta quinta-feira (27), deve ocorrer para evitar que locais inabitados se tornem ponto de encontro de usuários de drogas e prostituição. “O local era conhecido por ser a antiga residência do ex-desembargador Homero Sabino que, ao contrário de informações divulgadas erroneamente, não é um imóvel tombado pelo Iphan”, informou a Prefeitura da capital.

A casa


A residência, localizada entre vários prédios, apesar de sentir o reflexo do tempo, ainda atrai admiradores e inconformados com a ação de demolição. Lidiana Reis é produtora cultural, além de ser vizinha da casa laranjada há quatro anos. “Estou muito indignada! Porque faz parte da história da capital e da Rua 20. Já estava triste por a casa estar largada”, relatou a produtora.


Lidiana Reis afirma que o local não é usado por usuários de droga, e sempre quando passa pela residência vê apenas um homem sair de motocicleta. “Passo na porta do local todos os dias, lá mora um homem há muitos anos. Ele aparenta ser um trabalhador, que sai da casa pela manhã e chega durante a tarde, também de motocicleta. Onde realmente sinto medo, é próximo a Catedral”, explicou Lidiana.


Proprietários


Um dos proprietários da residência, o desembargador aposentado Homero Sabino, afirmou que são vários os herdeiros a propriedade, e que a demolição foi pedida depois de várias incidências de bandidagem na moradia. Ainda segundo Homero, já faz mais de quatro anos que ninguém mora no local, e que a restauração custaria aproximadamente R$ 1 milhão. Dinheiro que, conforme relato do desembargador aposentado, ele não tem e que a prefeitura também não.


Beatriz Otto de Santana, do Iphan, relatou que a propriedade não é uma área tombada pelo instituto, e também não se encontra próxima de nenhum patrimônio histórico reconhecido pelo órgão. “Nesse caso o processo é analisado pela prefeitura, e hoje não temos nenhum bem particular tombado na capital. Lamentamos que edifícios que fazem parte da formação de Goiânia estão desaparecendo”, ressaltou Beatriz Otto.


A equipe de reportagem tentou contato com a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Semob) para obter mais esclarecimentos sobre a demolição do imóvel, porém não obteve êxito, porque funcionários da assessoria de imprensa do órgão não sabiam informar sobre a ação.

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