terça-feira, 4 de junho de 2013

Repórter Diz Que "Colegas" da Imprensa Têm Medo de Perguntar e Levantam a Bola Para Felipão


Técnico Luiz Felipe Scolari chamou pergunta de piada 
(Imagem: Reprodução/ESPN.com.br) 
Piada”. Foi assim que o técnico da seleção brasileira de futebol, Luiz Felipe Scolari, se referiu à pergunta do repórter Rodrigo Campos, da Rádio Manchete (760 AM no Rio de Janeiro), durante a coletiva realizada na tarde desse domingo, 2, após empate com a Inglaterra, no amistoso que marcou a reinauguração do estádio do Maracanã. 

O treinador não gostou de ouvir se teve medo de perder a partida ao tirar atacantes para colocar volantes.

Ao ser questionado sobre as substituições, Felipão, aparentemente irritado, afirmou que “esqueceu o direito de tentar a virada” e que monta o time “para não perder”

Em relação à postura do comandante da seleção, Rodrigo Campos acredita que a irritação e o mau humor do técnico são “muito mais marketing do que propriamente real” ou “estratégia para desviar o foco”. O repórter de rádio não consegue ver motivos para que o treinador seja “tão rabugento”.

Em entrevista ao Comunique-se, Campos conta os detalhes do bate-boca que teve com Felipão, critica colegas de trabalho que fazem perguntas para “levantar” os treinadores e conta que ninguém da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) foi conversar com ele após a coletiva desse domingo. O jornalista também avalia a parte técnica da seleção, e aposta que Scolari ainda conseguirá organizar o time.


Confira a íntegra:

Quando treinava o Palmeiras, o Felipão chegou a chamar perguntas de piadas e classificou jornalistas como palhaços. Essa postura demonstra que o treinador da seleção está criando problemas desnecessários com a imprensa, em vez de trabalhar para montar um time não medroso?

Esse mau humor dele é muito mais marketing do que propriamente real. Ele não pode ser tão rabugento desta forma. Dirige a melhor seleção do mundo, vive em um país maravilhoso, tem uma boa família, está bem financeiramente. Se não for marketing, é uma estratégia para desviar o foco. Pena que muitos jornalistas gostam desse jeito pouco educado dele. Ou temem retaliações de alguma parte. Felizmente, não me incluo neste grupo.

Por falar em retaliações, depois do ocorrido, o blog do Cosme Rímoli, no R7, afirma que o diretor de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva, pediu para retirarem o microfone de você? Procede? Depois da coletiva alguém da CBF foi conversou contigo?

Existe uma recomendação para que seja feita apenas uma pergunta [por repórter]. Como ele usou da ironia para me responder, sendo agressivo e debochado, tentei argumentar sobre a intenção. Não satisfeito, ele disse que aquilo era uma piada. Ninguém da CBF me procurou. E fico feliz por isso. Nunca penso em dar satisfação sobre o meu trabalho a ninguém além do meu verdadeiro alvo: o ouvinte.

Você diz que muitos jornalistas gostam do jeito do Felipão ou que temem retaliações. Acredita que a postura de parte da imprensa esportiva, de não fazer perguntas mais incisivas, contribui para a postura de treinadores e dirigentes?
Rodrigo Campos garante que repetiria a pergunta 
(Imagem: Arquivo Pessoal - Rodrigo Campos)
Lógico. Felipão e Muricy [Ramalho, ex-técnico do Santos] são dois treinadores que crescem em cima de jornalistas que não reagem ao jeito estúpido. Muitos colegas preferem uma pergunta daquelas que levantam o treinador, seguido de sorriso e tapinha nas costas, por achar que com isso vão ganhar a simpatia do treinador. Isso não combina comigo. Respeito todos os treinadores, dirigentes e jogadores. No entanto, não faço rádio pra eles. Meu patrão é meu ouvinte. A ele, sim, eu devo satisfação. Por ele, pergunto o que ele gostaria de perguntar.



Com a argumentação irônica do Felipão e depois de horas coletiva, você refletiu sobre o caso? Faria a mesma pergunta?

Sim, refleti e teria as mesmas atitudes. Mesmo correndo o risco, por conhecer bem a figura, de levar outra patada. Nunca deixo de perguntar aquilo que imagino ser a dúvida do torcedor.

No mundo perfeito da crônica esportiva, quando um treinador chama uma pergunta de piada, todos os jornalistas presentes na coletiva devem abandonar a entrevista?

Todos precisam de material para suas respectivas redações. Não sei se essa seria a melhor atitude [abandonar a coletiva]. Respondendo por mim, a melhor coisa a se fazer é insistir na pergunta. No entanto, acho pouco inteligente da parte de uma pessoa pública querer mostrar tanta arrogância. Isso cada vez mais afasta o torcedor da seleção. Como jornalista, estou sempre pronto para perguntar. Sem ofender.

Sobre a parte técnica. O Felipão está preparado para a Copa do Mundo?

Até agora, não. Mas acho que ainda há tempo para ele se organizar e montar um bom time.

O que ele precisa fazer para a equipe jogar bem e vencer adversários do nível da Inglaterra?

O Felipão precisa ter mais audácia, coerência na hora de escalar e inteligência na hora de modificar o time.

Fonte: Portal Comunique-se


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