sábado, 8 de junho de 2013

A Internet Primeiro Massacrou a Mídia Impressa; Agora é a Vez da TV.


Gugu pertence a um mundo em desintegração
A saída de Gugu da Record é um marco no mundo da mídia, menos por ele e mais pelas circunstâncias.

O que está dito, ali, é que a Era Digital, depois do massacre da mídia impressa, vai avançar ferozmente sobre a televisão.

A lógica é a mesma, e o roteiro também.

A internet reduz a audiência da tevê e, com isso, deixa insustentáveis os patamares de receitas publicitárias com os quais as emissoras se habituaram.

Lembre. Se a mídia impressa tinha outra fonte de receita – os assinantes – a tevê aberta depende da publicidade.

E o crescimento avassalador da internet levou num primeiro momento os anunciantes a deslocar seus investimentos da mídia impressa para o universo digital.

Concluída essa transição, a próxima vítima do deslocamento das verbas é a tevê. Não há BV, não há nada capaz de convencer anunciantes a colocar dinheiro em programas de tevê que ninguém mais vê.

Alguns anos atrás, a queda da tiragem dos jornais e das revistas prenunciavam o desastre publicitário. Agora, é o colapso generalizado das audiências de televisão.

Parece que as audiências de 60%, 70% da Globo pertencem a uma passado remoto. Quase todos os campeões de Ibope da emissora são uma fração do que foram.

Repare quantas vezes você lê que uma novela teve o pior Ibope da história, ou que o Faustão desceu ao abismo da audiência lado a lado com o Fantástico e outras marcas que vão sumindo das conversas e se tornando anacronismos na Era Digital..

Recentemente, vimos o esforço da Globo para promover o novo programa de humor. O resultado do empenho se traduziu numa medíocre audiência de 12%, e que aponta para baixo.


No passado, as pessoas guardavam o domingo para o Fantástico

Num artigo publicado na última edição da revista americana GQ, o jornalista e escritor Michael Wolff prestou um tributo a um ‘mundo morto’ em sua Nova York – aquele em que a capa da Time era esperada com ansiedade, e em que os figurões da mídia tradicional eram reverenciados.

“Acabou”, lamentou ele. Ninguém mais na cidade conhece os jornalistas que causavam sensação. Quanto à Time, a empresa proprietária tentou se desfazer dela, mas não encontrou comprador.

Uma visita ao imperial prédio da revista mostrou a Wolff que a redação estava com aparência desoladora. Ele notou, melancólico, até a sujeira provocada por restos de fast food.

O sentimento de fim dos dias de que fala Wolff é facilmente percebido também no Brasil.

Quem ainda lê revista, quem ainda assina jornal — quem reserva a noite de domingo para ver o Fantástico?

As demissões que se estão sendo feitas nas empresas de mídia apenas refletem esse cenário.

Não se trata de enxugar para se curar. Trata-se, isso sim, de enxugar para adiar a morte.

É dentro desse quadro fúnebre que se deve entender a saída de Gugu da Record.

Não cabe, nele, um salário de 3 milhões de reais, fora as despesas de produção. Onde a audiência para convencer os anunciantes a comparecer, onde o dinheiro para honrar a folha de pagamentos?

Onde a esperança de qualquer melhora no futuro?

A desintegração do mundo da mídia tal como o conhecemos vai ser um processo longo, sangrento, sofrido.

Com o tempo, as coisas vão se ajustar digitalmente. O jornalismo não está morrendo, por exemplo, ao contrário do que alguns dizem: está migrando de plataforma, apenas.

Mas até que a nova ordem se estabeleça, no espaço de alguns anos transientes que serão turbulentos para os velhos protagonistas, muito drama ocorrerá sob nossos olhos.

Paulo Nogueira publicado no Diário do Centro do Mundo:

Um comentário:

Control C disse...

Há informações sérias dizendo que a Capricho, Playboy e muitas outras revistas sairão de circulação nos próximos dias acompanhados do canal da MTV Brasil