quinta-feira, 9 de maio de 2013

Jadson no Centro das Atenções

Acredite: há casos em que um jogador conquista 12 troféus em sete anos e, no mais importante deles, faz o gol decisivo na prorrogação de uma final internacional e é eleito o melhor em campo, disputa uma Copa América pela Seleção, e, ainda assim, parece não ser o bastante para ser reconhecido em casa. Pergunte ao Jadson.


“Tinha aquela desconfiança”, relembra, em entrevista ao FIFA.com, o meia do São Paulo, sobre quando sua contratação foi anunciada pela equipe no começo de 2012, vindo do Shakhtar Donetsk, da Ucrânia. “Lá eu consegui vários títulos, mas a visibilidade não era muito boa. Um dos motivos para eu voltar foi para ter esse chamariz, num clube de primeira o Brasil e no mundo.”


Bem, visibilidade é o que não tem faltado ao jogador nas últimas semanas. O meia e o clube tiveram de dividir concentração durante semanas com o Campeonato Paulista e a Copa Libertadores, com o jogo de volta contra o Atlético Mineiro, pelas oitavas de final do torneio continental, tentando mais uma reação pela vaga. O paranaense de Londrina não vê problema nenhum: “É uma decisão atrás da outra, mas voltei por isso, mesmo”.


Para quem acompanha
É um momento diferente para o camisa 10 do São Paulo, mas não que ele não esteja habituado a esse tipo de partida e ao clima de decisão. Revelado pelo Atlético Paranaense em um momento de ascensão nacional do clube, foi campeão estadual e vice do brasileiro, mas não chegou a ter um cartaz nacional, até por ter ido embora cedo, aos 21 anos, e para um destino que ainda era incomum no mercado europeu.


Na Ucrânia, dentre uma legião de brasileiros, Jadson foi fundamental para o Shakhtar estabelecer um período hegemônico raramente visto no futebol atualmente. A partir deste domínio territorial, então, a equipe se sentiu confortável para expandir sua área de atuação, sendo bem-sucedida rapidamente.



Em 2009, ganharam a Copa da UEFA, com o meia sendo o protagonista. Foi dele o gol da vitória na prorrogação por 2 a 1 sobre o Werder Bremen, de Mesut Oezil, em Istambul. Nos anos seguintes, o time enumerou bons resultados já no alto escalão, pela Liga dos Campeões. Ainda assim, estar distante dos grandes centros, cujos campeonatos são transmitidos com muito frequência, era um entrave. “Quem sempre acompanha o futebol sabe o que fiz no Shakhtar, a história que conquistei lá, mas muitos não conheciam. Vim com o objetivo de mostrar meu futebol aqui, para que fosse valorizado."



Mais perto
Esse distanciamento do grande público é o que faz Jadson acreditar que tenha lidado com uma certa ressalva por parte dos torcedores do São Paulo em seu início de trabalho na temporada passada, depois de sete anos no Leste europeu. O que não abalava sua autoestima. “Quando cheguei, criou-se uma expectativa muito grande, e claro que há sempre a pressão. Mas acho que minha contratação pelo São Paulo foi de peso, foi boa. Com o tempo, fui ganhando a confiança deles.”



Sob o comando de Ney Franco, o clube do Morumbi se acertou aos poucos também, até encontrar seu melhor futebol no segundo semestre e partir para uma conquista inédita, a da Copa Sul-Americana, tendo em seu camisa 10 alguém indiscutível há meses. 



Com a saída de Lucas e a promoção de Ganso ao time titular, um novo período de ajustes foi necessário, em campo, até que os dois se entendessem e passassem criar boas tramas em conjunto – e os 30 primeiros minutos de jogo contra o Atlético no Morumbi foram a prova disso, rendendo um gol para Jadson, que depois acabou ofuscado pela virada sofrida. Para o meia, uma coisa é certa: movimentação é o que não vai faltar, independentemente da proposta de jogo da equipe. “Meu jeito de jogar sempre foi esse, não tem como mudar. Vou tentar me movimentar sempre o máximo possível. Porque assim você dá opções para os companheiros tocarem e cria espaços para tentar um drible, ou um chute a gol.”


Uma final também particular
Tentando ser o primeiro time a derrubar o Atlético no renovado Independência, o São Paulo vai precisar disso e mais um pouco. “Claro que vai ser um jogo difícil. O Atlético fez a melhor campanha na fase de grupos, mas nossa equipe já conseguiu sair de uma situação ruim. A gente tem de dar o nosso melhor, sem erros, para que possa tentar a classificação.”


Uma boa apresentação em Belo Horizonte, inclusive, pode valer não só a vaga para seu time, como também pode ajudar Jadson em outra de suas decisões. Essa mais particular: uma luta por espaço na convocação de Luiz Felipe Scolari para a Copa das Confederações da FIFA 2013. Inclusive, foi na própria capital mineira que ele pôde mostrar serviço diretamente para o técnico da Seleção, no empate contra o Chile, depois de ter causado boa impressão em vitória contra a Bolívia, sendo elogiado publicamente.


“Meu objetivo sempre foi esse. Além de aparecer no São Paulo, ter a chance de retornar para a Seleção. Felizmente comecei bem a temporada e tive a oportunidade. Fiquei muito feliz de o Felipão ter reconhecido meu trabalho. Tentei chamar a atenção dele”, afirma o meia, que não defendia a Seleção desde a Copa América de 2011.


“Você fica ansioso, nas expectativa. O Felipão já falou que tem na lista na mente dele e estou esperando. Mas é claro que foi só um jogo. Há muitos jogadores de qualidade, e eu tenho de mostrar muito mais aqui no São Paulo, dar sequência, porque ele está acompanhando tudo."


Nesse caso, para Jadson, não tem muito jeito, mesmo. A vitrine ele já conseguiu. Agora é se manter fiel a sua própria receita, mesmo: uma final depois da outra, mas uma coisa de cada vez.

Fonte: FIFA

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