quarta-feira, 20 de março de 2013

Nova Norma Permite às Seguradoras Reaproveitar Peças Usadas Nos Reparos de Carros Batidos

Até junho, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) deve votar uma norma que permitirá às seguradoras de veículos usarem peças usadas na reposição de sinistros em carros com mais de três anos de uso. A medida deve impactar diretamente no custo dos seguros e já se estima que possa haver uma redução de até 30% nos valores comercializados das apólices. Em Goiás, a frota que poderá ser beneficiada com a regulamentação supera os 2 milhões de veículos, segundo dados de 2010 do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).


De acordo com a Susep, os critérios para o uso das partes recondicionadas ainda estão sendo definidos. Mas já é certo que, antes de serem reaproveitadas nas oficinas credenciadas pelas seguradoras, as peças deverão ser certificadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Desta forma, mesmo usadas, terão garantia de qualidade e potencial.


O presidente da Federação Nacional dos Corretores de Seguros Privados (Fenacor), Armando Vergílio, explica que, hoje, como as seguradoras são obrigadas a usar peças originais novas na reposição de sinistros, o reparo de um carro 2007 acaba se tornando tão caro quanto o de um seminovo, modelo 2013, por exemplo. Por isso a nova norma deve baratear os preços de seguros.


VOTAÇÃO
Mesmo se for aprovada em votação ainda em junho, não há garantia de que a norma passará a valer ainda este ano, já que será preciso criar uma logística para que as peças passem por avaliação e certificação, e ainda deverá haver um prazo para que as seguradoras se organizem para cumprir as novas regras.


Com a nova norma e a possibilidade de redução de preços de apólices, a Susep pretende tornar o seguro mais acessível aos proprietários de veículos no País. Hoje, apenas 40% da frota nacional são assegurados.


Devido aos altos preços dos seguros no mercado, o casal de analistas de sistemas Allan Carlos Ramalho, 27, e Karla Machado Palhares Ramalho, 28, teve de optar por proteger apenas um dos veículos da família. Para assegurar seu Scenic 2003/04, Allan teria de desembolsar entre R$ 1,4 mil e R$ 2 mil, mas o valor o fez desistir da apólice. Decidiram assegurar apenas o Honda Fit 2005/06 de Karla, que é estacionado numa praça pública enquanto ela trabalha e, por isso, está mais propenso a riscos do que o carro de Allan, que fica em estacionamento próprio da universidade onde é empregado. "Pagamos R$ 1,9 mil no seguro do Honda Fit. Acho um roubo cobrarem tão caro."


Para Allan, que possui carro desde 2006, o risco de rodar sem proteção de seguro compensou até agora. "Meu primeiro carro foi um Kadet 1998, que comprei em 2006. Fiquei com ele até o ano passado. Se eu tivesse pagado seguro durante todo este tempo, teria gasto praticamente o valor do veículo com a corretora", compara. Para compensar a falta de seguro, o analista de sistemas toma outras precauções: instalou sistema de alarme antifurto e nunca para em locais duvidosos. Ele torce para que os valores das apólices sejam reduzidos com a nova norma da Susep. "Se cair 30%, aí, sim, eu terei coragem de contratar um seguro, destes mais simples, apenas contra furto e roubo?, garante.


DESMANCHES

Armando Vergílio ressalta que a medida, já discutida e estudada desde a época em que presidiu a Susep, não pode ser pautada apenas na tentativa de baixar preços. Para ele, é preciso uma mudança direto na fonte de distribuição de peças usadas, ou seja, nos conhecidos "desmanches". Para isso, o presidente da Fenacor, que também é deputado federal pelo PMN-GO, propôs, em 2011, o Projeto de Lei (PL) número 23, para disciplinar as empresas que fazem a desmontagem de veículos para a venda das peças.


"O reaproveitamento terá de ser dentro de critérios técnicos e de segurança, com garantia da procedência (nota fiscal) e certificação da qualidade das peças. Só isso já causará uma redução significativa no índice de violência urbana, porque vai diminuir o número de roubos e furtos que hoje são motivados em grande parte para abastecer o mercado paralelo de peças usadas", opina.

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